DEZ ANOS DO BRACELETE

Parte 7: O melhor amigo Neymar Jr.

Confira a sétima parte do especial 10 Anos do Bracelete de André Akkari


 

25/06/2021 19:21
Parte 7: O melhor amigo Neymar Jr./CardPlayer.com.br


Junho sempre foi especial para o poker. Mês da WSOP, de muitos braceletes sendo distribuídos. E apesar da pandemia ter mudado este cenário, em 2021, um brasileiro, em especial, tem o que celebrar.


No próximo dia 28, a conquista de um dos braceletes mais icônicos do Brasil faz aniversário. Há 10 anos André Akkari vencia Nachman Berlin, no heads-up do Evento #43 da World Series of Poker 2011, e embolsava US$ 675.000.


Para comemorar esta data histórica, a Card Player preparou uma série de 10 matérias sobre o principal embaixador do poker brasileiro.


Na sétima parta da nossa série, a amizade entre o maior jogador de poker da história do Brasil e o melhor jogador brasileiro de futebol da atualidade.



Ser referência em uma atividade é privilégio de poucos. No entanto, nem todos estão preparados para o fardo que esse status traz. André Akkari sempre lidou bem com as responsabilidades e expectativas criadas sobre ele. Isso fez com que sua posição perdurasse e que sua popularidade ramificasse para lugares que ele jamais sonharia. De uma dessas ramificações surgiu uma amizade icônica. Hoje, Akkari é um dos poucos que pode dizer ser amigo de um dos melhores jogadores de futebol do mundo.

“Em um determinado momento, o PokerStars decidiu contratar o Neymar Jr. E quando contratam alguém desse calibre, eles pedem ajuda a um Team Pro. Eles olham quem pode ensinar poker para o cara. Porque é legal você contratar uma celebridade e ela saber jogar poker. Não deixar a pessoa perdida junto da marca — e vale falar que Neymar hoje joga bem pra caramba. Na época, não tinha ninguém melhor do que eu para esse papel. Eu falava português e já tinha um nome e uma história dentro do poker. Recebi um e-mail pedindo para eu ir a Barcelona e dar duas horas de coaching para o Neymar. E eu fui, né?”

“Lá, aconteceu uma coisa surreal. Na coletiva, estavam na mesa principal, ele e o presidente do PokerStars, e eu estava lá atrás, bem no fundo. A coletiva foi depois de um Barcelona contra Bayern, em 2015, pela Champions, três a zero, que ele fez gol e tudo. Então, tinha imprensa do mundo todo lá, como sempre tem quando ele dá entrevista. A primeira pergunta que fizeram para ele foi sobre o jogo. A segunda foi sobre poker: ‘Você já jogou poker? Tem algum ídolo no jogo?‘ Aí ele respondeu: ‘Adoro poker. Jogo com meus amigos e companheiros de time. E eu tenho um ídolo sim. O Akkari. Cara, todo mundo começou a olhar para mim e eu só pensei assim: “P****, o cara me conhece”. Nisso, ele olha para mim e gritou: “Car****, é o Akkari”. Aí ele simplesmente levantou e veio me dar um abraço. “Pô, eu assisto todos os seus vídeos do Na Mira Pro (antigo programa em que Akkari analisava torneios de fãs)”. Depois, ele me chamou para ir à casa dele para jogarmos e aí começou uma amizade. Ele virou muito mais que um ídolo”.

E quando falamos da amizade Akkari e Neymar é no sentido literal da palavra. Akkari se tornou um dos melhores amigos do atacante da seleção brasileira. Em agosto de 2017, quando estreou pelo Paris Saint-Germain (PSG), Akkari acompanhou a partida de um camarote no estádio, juntamente com o pai do craque e outros amigos.



“Minha relação com ele é de melhores amigos. Só que toda vez que você fala isso, tem quem ache estranho. É quase como se um cara de sucesso, famoso em todo mundo não tivesse o direito de ter grandes amigos. Como ele é famoso, todo mundo seria amigo dele por interesse? Por querer tirar alguma vantagem, por querer aparecer. Mas não tem como você medir o nível de amizade de alguém. Só os envolvidos sabem sobre isso. Não é sobre um post. Não é sobre rede social. É o perrengue que você passa e ganha um conselho. É uma situação ruim que só o cara pode ir lá e te confortar. É comemorar as conquistas juntos. Infelizmente, nesse caso, e infelizmente por causa da perspectiva de o que as pessoas podem ter sobre amizade, ele é muito famoso. Mas por exemplo, ninguém vai me julgar pela minha amizade com o Rafa (GM_VALTER). Mas podem julgar o Rafa. Ah, porque o Rafa está colando no Akkari porque o Akkari é muito mais famoso. Como se o Rafa precisasse de mim para alguma coisa. Não há nada que eu possa extrair em benefício próprio dos meus grandes amigos. O grande benefício é ser amigo do cara. Ter a companhia dele. Tê-lo na minha vida”.


