EDIÇÃO 102 » COLUNA NACIONAL

O Super-Herói Aprendiz

O impacto do fator ego na evolução de um jogador


Fábio “F1oba” Maritan
Vencer um torneio de poker é fantástico. Que sensação! O crescimento recente do número de praticantes evidencia quantos desejam celebrar tal momento. Pois bem, sentimento ótimo, porém capaz de gerar diferentes reflexos no eu de cada um. Ego, euforia, confiança e humildade. A experiência no poker gera gratidão em poder dosar estas palavras.

Antes de tudo, jogar poker profissionalmente ensina muito sobre como não é possível vencer sempre. Um baita aprendizado que diariamente lhe estapeia com incontroláveis coolers e bad beats. Em uma noite, o pior vence o melhor jogador do mundo. O pior dorme eufórico. O melhor apenas dorme, afinal amanhã é um novo dia. O eufórico, despreparado, pega a dose de euforia e carrega seu ego. Agora, ele é um super-herói. Suficiente. Não precisa aprender mais nada e quer abandonar seu emprego. Basta repetir o que considera saber e menosprezar os demais. O tempo passa. Sem aprender nada, a sensação de vitória não se repete com frequência suficiente, mas o velho ego continua inflado. E agora? Que boicote. Quão custoso para evolução de um jogador pode ser o hiato entre um super-herói arrogante e um mero aprendiz? Principalmente em atividades que envolvam dinheiro, a humildade, a consciência das próprias limitações, nem sempre está presente.



O lado bom de um ego inflado é a maior dose de confiança atrelada. No poker, estar convicto de suas capacidades será sempre vantajoso. Basicamente, confiança mais arrogância é sinônimo de boicote. Já confiança mais humildade resulta em evolução. Evidente que há jogadores mais bem preparados que outros, porém, excetuando o prisma do fator confiança, não há sentido o mais preparado usar da sua vantagem técnica para diminuir os demais. Não se trata de rotular piores e apenas se gabar por isso. Não se trata de ficar infinitamente reclamando que determinada jogada de um adversário é ruim e custou muitas fichas. Muito pequeno. Trata-se de fazer sua parte, adaptar-se e aprender sempre. Considerar-se suficiente, jamais.

Bons jogadores não têm vergonha de errar e perguntar. Simplesmente querem o melhor, dia após dia, e entendem o quanto essa postura os coloca em real vantagem competitiva. Com muita confiança e humildade para aprender, cuide do seu ego.

No vemos nas mesas.


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