DEZ ANOS DO BRACELETE

Parte 4: Da sociedade com Ronaldo à "filha" Fúria

Confira a quarta parte do especial 10 Anos do Bracelete de André Akkari


 

22/06/2021 17:50
Parte 4: Da sociedade com Ronaldo à


Junho sempre foi especial para o poker. Mês da WSOP, de muitos braceletes sendo distribuídos. E apesar da pandemia ter mudado este cenário, em 2021, um brasileiro, em especial, tem o que celebrar.

No próximo dia 28, a conquista de um dos braceletes mais icônicos do Brasil faz aniversário. Há 10 anos André Akkari vencia Nachman Berlin, no heads-up do Evento #43 da World Series of Poker 2011, e embolsava US$ 675.000.

Para comemorar esta data histórica, a Card Player preparou uma série de 10 matérias sobre o principal embaixador do poker brasileiro.

Com vocês, a quarta parte:

“A vida imita o poker”, essa frase não é de André Akkari, mas não é raro vermos ele usar esse tipo de referência. Se fôssemos, como no poker, representar a vida do Akkari em um gráfico, provavelmente, as curvas a partir de 2011 chamariam a atenção — principalmente na parte off poker.

O bracelete em 2011 abriu muitas portas para Akkari. Como referência máxima do poker brasileiro, ele se conectou com diferentes pessoas de diferentes meios. Seu sucesso nos feltros, aliado à sua atuação fora deles, lhe conferiram esse direito.

Hoje, muito mais que um representante do poker, Akkari é dos rostos da FURIA, maior organização de esportes eletrônicos (esports) da América Latina. E quem olha para ele hoje, torcendo para os meninos e meninas do Counter-Strike e do Valorant como se estivesse assistindo a um jogo do Corinthians, não imagina que seu primeiro contato com os esports foi há menos de cinco anos.

“Em 2017, os fundadores da CNB Esports, o Cléber (Fonseca) e o (Carlos) Júnior, pagaram para fazer um dos cursos de poker que eu ministrava. Lá a gente se conheceu melhor e eles contaram que trabalhavam em uma empresa de League of Legends (LOL). Eu não tinha ideia do que era aquilo. Eles me mostraram o negócio e fizeram um convite para ser investidor na CNB”.

Aquele era um mundo totalmente novo e desconhecido para Akkari, assim como outrora o poker havia sido. O projeto chamou bastante sua atenção, mas ele queria um parceiro para embarcar na ideia — e a escolha foi fenomenal.



“Na época, Ronaldo já era patrocinado pelo PokerStars. Nós nos aproximamos bastante. Naquela de dar dicas para ele jogar melhor, nasceu uma grande amizade. Mostramos a ideia e ele abraçou. O Cléber e o Júnior são caras fantásticos, com uma visão empreendedora sensacional. Do Ronaldo não preciso falar, né? Era uma relação com um ídolo. Sou corintiano fanático, apaixonado por futebol. Ter ele como parceiro, era um sonho. Mas em um determinado momento, a CNB acabou saindo da linha competitiva. Eles foram para uma linha mais de performance, de formação de ciberatletas. Naturalmente, pelas nossas histórias de vida, nossas carreiras, nós queríamos competição”.

A parceria profissional com um dos maiores jogadores da história do futebol terminou, mas a amizade e admiração só cresceram:

“Depois disso, o Ronaldo não se 'plugou' mais com esports, mas ele continua muito meu amigo. Temos um grupo aqui que brincamos o dia inteiro, falamos um monte de bobagem, mas já não temos mais nenhum negócio juntos. Ele se tornou um grande amigo. E veja bem, é sempre difícil você conhecer uma pessoa de quem você é muito fã, porque às vezes o cara é um babaca. É uma decepção total. Com o Ronaldo foi totalmente ao contrário. Eu conheci um cara que é muito mais legal do que eu achava ele era”.

Mas e a FURIA? Onde entra nessa história?

“No final dessa relação com a CNB, surgiu a oportunidade de ter um time de Counter-Strike Global Offensive (CS:GO). O “guerri”, que hoje é o técnico do nosso time de CS:GO, me procurou com um projeto e eu levei isso para Júnior e para o Cléber. Eu nem sabia que a CNB já havia tido um time de CS:GO e que experiência não havia sido legal. Eu gostei demais da pegada do “guerri”. Foi uma relação que deu liga na hora. Aí já falei com o Jaime (Pádua), que era meu amigo e que queria montar uma organização de esports. Resolvemos investir em uma parada que eu não tinha ideia onde iria dar. Eu realmente não esperava que viraria o que é hoje”.

E de 2017 até hoje, a FURIA cresceu de maneira exponencial. De seis funcionários para 158. De uma divisão de CS:GO, com cinco jogadores e um técnico, para uma organização com 11 times de competição, que incluem divisões de CS:GO masculino e feminino, Valorant, League of Legends e Rainbow Six; além de nomes como o jogador de xadrez Krikor Mekhitarian (GM), do músico “Duzão” (Menos é Mais) e outros mais de 70 streamers produzindo conteúdo em plataformas como Twitch, YouTube e redes sociais.

