Junho sempre foi especial para o poker. Mês da WSOP, de muitos braceletes sendo distribuídos. E apesar da pandemia ter mudado este cenário, em 2021, um brasileiro, em especial, tem o que celebrar.
No próximo dia 28, a conquista de um dos braceletes mais icônicos do Brasil faz aniversário. Há 10 anos André Akkari vencia Nachman Berlin, no heads-up do Evento #43 da World Series of Poker 2011, e embolsava US$ 675.000.
Para comemorar esta data histórica, a Card Player preparou uma série de 10 matérias sobre o principal embaixador do poker brasileiro.
Veja a terceira parte:
Mudando para os Estados Unidos
Quem acompanha a carreira de André Akkari sabe que poucas pessoas são tão apaixonadas pelo Brasil como ele. A tatuagem da bandeira em seu ombro direito é apenas uma pequena maneira de externar esse amor. Falando em bandeira, o acessório é item obrigatório em suas viagens pelo mundo. Nas redes sociais, são inúmeras as postagens comemorando as conquistas tupiniquins ou, principalmente nesses tempos obscuros que vivemos, lamentando as mazelas pelas quais os brasileiros vêm passando. Ver alguém como ele deixar o Brasil é sempre, de certa forma, impactante, inclusive para ele:
“Em 2017 para 2018, depois de um primeiro investimento na FURIA (organização de esportes eletrônicos em que é sócio), a organização chegou no ápice do que poderia alcançar no Brasil muito rápido. Ainda não era um negócio com um retorno financeiro muito grande, mas era algo que poderia se tornar gigante, caso a gente tivesse o peito para tomar certas decisões — e a principal delas era pegar um time de Counter-Strike e levá-los para os Estados Unidos. Só que eu teria que tomar conta de uma empresa nos EUA. Não adiantaria pegar os seis meninos e soltá-los aqui sozinhos. A gente tinha que administrar isso. Mudar de país é um passo enorme. Existiam várias coisas a serem colocadas na balança. Uma delas é minha idolatria com o Brasil. Sou apaixonado pelo País. Sair do Brasil me doeu muito. Fora isso, minha mãe está no Brasil e doente, com Alzheimer bem avançado. Meu irmão também está no Brasil. É o meu maior amigo”.
“Por outro lado, a minha saúde financeira protege todos que amo, minha própria mãe inclusive, que tem uma despesa bem alta por causa da doença. Paralelo a isso, eu tenho 14 anos como jogador do PokerStars. Esse contrato foi assinado em um momento que eu não sabia falar nada em inglês. Eu ficava muito envergonhado de não saber conversar na língua dos caras. Eu não queria que as minhas filhas, a Giovanna e a Duda, passassem pelo o que eu passei: ter que negociar um contrato e não entender uma linha. Ter que fazer uma reunião e não conseguir desenvolver a conversa. Fora que o círculo de oportunidades diminui consideravelmente. O que talvez tenha me salvado com o PokerStars é que eu sempre fiz um bom trabalho como embaixador do poker no Brasil”.
No fim, foram três os fatores que penderam para o lado “EUA” na balança: as filhas falarem inglês, o lado empreendedor/financeiro e, por fim, um problema que assola e preocupa todos os brasileiros, independente de classe, cor ou credo: a segurança.
“Eu cheguei a passar alguns perrengues por causa da segurança no Brasil. Depois que fiquei em evidência, ocorreram algumas coisas por eu ser o André Akkari. Em uma das vezes que me abordaram, me chamaram pelo nome. “Akkari, perdeu! Perdeu!” Surreal, né? Indo para os Estados Unidos, eu poderia me afastar desse tipo de risco e, principalmente, minha família. Quando a gente passa por esse tipo de coisa, é difícil, mas damos um jeito, certo? Mas, cara, minhas filhas? É algo que não dá para pensar”.
No entanto, quem sente falta do Akkari por aqui, pode ficar tranquilo. O Brasil ainda é o seu lar. A mudança é temporária. Voltar é uma questão de “quando” e não de “se”:
“Eu não vim para cá pensando em ficar para sempre. Eu vim para aproveitar uma oportunidade. Quando eu voltar para o Brasil, já volto com todas as coisas boas: as meninas falando inglês, a Paula (esposa) e eu também falando muito melhor; e meu lado empreendedor consolidado. Aí só ficaria a questão da segurança, que acho difícil de resolver por enquanto. Mas eu nasci e cresci na Zona Leste de São Paulo. Não é isso que vai me afastar do Brasil”.
E com pouco mais de três anos em Boca Raton, cidade da Flórida, não há arrependimentos. Jogar para frente foi o que ele sempre fez no poker. Foi como o seu time de Counter-Strike, a FURIA, encantou o mundo. Não seria diferente em sua vida. A decisão se mostrou acertada:
“Cara, em pouco tempo, a FURIA explodiu. Chegou em um tamanho que nem a gente esperava que fosse chegar tão rápido. As meninas estão voando no inglês. Eu abro a boca para falar e elas já me corrigem. E a segurança aqui é perfeita. Mas, como falei, é um momento a ser aproveitado. Daqui a pouco estou aí de novo. O Brasil é o lugar que eu amo”.
Leia também as outras partes:
Parte 1 - A volta do Poker ao vivo
Parte 2 - O Primeiro Milionário do Poker Online Brasileiro
Parte 4 - Da sociedade com Ronaldo à "filha" Fúria
Parte 5 - O primeiro jogador de Poker a ser patrocinado por uma marca esportiva
Parte 6 - O maior embaixador do Poker(Stars)
Parte 7 - O melhor amigo Neymar Jr.
Parte 8 - Para Sempre na Memória
Parte 9 - Revezamento da tocha olímpica e conversa com Bial
Parte 10 - A Grande Conquista
