Nos últimos cinco anos, o poker no Brasil foi tratado como criança. Todos, incluindo jogadores, imprensa especializada, federações, organizadores de torneios, sabiam que a modalidade estava apenas engatinhando no país. E todos tinham uma atitude paternalista quando os conflitos apareciam: se a nossa "criança" aprontasse alguma travessura, era logo defendida pelos "pais", que sabiam que ela estava passando por uma fase de aprendizado. E se nosso "filho" fizesse bonito, a proeza era exaltada com orgulho!
Foram muitas as conquistas nessa fase. Eu acompanhei de perto todas elas, inclusive as que aconteceram nos últimos dias: com a BSOP sendo exibida na ESPN, com o poker entrando na programação da TV aberta e com o Brasil colocando dois jogadores no pódio do Sunday Million, no primeiro e terceiro lugares.
Mas o poker brasileiro cresceu... E como bom "adolescente", está cheio de si e já se acha o dono do mundo. Sendo assim, a função dos "pais" deve mudar: devemos continuar apoiando, mas as críticas e lições devem ser diferentes agora. O poker já é bem grandinho, quer andar com as próprias pernas... Mas deve ter ciência de que pode tropeçar. Claro, os "pais" vão estar ao lado para ajudá-lo a se levantar, mas acho que as broncas e os questionamentos devem ser mais contundentes – faz parte do processo de crescimento!
No Brasil, as modalidades esportivas são apoiadas e questionadas. Elogios e críticas são feitos ao futebol, ao vôlei, ao basquete, ao xadrez, ao tênis... E se o poker quer mesmo se juntar a eles, vai ter que se acostumar com o mesmo tratamento.
A minha parte eu pretendo fazer! Como jornalista, tenho que ter uma postura crítica sempre. E agora, com o convite da CardPlayer Brasil para mudar o perfil da minha coluna, vou poder realizar um trabalho ainda mais pessoal, de análise e opinião. E pode até ter debate! Quem quiser discutir os assuntos abordados aqui pode entrar em contato comigo, através do email sergio.prado@espn.com