CK ganhou o BSOP do Rio de Janeiro. E o fez lutando, como vem fazendo há mais de uma década. A luta dele é dura, mano, dura mesmo. Sou daqueles que acham que o poker brasileiro, nem batendo com a cara no chão, paga o que deve a esse cara.
Sou amigo dele e acompanhei muitos desses anos de luta. O engraçado é que ainda estava cheio de gente esperando ele fazer um move que desse errado para pregar o cara na cruz, gente que acha que ele não pode errar, porque, afinal, ele é CK... É assim desde os tempos em que ele era o único brasileiro no Sunday Million – hoje são mais de duzentos, mas às vezes as pessoas esquecem quem foi que começou tudo.
Alguns anos atrás, eu e Filpac tentamos mostrar outro lado de Christian Kruel: o sujeito que ri e chora e sofre e curte, que tem altos e baixos como todo mundo na vida. Mostramos que ele é gente de carne e osso, e não uma máquina que só faz jogar poker. Ano passado, vi CK fazer uma coisa em Las Vegas que jamais tinha visto: num all-in triplo, um cara que ele nunca havia visto deu muck após ter colocado todas as fichas no centro da mesa. Eu estava por perto, e ele me chamou: “Olha isso, Tevito, o cara de all-in deu muck na mão. Não pode. Sair do jogo assim não pode”. Sei que, no final das contas, ele entrou na discussão e colocou o cara de novo no pote – recolheram as cartas do monte e devolveram para o cidadão lá. Christian Kruel perdeu o pote para o sujeito. Do outro envolvido, ele ganharia...
Esse é o Christian Kruel: uma verdadeira enciclopédia do poker que, em minutos, responde a qualquer questionamento seu via chat. Tem gente que vendia água em trem até pouco tempo e apresenta uma arrogância ímpar, se achando “o cara” do poker. Enquanto isso, em silêncio, CK continua fazendo historia.
Há quem ainda o envie e-mails esculachando, criticando suas jogadas, questionando seu talento... Parceirada, fique de pé para falar o nome Christian Kruel; lhe devemos muito: ele mostrou o caminho.
Não acredito que o sucesso seja somente acumular vitórias, mas também manter intactas suas convicções, sua personalidade e, principalmente, sua humildade. Essas são algumas das razões de CK ser bem sucedido. E digo mais: ele não é o melhor jogador de poker do Brasil. Ainda em 2005, lá em Mariscal, ao receber um troféu, ele mesmo fez questão de ressaltar isso.
Por isso – e sem menosprezar em nenhum momento o fenômeno Adriano Mauá, vice-campeão do torneio – eu e os dinossauros que estão no poker desde o inicio, ficamos muito contentes com o resultado da etapa carioca do BSOP.
CK Ganhou. O poker às vezes é mais do que justo. Bem puxado, hermano. Vamo que todavia! ♠