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Benditas Férias!

Bateu um ventinho…


Vovo Leo

O assunto desta minha coluna não poderia ser outro: o Torneio da Confederação Brasileira de Poker. A competição aconteceu no Othon Palace, em Copacabana, Rio de Janeiro – e bateu aquele ventinho, né? Consegui faturar o troféu...

Para mim, o mês de janeiro começou como um dos piores. Então, pela primeira vez em três anos de poker, resolvi tirar férias de vinte dias. Fui ao Rio com minha namorada, Bárbara, e depois ao carnaval de Salvador. Estava convicto de que não jogaria nesse período, mas, por coincidência, recebi um email divulgando o “150k Garantidos” da Confederação… Não resisti! Dois dias de torneio… Vai que bate!

A disputa começou no sábado, com 187 jogadores e um turista (eu), e foi um evento muito bem organizado, com boa estrutura. Começamos com 10k em fichas e blinds suaves, que aumentavam a cada 45 minutos.

Primeiro dia
Comecei bem o torneio. Subi para 14k sem pegar muitas mãos – mas eu estava numa mesa altamente loose-passive, onde conseguia roubar vários potes, até que “me mudaram” de mesa… Nessa outra, me deparei com jogadores bastante agressivos e acabei tomando muitas pancadas, chegando a ficar com 4k quando os blinds estavam em 200-400. Consegui crescer, peguei o ritmo da mesa e finalizei o dia com 74900 fichas: o 7º colocado dentre 41 sobreviventes. Saí do hotel e fiquei literalmente perdido antes de chegar à casa de meu pai, no Recreio (que viagem!). Mas, uma hora e meia depois, eu estava em casa, feliz e satisfeito, e altamente confiante! Na casa dele, sua esposa, meu irmão, eu e minha namorada, falávamos o tempo todo sobre a fé e o otimismo que tínhamos de que eu seria campeão. Dormi bem, acordei extremamente concentrado e fui para o dia decisivo.

Segundo dia
Mudei de mesa e comecei bem, chegando a 90k enquanto o average era 48k. Durante meus contínuos roubos de pote caí para 55k, momento em que precisei travar o jogo e recomeçar. Dali em diante, só subida! Não paravam de crescer minhas fichas, naquela famosa “vida bandida”, roubando um pote atrás do outro. A mesa favorecia muito, pois os blinds e antes afetavam os adversários, mas eu estava confortável, e a cada três ou quatro roubadas eu conseguia uma quantidade de fichas que alguns jogadores não possuíam no stack inteiro. Então, amigo, era roubo atrás de roubo, até chegarmos entre os 12, boca da mesa final.

Briga de Cachorro Grande
Eis que acontece então o momento crucial do meu torneio. Naquele instante eu era o segundo em fichas, com cerca de 290k, e o Sequela era chip leader com mais ou menos 500k. Os blinds estavam em 5000-10000, com ante de 50. Sequela no SB e eu no BB, a mesa roda em fold e ele abre mini-raise para cima de mim, 23.000 em fichas. Olho minhas cartas e me deparo com um maravilhoso 5-4 de paus: insta-call!
O flop veio 25©Q. Sequela aposta 50.000, eu dou raise para 110.000 e ele nem perde tempo: “All-in!” E agora? Na boca da mesa final, average em 145k... Se eu der fold fico na média, mas o deixo gigante… Se pagar, eu fico gigante… E aí? Pensei muito, e na minha cabeça só passava uma coisa, “Tamo quase na mesa final... Acho que ele tem AA ou KK, talvez AQ...” Contra essas mãos eu teria cerca de 50% de chance, e é ruim ter que arriscar um torneio, na reta final, num coin flip, não acha? Eu também acho, mas não nesse caso!

Era uma briga entre o chip leader e o segundo colocado, e eu tinha certeza – e fé – de que, se ganhasse aquela mão, levaria o torneio! Paguei, e fomos para um 54s x AA (que equivalia, naquela situação, a 50,1% vs. 49.9%), e eu era o favorito! (lol) No turn bateu o K©, e no river... buuumm... 3! Foi com essa mão que eu estourei de emoção. Realmente a adrenalina subiu de uma forma que há tempos eu não sentia. Para mim, essa jogada foi de muita raça e fé em Deus (que eu tenho bastante!). Sou o tipo de jogador que analisa a situação como um todo, tanto técnica como de energia, e pensei em quantos amigos, familiares, pai, mãe, irmão, namorada, estavam torcendo por mim – e deu certo!

Entrando na mesa final, coloquei na cabeça que iria esperar a poeira baixar no início, deixando os adversários se matarem um pouco até sobrar sete, para então começar a soltar o braço. Enquanto isso eu ia administrando: roubava um pote aqui, outro ali… E foi o que aconteceu, consegui desenvolver um jogo imponente e levar o torneio.
 
Sinceros Agradecimentos
Gostaria de agradecer aos amigos que fiz no evento, e dizer que foi realmente um prazer jogar com todos vocês. Aos amigos que fiz também fora do torneio, que estavam na torcida. E à minha família, amigos e namorada, que torceram com força! É isso que importa de verdade! Ao pessoal da Card Player, muito obrigado, e continuem fazendo esse trabalho bem feito, com essa equipe gente boa que vocês têm!

Obrigado a todos,
Vovo_Leo.




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