EDIÇÃO 38 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

Por Que Eu Adoro Limit Hold’em

É um jogo quase perfeito


Barry Tanenbaum

Há algum tempo, discuti o porquê de eu ter escolhido jogar cash games em vez de torneios. Pouco depois de essa coluna ser publicada, algumas pessoas me perguntaram por que eu escolhi jogar limit hold’em com tanto no-limit por aí.

Em geral, acho que meus leitores prefeririam que eu discutisse estratégia em vez de preferências pessoais, mas esta coluna é um marco na CardPlayer para mim, minha 150ª coluna, então discutirei algumas preferências pessoais e meu ponto de vista sobre as duas formas mais populares de cash games.

Eis os motivos pelos quais jogo limit hold’em:
• O jogo é rápido.
• Você vê mais mãos, então fazer leituras dos jogadores é mais fácil.
• As estratégias são mais profundas do que muitos jogadores pensam.
• “Bad beats”, embora mais frequentes, não conseguem destruir toda a sua sessão.
• Os jogadores fracos têm mais chance de ganhar.

O jogo é rápido: Sou um cara razoavelmente paciente, o que é um dos meus pontos fortes à mesa, mas gosto de jogar a próxima mão o mais rápido possível. A maioria dos jogos de no-limit de que participei nos últimos anos foram cansativamente lentos.

Não sei exatamente por que. Talvez seja o resultado dos jogadores assistirem seus heróis agonizarem na TV, quando já chegaram à mesa final e estão tomando decisões de centenas de milhares de dólares. Talvez eles achem que uma decisão de $40 em um pote de $60 que pode comprometer seu stack de $150 mais adiante na mão valha cinco a seis minutos de contemplação. Na maioria das vezes, suspeito, eles simplesmente não sabem o que fazer, e esperam uma inspiração divina que lhes diga se devem dar call ou fold.



Limit é rápido. Todo mundo sabe como apostar, então essa parte da decisão em cada rodada é retirada. O pote geralmente é grande em relação ao tamanho da aposta, então a decisão de call ou fold, por vezes complicada, nunca é colossal. Contar o pote, para aqueles jogadores que sequer se dão ao trabalho, é bem elementar.

Com dealers de qualidade dirigindo o jogo, você pode ver até 40 mãos por hora, em comparação às 25 ou talvez menos de cash games de no-limit. O fato de que outra mão começará em breve melhora sua habilidade de se manter envolvido no jogo, não jogar mãos por causa do tédio, ou perder eventos importantes por falta de atenção.

 Você vê mais mãos, então fazer leituras dos jogadores é mais fácil: Uma das tarefas mais importantes que você tem enquanto joga é conseguir uma leitura de seus oponentes. Isto é principalmente desafiador se você joga em uma cardroom onde os jogadores mudam constantemente de uma semana a outra. O jeito de obter sucesso, é claro, é ver cada mão que eles mostram, rever como ele jogou aquela mão, e eventualmente juntar pistas para ganhar um entendimento do estilo de jogo dele. Quanto melhor nisso você for, melhores serão suas decisões.

Em no-limit, você vê muito menos showdowns do que em limit. Já que apostas em no-limit são grandes em relação ao pote, muito menos são pagas. Embora seja ótimo para blefar, não é muito bom para aprender como os outros jogam. Pior ainda, mesmo que você veja muitas mãos em potes pequenos, isso ainda não lhe dirá como o jogador irá reagir quando enfrentar uma aposta alta em um pote grande, o que geralmente é raro. Isto torna a leitura dos outros jogadores muito mais difícil, principalmente em situações cruciais.

Em limit, mais ou menos a mesma coisa acontece várias vezes seguidas. Devido às pot odds favoráveis, muitas mãos são pagas, então você consegue ver como os oponentes jogam em circunstâncias similares às que você enfrentará com eles durante a sessão. É possível conseguir este conhecimento rapidamente, por observação e dedução, e utilizá-lo por extensos períodos de tempo. 

As estratégias são mais profundas do que muitos jogadores pensam: Limit parece ser um jogo razoavelmente fácil. Ao contrário do no-limit – em que você tem que decidir tamanho de apostas, controlar o tamanho do pote, e considerar o tamanho dos stacks e das complexas implied odds – limit parecer ser um jogo no qual você simplesmente coloca seu dinheiro no pote e torce pelo melhor. A maioria dos jogadores de no-limit entende que está envolvida em algo complicado, embora possa não saber o quanto.

Apesar das aparências, limit oferece muitas oportunidades para o jogo estratégico que a maioria das pessoas nem sabe que existe. Uma vez que os jogadores típicos desenvolvem uma estratégia confortável, eles raramente querem variá-la, e com frequência nem se dão ao trabalho de melhorá-la com o tempo. Isso dá uma vantagem pequena, mas contínua, que os melhores jogadores podem explorar por anos.

“Bad beats,” embora mais frequentes, não conseguem destruir toda a sua sessão: Coloquei “bad beats” entre aspas porque isso não existe: é só matemática na prática. No entanto, a matemática tem o hábito de permitir que os oponentes acertem seus draws de apenas um ou dois outs nas horas mais inconvenientes. Em no-limit, isso pode arruinar toda a sua sessão, já que você passa horas construindo seu stack, e o vê desaparecer por completo num instante, quando você estava melhor. Eu sei que se deve apenas seguir em frente, sem deixar isso lhe abalar, mas a maioria dos jogadores não é tão boa nisso.

Em limit, as beats são bem mais frequentes. Os jogadores não têm que pagar um preço tão alto para continuar com suas mãos, e muitos gostam da emoção da disputa. Você tem maneiras limitadas de “proteger sua mão”, já que não pode ajustar o tamanho de suas apostas às pot odds do oponente. Mas quando as coisas dão errado, você perde algumas bets, não todas as suas fichas. Isso ajuda os jogadores a manter um desempenho mais equilibrado.

 Os jogadores fracos têm mais chance de ganhar: Para mim, isso é importante. No-limit é um jogo que pune severamente os jogadores mais fracos. Eles não perdem apenas, eles costumam perder muito. Eles se vêem, vez após vez, colocando seu dinheiro no pote com a pior mão. Mais cedo ou mais tarde, eles se cansam disso, e ou melhoram ou desistem. De qualquer forma, os jogos se tornam cada vez mais difíceis.

Jogadores fracos perdem em limt também – não resta dúvida sobre isso. Mas eles perdem mais devagar, já que seus erros lhe custam frações de suas bets, em vez de todos seus stacks. Eles têm muito mais sessões vitoriosas. Como resultado, costumam continuar jogando, atribuindo suas perdas à falta de sorte, e suas vitórias às suas habilidades. Não há uma síndrome de “melhore-ou-desista” em limit. As pessoas continuam voltando ao mesmo jogo ano após ano.

Conclusão: Eu realmente acredito que limit hold’em seja um jogo quase perfeito. Ele oferece uma combinação de habilidade e sorte que garante que jogadores habilidosos ganhem no longo prazo, ao mesmo tempo em que permite aos que tem menos habilidade conseguir algumas vitórias. No-limit – embora seja emocionante, empolgante e definitivamente demande habilidade – não oferece as mesmas oportunidades aos jogadores fracos. Com seus resultados no longo prazo dependendo principalmente da diferença de habilidade entre você e seus oponentes, e com jogadores fracos gostando e continuando a jogar limit, talvez você até tenha vontade de jogar essa variante um pouco mais.

Barry Tanenbaum dá aulas de poker personalizadas de acordo com a necessidade de cada aluno. Seu website é www.barrytanenbaum.com, e você pode contatá-lo em pokerbear@cox.net. 




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