EDIÇÃO 94 » COLUNA NACIONAL

Sit and Go - dos primórdios ao auge


Fabiano "Kovalski1"
Entre meados de 2004 e início de 2005, apenas alguns anos depois de ser introduzido no mercado americano, o poker online entrava no mercado brasileiro. Naquela época, brasileiros como Christian Kruel e Raul Oliveira faziam estragos nas mesas mais caras do Party Poker, em torneios de mesa única (9 e 10 jogadores) que as entradas chegavam até US$ 2.000. Era um dos formatos preferidos dos jogadores amadores, o que tornou a modalidade muito popular também entre os profissionais. 
 
Por uma sequência de fatores, que vão desde a popularização dos grandes torneios até a grande melhora técnica dos profissionais, esses jogos se tornaram menos atrativos para os jogadores recreativos, fazendo com que eles deixassem de acontecer. Algum tempo depois foi a vez do Full Tilt Poker e seus divertidíssimos sit and go (SNG) de 90 jogadores Turbo-Knockout. Eu mesmo joguei eles por mais de um ano — e foram essenciais para eu entender a dinâmica de torneios e exercitar o jogo short-stack.
 
Ao mesmo tempo, o PokerStars focava nos SNGs de 180 jogadores, em que o primeiro lugar ganhava mais de 50 vezes o valor de entrada. Isso e a velocidade rápida comparada aos torneios (cerca de duas horas de duração) atraía, e ainda atrai, muitos jogadores recreativos e profissionais. Esse formato ficou ainda mais popular quando, em abril de 2011, estourou a Black Friday e o Full Tilt encerrou as suas atividades.
 
Em 2007, um ano depois de o PokerStars lançar o seu VIP Club, o status de Supernova Elite foi adicionado, em que o jogador deve alcançar a marca de um milhão de VPPs, contando do dia 1º de janeiro até 31 de dezembro. Entre os principais benefícios desse status estava o multiplicador de FPPs — para o Supernova Elite cada VPP adquirido equivale em 5 FPPs para gastar na loja. Soma-se o bônus de 100.000 pontos, que vale US$ 1.600, e as clássicas “milestones”, premiações entre 2.600 e 20.000 dólares que são liberadas a cada 100 ou 200 mil VPPs. Resumindo, para alcançar o status de Supernova Elite, o jogador deve pagar US$ 182.000 de rake, mas receberá de volta US$ 123.000 em bônus, ou seja, 68% de rakeback —um valor muito alto, se compararmos aos status anteriores, como por exemplo o Supernova (30%) e o Platinum (20%).
 
Isso novamente tornou atrativo os SNGs de mesa única, já que em um torneio de $100, em que pagamos $5 de rake, receberíamos $3,40 de volta. Ou seja, jogar 100 desses SNGs equivale a $340 só de bônus.
 
Mas o que era muito atrativo para os profissionais não era tanto para o jogador recreativo, que não iria jogar dezenas de milhares de torneios dentro de um ano para virar Supernova Elite (SNE). Foi aí que apareceram os hyper-turbos, torneios de seis pessoas em que os blinds sobem a cada dois minutos e que não duram mais do que 15 minutos. São jogos extremamente dinâmicos, com a adrenalina de vários all-ins por minuto e com o apelo dos VPPs pra quem se interessar a chegar ao status de SNE. 
 
 
Com o passar dos anos, foram adicionando novos buy-ins. Ainda me lembro do choque quando lançaram hyper-turbos de 200 dólares. Aquilo era sensacional. Aos poucos, esses jogos foram reacendendo os seu irmãos mais velhos, os tradicionais turbos, que demoram entre 25 e 40 minutos e têm uma estrutura de premiação parecida, algo como 65% para o primeiro e 35% para o segundo. Assim a dinâmica do jogo 3-handed (bolha) se torna muito complexa e divertida, tendo algumas raras situações em que você deve largar mãos como Q-Q ou A-K.
 
O segundo “boom” em relação aos buy-ins veio em 2013, com os hyper-turbos de $300 e $500. Novamente foi uma surpresa ver mais de 10 desses torneios acontecendo ao mesmo tempo. Hoje, já temos hyper-turbos 6-max de até $1.000, e turbos de até $5.000.
 
Posso afirmar, com toda a certeza, que o bom e velho SNG single-table, que há pouco tempo esteve ameaçado de extinção, se encontra agora mais forte do que nunca, com uma imensa comunidade de jogadores que apreciam esses 15 minutos. Seja pela emoção de cada all-in ou pela complexidade de cada estratégia. O SNG está aí para ficar.
 



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