EDIÇÃO 46 » ESPECIAIS

Os filmes que todo jogador deveria assistir

Cinco longas imperdíveis que têm o poker como tema


Pedro Nogueira

Um cowboy malandro. Um gênio degenerado. Uma mãe de família. O garoto de Cincinnati. Um estudante de direito.

Que mistura estranha, não?

Mas acredite, leitor: os cinco personagens acima, tão distintos entre si, têm um detalhe em comum. (Eu disse “um” e já corrijo. Na verdade, as semelhanças são duas.) Primeiro, todos possuem uma habilidade ímpar para jogar cartas. Dominam a mesa como um tenista espanhol domina o saibro. Segundo, são protagonistas dos maiores filmes de poker que o cinema já produziu.

Comecemos pelo cowboy malandro. Ou Bret Maverick (Mel Gibson), herói do longa que leva o seu nome, Maverick (EUA, 1994). Bret é um jogador que tem US$ 22 mil no bolso, uma verdadeira fortuna  para a época. Mesmo assim, é um cacife insuficiente para entrar num torneio do Velho Oeste, de 5 Card Draw (o nosso “Poker Fechado”), cuja inscrição custa US$ 25 mil. Em sua busca pelos US$ 3 mil que faltam, Bret se depara com pistoleiros valentões, índios mercenários e uma mulher trapaceira. Dos cinco filmes desta lista, é a única comédia.

O gênio degenerado, por sua vez, é inspirado num homem real, considerado por muitos o melhor jogador de poker da história, Stu Ungar. A produção de High Roller – The Stu Ungar Story (EUA, 2003) é, na verdade, fraca. Sem roteiro, direção ou atuações brilhantes. Ainda assim, é um filme imperdível para quem gosta de poker. Afinal, conta a vida do talentosíssimo Stu Ungar (1953-98), tricampeão mundial da WSOP, que morreu jovem e falido, por problemas com drogas e o vício de apostar em cavalos.

Seguindo em frente, temos a mãe de família, Mary. Ela é a heroína de Jogada Decisiva (EUA, 1966), ou “A Big Hand for the Little Lady”, no título original. Em uma viagem, o seu marido Meredith junta todas as economias da família e se envolve num high-stakes com os homens mais ricos da região. Acontece que, durante o maior pote da noite, ele passa mal. Acudido por Mary, ele diz ter uma “mão imbatível” e pede para a esposa terminar a jogada. Mesmo sem saber jogar poker, ela aceita a tarefa. Há, ainda, outro problema: a mesa adota western rules, as “regras do oeste”. Não existe all-in; o jogador pode sempre comprar mais fichas durante a jogada. E Mary não tem dinheiro para pagar a última aposta. Solução? No meio do pote, ela vai pedir um empréstimo ao banqueiro local.

Eis que chegamos ao garoto de Cincinnati, de A Mesa do Diabo (EUA, 1965), “Cincinnati Kid” nos Estados Unidos. Neste clássico do cinema, Steve McQueen é Eric Stoner. Ou, como é mais conhecido, “The Cincinnati Kid”, um jogador obcecado pela fama. Eric vive em torno de um só objetivo: enfrentar e derrotar Lancey Howard, o melhor jogador do país. Finalmente, ele tem a sua chance, numa mesa de 5 Card Stud (o “Stick Poker”) em New Orleans. A partida começa com seis jogadores e, um por um, os parceiros vão quebrando, até sobrarem apenas Howard e o Cincinnati Kid na final.

O estudante de direito, creio eu, dispensa apresentações. É Mike McDermott (Matt Damon), o protagonista de Rounders – Cartas na Mesa (EUA, 1998). Com Edwart Norton no papel de Lester Murphy  (um jogador trapaceiro) e John Malkovich na pele de Teddy KGB (gângster russo que comanda uma jogatina clandestina), este é provavelmente o melhor filme de poker já feito. Cartas na Mesa conta a história de Mike, um jovem jogador que perde toda a sua poupança para Teddy KGB. Ele decide, então, largar as cartas e estudar direito. Mas quando Lester, seu antigo parceiro de poker, sai da prisão, Mike fica tentado a voltar para os panos. Eis aí a dúvida do nosso herói: ficar com a faculdade direito (que garantiria um futuro tranquilo e estável) ou o Texas Hold’em (a sua verdadeira paixão).

Um cowboy malandro. Um gênio degenerado. Uma mãe de família. O garoto de Cincinnati. Um estudante de direito. Assim como The Avengers, que sai em 2012 e vai juntar os super-heróis da Marvel (Thor, Homem de Ferro, Hulk e Capitão América) num único filme, seria interessante ver estes cinco jogadores na mesma mesa. (De mixed games, para ninguém sair prejudicado.) O resultado seria, certamente, trash – e muito. Mas, ah, eu gostaria de ver.




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