“A FURIA retrata a minha vida, assim como o poker. Eu sempre fui um cara que jogou e joga para frente. A FURIA poderia dar muito errado, como outras coisas que fiz. Eu montei um restaurante japonês e tive que fechar. Montei um negócio de sorvetes e tive que fechar. Eu jogo sempre para frente, para frente, para frente. Uma hora você tromba com um caminhão e dá ruim. Mas a FURIA deu muito certo. Ela surgiu de uma faísca, que virou fogo e explodiu! Hoje, somos a maior organização da América Latina. Claro que ainda temos áreas a melhorar. Mas o que nós fazemos bem, nós fazemos muito melhor do que a maioria. Só que no mundo tem gente pra caramba fazendo muito bem também. Liquid, Cloud 9, Faze, TSM e G2, por exemplo, são organizações gigantes, mais impactantes, que empregam mais gente e faturam mais. Mas nós estamos a passos largos para alcançá-las”.



Em suas redes sociais, quando Akkari fala da FURIA, a repercussão é imediata. Maior até do que quando o assunto é poker. Mas quando falamos que a FURIA virou sinônimo de Akkari, o rótulo é imediatamente rejeitado para enaltecer seus sócios.

“Isso não é um exercício de humildade, é simplesmente a verdade. No dia a dia, o maior impacto na organização FURIA não é do Akkari. É do Jaime, do Edu (Lacortt), do Cássio (Killes) e do Cris (Guedes). Eu não sou o cara que toma as grandes decisões. Eu não sou o cara que pode debater CS com alguém, aliás, eu deveria ser proibido de debater CS”, pausa para risadas. “Eu jogo todo dia e parece que cada dia fico pior”, nova pausa. “Então, eu realmente não sou a cara da FURIA. Sou um dos fundadores. O cara que ajudou a ideia a nascer. Claro que a sensação da mídia social pode ser diferente, mas a galera que fica o dia inteiro trabalhando para fazer dela o que é hoje são esses caras que falei aí. Eu faço o papel de co-CEO da fúria muito mais pelo lado de marketing e pelo lado estratégico. Eu sempre participo tentando mostrar que um caminho pode ser mais tortuoso, que uma outra abordagem pode ser melhor, mas quem trilha o caminho mesmo são aqueles caras ali. Daqui a pouco, eu nem vou merecer o título de co-CEO”, finaliza dando risadas.

Desde Paulo Veloso, fundador da lendária MIBR (Made in Brazil) no início dos anos 2000, nenhum dono de organização esteve tão em evidência no Brasil. Mas a comparação entre os dois também é rechaçada.

“Cara, você fala comigo: 'Paulo Veloso, do MIBR', eu nem sei quem é. Na verdade, eu sei, é o fundador... Mas eu não vivi isso como você viveu naquela época. Então, novamente, trazer a FURIA nos meus ombros é uma grande injustiça. E para falar a verdade, quando o time de CS ou de Valorant perde, quem a torcida vai cobrar lá no Twitter é o Jaime. Eles vão lá apertar e eu aperto junto: ‘e aí, meu irmão, vai fazer o quê?”, nova pausa para gargalhadas. “A FURIA saiu 100% do meu controle. O Jaime é muito bom no que ele faz e a galera que está junto com ele também. São pessoas fora da curva”.



A evolução pessoal do Akkari de 2011 até hoje fica evidente à medida que seguimos conversando. As conquistas pessoais ainda estão no horizonte, mas em segundo plano.

“A FURIA tomou uma proporção tão grande na minha vida e eu mudei tanto de 2011 para cá (acredito que para melhor), que se você me perguntar hoje: ‘você prefere ganhar 03 braceletes da WSOP ou ver os meninos do CS:GO ganharem um Major (equivalente a um mundial) de CS:GO?’ Cara, eu nem penso. É o Major. E não é porque estou diminuindo o bracelete. É porque os meninos saíram de um buraco na Zona Leste de São Paulo para chegar até aqui. Eu vi o que eles ralaram. Treinam de oito a dez horas todos os dias, se comprometem, não são tóxicos e não falam m**** na internet. Quando eu vejo o esforço dos caras, velho, me pergunta se eu troco meu dedo mindinho para dar um Major a eles! Pode cortar. Não uso ele para nada mesmo (risos). Mas isso não significa que no dia 27 de setembro eu não esteja embarcando para Vegas e tentando ganhar outros braceletes para o Brasil”.

Nota-se que hoje é difícil falar de Akkari sem falar de FURIA. Não cabe a pergunta se a FURIA ultrapassou o poker na sua vida. Seria como querer saber qual filha ele gosta mais. Não medimos amor. Apenas sentimos.

“Eu sou muito apaixonado pela marca FURIA. Apaixonado pelo que ela simboliza, não só como organização de esports, mas pelo que representa como movimento sociocultural. A FURIA significa família”.


Leia também as outras partes:
Parte 1 - A volta do Poker ao vivo
Parte 2 - O Primeiro Milionário do Poker Online Brasileiro
Parte 3 - Mudando para os Estados Unidos

Parte 5 - 
O primeiro jogador de Poker a ser patrocinado por uma marca esportiva
Parte 6 - O maior embaixador do Poker(Stars)
Parte 7 - O melhor amigo Neymar Jr.
Parte 8 - Para Sempre na Memória
Parte 9 - Revezamento da tocha olímpica e conversa com Bial
Parte 10 - A Grande Conquista



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