EDIÇÃO 94 » COLUNA NACIONAL

Evolução Dos Padrões Técnicos No Poker – Parte I


Ramon Sfalsin
A definição histórica da origem do poker é difícil de ser precisada. Uma teoria citada por historiadores do jogo relata um texto, datado de 1934, de autoria de Jonathan Green, como uma das mais antigas referências escritas sobre o poker já noticiada. 
 
Até a década de 70, não existia interesse por parte das pessoas em estudar estratégias e técnicas de um jogo. Poker era apenas mais um jogo de baralho, e as pessoas jogavam apenas pela diversão de combinar as cartas da mão com as cartas que seriam abertas na mesa.
 
Em 1978, Doyle Brunson se tornou o patriarca do poker moderno e precursor do poker profissional ao lançar a primeira obra literária sobre conceitos técnicos de poker, o Super System. Na época, Doyle sofreu uma grande pressão por parte de outros profissionais, pois havia exposto muitos segredos técnicos do jogo, sendo o divisor de águas da era profissional do poker mundial.
 
A trilogia do Dan Harrington, escrita por volta do ano 2000, expôs um atualizado conceito técnico e estratégico, focado na seleção das melhores mãos iniciais de acordo com a posição na mesa. Levando em consideração que os jogadores ainda gostavam de ficar pagando apostas, Dan começou a jogar somente com as mãos mais fortes, um estilo de jogo chamado “tight”, em ele estaria sempre com uma mão mais forte do que a maioria das mãos dos oponentes, tendo sempre uma probabilidade maior de ganhar o pote.
 
Depois que o estilo conservador fez Dan e milhares de outros jogadores ganharem muito dinheiro, diversas outras obras literárias surgiram com a mesma abordagem, até que a era da informação também chegou no poker. Com a tecnologia a todo vapor, essa abordagem vencedora foi dissipada rapidamente por todo mundo e novas estratégias foram estudadas por outros milhares de praticantes. Junto com o título histórico de Chris Moneymaker, em 2003, na WSOP, surgiram outras dezenas de sites para se jogar poker e, consequentemente, surgiram portais de notícias especializados, escolas, professores online, palestras online etc.
 
Quando todos os jogadores começaram a adotar o padrão mais tight, jogando somente as melhores mãos, Gavin Smith descreveu, em um dos seus livros, estratégias muito agressivas para acumular fichas. Já que os jogadores estavam jogando muito tight e os aumentos geralmente representavam uma mão forte, sua abordagem foi focada em dar raises e reraises constantes para roubar os blinds e acumular fichas. No poker, o jogador que entra em muitas mãos é denominado “loose”.
 
Depois que foram inseridos os dois estilos de jogos mais comuns, “tight” e “loose”, as novas estratégias foram focadas na adaptação técnica de acordo com o estilo da maioria dos oponentes da mesa. Se uma mesa tivesse com muitos jogadores “loose”, a estratégia seria jogar um pouco mais seguro (“tight”) e vice-versa. Esse conceito foi abordado de forma mais consistente nas obras após a trilogia do Dan Harrington.
 
Hoje, cada profissional aborda variáveis estratégicas diferentes nas escolas, coaching, livros e vídeo-aulas. Há muitos estilos, motivos e pensamentos diferentes em cada situação, e até quem joga por hobby tem seu próprio estilo de jogo. Não ter preconceito para fazer algum determinado movimento, “saindo fora da caixa”, pode ser muito válido na hora de testar diversas jogadas — e nosso objetivo é sempre se ajustar e explorar as falhas técnica de cada um dos nossos oponentes.
 
No próximo artigo, falaremos dos padrões técnicos e estratégicos pré-flop que foram dissipados para os jogadores ao longo dos últimos 10 anos. Hoje, diversos desses padrões estão desatualizados, mas é de suma importância conhecê-los, pois há jogadores que ainda os aplicam.



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