Quando escrevi este artigo eu estava em Punta Cana, República Dominicana, onde jogamos um torneio promovido pelo Tower, que gerou um prêmio de U$230.000. E o melhor, o field estava cheio de jogadores venezuelanos (e de outras partes da América do Sul e Central), com bem menos experiência em torneios ao vivo que nós, do Brasil.
Por incrível que pareça, aqui abunda em torneios em comparação a estes outros países. Ter a oportunidade de jogar, ao menos uma vez por mês, torneios do nível do BSOP (www.bsop.com.br) e do Circuito Paulista (www.circuitoholdem.com.br), contra jogadores com resultados cada vez mais expressivos no poker online e até no exterior é um privilégio. Ouso dizer até que esses torneios em especial são a nossa grande escola. É claro que temos vários outros torneios semanais para praticar e até grandes eventos surgindo pelo país, e isso só aumenta ainda mais nossas chances de praticar um poker de bom nível.
Esta viagem foi incrível pela beleza do local: sol todos os dias, praias belíssimas e águas cristalinas acabaram me trazendo uma experiência que percebi ter sido fundamental para meu crescimento como jogador de poker, e que PRECISO dividir com vocês. Acreditem: foi a chave para o meu desenvolvimento e que se permitir entender este ponto, estará dando um grande passo para seu próprio sucesso.
Em meio a todas as oportunidades aqui, resolvi fazer um curso de mergulho. Meu amigo, Igor Federal, fez um há menos de três meses. Sempre gostei do mar, mas nunca tive a oportunidade de fazer um curso desses. Aqui no Princess Bavaro, hotel do Tower Torneos, existe uma escola especializada em SCUBA (Self Contained Underwater Breathing Aparatus) Diving conhecida mundialmente, a PADI. Fiz o curso chamado Open Water Diving, que garante o certificado de aptidão para mergulhar sozinho.
O que isso tem a ver com poker? Já chego lá.
Primeiro dia. Recebo um livro e me mandam ir para o meu quarto e estudar os três primeiros capítulos. Eu pergunto: - Mas quando mergulhamos? Vamos ver algum navio afundado?
Resposta: - Leia os três primeiros capítulos.
Segundo dia. Chego todo animado para aula e pergunto onde vamos mergulhar. Então o instrutor, em vez de me levar até a praia, me conduz até a piscina. Chegando lá, pede para eu nadar 200 metros por baixo d’água e para boiar. Depois inicia uma série interminável de exercícios bobos, como colocar e tirar a máscara de mergulho, sentar no fundo da piscina, aprender sinais com as mãos como: “ok”, “estou bem”, “estou com frio”, “acima” e “abaixo”...
Depois de duas horas, saímos da piscina e ele me manda estudar os capítulos 4 e 5, e voltar no dia seguinte. No outro dia fomos ao mar e ele me deixou em uma profundidade de, no máximo, 3 metros – e repetimos os exercícios da piscina. Depois fiz alguns testes e assisti a um vídeo.
Só depois de todas essas atividades, um mergulho de verdade. Ao mergulhar, veio a sensação: “como é fácil”. Estou respirando bem, me sentindo bem, aprendi a descomprimir a pressão nos ouvidos, me movimento com facilidade e uso bem o equipamento. Em resumo, penso, “que moleza, mergulhar...”
Agora, como começamos a jogar poker? Aprendemos as regras vendo na televisão ou através de um amigo e, como é um jogo fácil, começamos a praticar sozinhos. Não lemos livros, não estudamos, não temos ninguém nos ensinando. Vamos praticando e pegando alguns conceitos aos poucos. Porém, vamos nos envolvendo a cada dia mais com este esporte fascinante.
Durante dois dias o professor de mergulho me ensinou como respirar – algo que faço desde que nasci. Ensinou também como me movimentar enquanto submerso – coisa que faço desde os 5 ou 6 anos de idade. Ensinou como me virar sozinho em um mergulho... Em resumo, me ensinou coisas muito básicas, que qualquer leigo acha que sabe. Só que, nesse caminho, me mostrou que, para fazer coisas fáceis, vários detalhes eram importantes.
No poker, os detalhes transformam você em um vencedor. Muitas vezes precisamos nos educar: ler e aprender onde erramos. Estudar o jogo para descobrir o porquê de alguns jogadores serem campeões e repetidamente estarem nas mesas finais, enquanto outros dependem de sorte para conseguir chegar uma vez ou outra.
Quando encontrar uma barreira no seu crescimento no poker, volte a estudar o básico. Na maioria das vezes, a resposta está lá!
Um exemplo de como o detalhe faz diferença. Eu e Leandro caímos do torneio em Punta Cana quando tínhamos um stack considerável e, se ganhássemos a mão, estaríamos entre os líderes do torneio naquele momento.
Ele tinha AK e, após aumentar do button, recebeu all-in do big blind, que tinha A-10 e chamou.
Eu, com AQ, após subir do meio da mesa, recebo all-in do big blind, que tinha AJ e chamo.
No river, um 10 eliminou Leandro, e um Valete me eliminou.
Cadê o detalhe que faz a diferença?
Leandro foi eliminado em 24º, quando tinha cerca de 240.000 fichas e os blinds já estavam 12000/24000. Eu fui eliminado antes do 100º lugar, quando os blinds estavam 500/1000 e eu tinha 40.000 fichas, e a média não passava de 18K.
Chamar um all-in com AK no final de um torneio ou chamar no início, quando era absolutamente desnecessário, é a diferença. Para ser um bom jogador é preciso se educar e aprender que existem momentos nos quais determinada ação é correta – e outros instantes em que a mesma ação é um erro!
Um detalhe negativo: a mesa final foi composta apenas por venezuelanos e outros estrangeiros. Apesar de toda a experiência que falei lá no início, levamos um baile e todos os brasileiros caíram. Quem sabe não é hora de revermos o básico?
Nunca se esqueça de que, muitas vezes, a chave para as vitórias no poker está em reaprender o básico. Saber fazer o feijão com arroz bem feito.
Espero vocês no Circuito Paulista (www.circuitoholdem.com.br) e no BSOP (www.bsop.com.br). Abraços!