E se a “Era da Internet” trouxe tantas coisas boas, não dá para fechar os olhos para as ruins. A segurança de se manifestar atrás de uma tela dá a muitos a sensação de impunidade e de que a internet é “terra de ninguém”. O “haterismo”, principalmente contra famosos, atingiu níveis inaceitáveis. Como quem vive no dia a dia, os dois lados da moeda, Akkari não fugiu do assunto:


“O poder que a mídia e que as redes sociais têm é tão grande que fica muito difícil de você entender quem a pessoa de fato é. Tem tanto comentário em volta, tanta notícia, que você passa a não saber o que é fantasia, o que é achismo e o que realmente é. Você acaba perdendo a percepção da realidade. O Neymar é um cara tão do bem, tão fantástico. Ele acorda se preocupando com os outros. Ele é um cara que quer resolver o problema do outro sem essa pessoa pedir nada. Ele acorda todo dia fazendo isso e ele faz mais isso do que qualquer outra coisa na vida. Ele é um cara que usou a força dele para construir um instituto que ajuda 4.500 crianças todos os dias. Aí você fala: ‘Putz, que legal’. Não, não é legal. É muito mais que isso. Enfileira aí 4.500 crianças. Coloca uma atrás da outra. Você tem noção o que é isso? Elas comem lá todos os dias, estudam, cortam cabelo. Se você olhar isso e não conseguir enxergar um pouco do que ele realmente é, o tosco é você. É você que olha a vida superficialmente. ‘Ah, ele ajuda, mas ele fica com muita mulher’. ‘Ah, ele ajuda, mas ele cai demais em campo’. Ok, então. Se você não percebe o quão ridículo isso é, você está totalmente desbalanceado do que realmente importa na vida”.

“Ele me liga às vezes e fala: ‘Akkari, vamos ajudar aquele cara lá. Ele está precisando de uma geladeira’. ‘Akkari, vou gravar um vídeo para fulano. Será que ele vai ficar feliz?’ Ele é um cara que faz isso todo dia. Não é fácil você achar alguém que promova sempre esse tipo de coisa. Claro, ele pode fazer. Ele construiu algo que lhe permite fazer isso. Mas poder fazer não significa que as pessoas fazem. Se você acha que um cara desses não é do bem, eu não tenho mais nada o que dizer”.



Com 152 milhões de seguidores, glamour, fama e muito dinheiro, é difícil para as pessoas pensarem em Neymar como um ser humano. Uma pessoa que acerta, erra, sorri, chora. Alguém que tem momentos simples como qualquer outro indivíduo. Alguém de carne e osso.

“Vou contar uma história que parece boba, mas acho que retrata a alma dele. Há uns anos teve um jogo Brasil contra Argentina, na Neo Química Arena  (estádio do Corinthians). Faltando umas duas horas para o jogo, eu estava em casa comendo pizza, pronto para assistir ao jogo. Eu não pude ir porque tinha acabado de chegar de viagem. De repente, toca o telefone. Facetime. Neymar Jr. Na hora eu pensei, ‘putz, o cara não vai para o jogo. Aconteceu alguma coisa’. Aí abri, ele estava lá, sorrindo de orelha a orelha:


— E aí, Akkarizera?
— Que que acontece, mano? — perguntei.
— Não aconteceu nada, pô. Está tudo ótimo por aqui — ele retrucou rindo.
— Está pronto para o jogo? — já emendei.
— Prontaço (sic). Liguei só para ver se você está bem.
— Claro que estou bem. Vai para o jogo, pô. — respondi já quase mandando ele embora para o campo — Vamos ganhar isso aí.
— Pode deixar. É que eu gosto de ligar para as pessoas que gosto. Pegar um pouco da energia positiva.

Aí ele desligou. Você vê a simplicidade nisso? A pureza? Eu olho para o Neymar hoje e não vejo mais o ídolo de milhões de pessoas. Não vejo o jogador Neymar. Por exemplo, você que vive o mundo do poker há tanto tempo. Você não me vê da mesma maneira que o cara que está começando a jogar e está acompanhando minha carreira. Você vê o Akkari que resenha, que zoa o Palmeiras, que você tem que lembrar de montar o Cartola”, uma leve pausa para a gargalhada. “Não é a parada do ídolo mais. É da pessoa. E não é arrogância do tipo: ‘ah, você se acha o amigão do cara’. Não é isso. É que eu só quero vê-lo bem. Sem problemas. Fazer gols todo jogo não é prioridade. Mas claro que quero que ele faça, porque vai deixá-lo feliz. E ele comigo é a mesma coisa. Eu estou voltando a jogar poker agora, e ele vem me zoar: ‘você está tiozão, hein? Mas você vai amassar os caras”. É assim também com os meus amigos de Tatuapé. É zoeira, risada. Mas quando acende a luz vermelha. Acabou. A gente vai para qualquer lugar, em qualquer hora. É isso que amigos fazem”.

Já são quase seis anos desde aquela coletiva de imprensa que mudou a vida dos dois. Um ainda é ídolo do outro. O outro ainda é fã do um. Mas não por causa do poker.

“Quando eu conheci o Neymar de verdade foi um grande alívio. Você ver de perto que um cara que tem tanto poder e tanta influência é um cara do bem... Não tem palavras para descrever o sentimento”.


Leia também as outras partes:
Parte 1 - A volta do Poker ao vivo
Parte 2 - O Primeiro Milionário do Poker Online Brasileiro
Parte 3 - Mudando para os Estados Unidos
Parte 4 - 
Da sociedade com Ronaldo à "filha" Fúria
Parte 5 - 
O primeiro jogador de Poker a ser patrocinado por uma marca esportiva
Parte 6 - O maior embaixador do Poker(Stars)

Parte 8 - Para Sempre na Memória
Parte 9 - Revezamento da tocha olímpica e conversa com Bial
Parte 10 - A Grande Conquista



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