Acontece raramente, mas existem épocas em que fico meio chateado com o poker! Vocês devem estar pensando que tomei algumas bad beats, mas não é nada disso...
Mês passado, Kathy Liebert viveu um momento histórico: depois de Erik Seidel, ela se tornou a segunda jogadora a conseguir a marca de 100 participações em torneios do World Poker Tour. Kathy também é a recordista em premiação entre as mulheres, com US$1.745.312 conquistados somente em disputas do WPT. E muito pouco se fala dela, seja na mídia especializada, nos fóruns ou nos blogs.
Por que eu fiquei incomodado com isso? Por uma simples razão: essa é mais uma prova do caminho que o poker está tomando no mundo, virando uma indústria multimilionária. Eu não deveria reclamar. Ganho dinheiro com o poker e sustento minha família falando sobre o assunto. Mas eu tenho uma visão quase romântica do jogo, ainda admiro os jogadores bem sucedidos e cultivo meus ídolos. Se alguém consegue se manter em um dos principais circuitos do mundo por anos, sendo extremamente lucrativa, isso deveria merecer uma atenção especial.
Mas Kathy Liebert não é vendável. Ela não tem contrato fixo com nenhum site, não agrada os marketeiros e também não faz questão de trabalhar a própria imagem. Ela tem “apenas” resultados... Aposto com você, caro leitor: se a marca fosse de Vanessa Rousso, Jennifer Harman ou Annie Duke, a notícia teria sido explorada por muito mais gente, graças ao investimento pesado dos sites que contrataram essas jogadoras.
Claro, os sites estão mais do que corretos! Eles têm mesmo é que divulgar seus representados. O problema está com quem escreve sobre poker, seja na mídia especializada ou nas comunidades que discutem o assunto.
Fiquei chateado porque acho que a imprensa (seja ela formal ou informal) não está fazendo seu trabalho direito. Claro, me incluo nessa lista. Nós deveríamos divulgar mais o nosso jogo e os grandes resultados, sem ter a preocupação de agradar a ninguém. Temos que ir atrás da notícia sem ficar esperando os releases caírem do céu! Não podemos esquecer que um esporte é feito de ídolos e conquistas, e não só de dinheiro investido.
Nota: Não se preocupe, caro leitor. Continuo amando o poker. Essa fase amargurada vai passar rapidinho, prometo!
