EDIÇÃO 33 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Do individual ao coletivo – Parte II

Percebendo Tendências


André Dexx

Na primeira parte deste artigo sobre percepção de tendências dos adversários, vocês viram que, para facilitar nosso trabalho, fiz uma divisão em quatro âmbitos: Jogador (individualmente considerado), Mesa, Field e Níveis. Na edição passada, trabalhamos os dois primeiros fatores. Nesta, veremos os dois elementos que completam nossa análise sobre esse tema tão importante.

Com relação ao fator Jogador (individualmente considerado), por causa da complexidade e sutileza do elemento humano, preferi fazer uma simplificação que servisse de bússola para nossa análise, separando e caracterizando os jogadores como “fracos” e “fortes”. Agressividade seletiva, imprevisibilidade, controle sobre o tilt, e equilíbrio entre posturas tight e loose são algumas das qualidades do jogador forte, as quais, claro, devemos tentar sempre seguir.

Depois, ampliando um pouco o nosso campo de observação, conversamos sobre o fator Mesa. Neste ponto, fiz a ressalva de que devemos estar atentos aos oponentes não apenas quando estamos envolvidos em mãos contra eles, mas também observar as mãos que eles disputam entre si. Vimos ainda que uma mesa deve ser analisada principalmente em razão do tipo de jogador que está em cada posição e da frequência de movimentos de cada um deles.

Agora, fechando o ciclo sobre esse assunto tão relevante, vamos conversar sobre dois outros aspectos: Field e Níveis.

Field
As perguntas que devemos fazer para determinar a tendência de um field são simples: “Quem são os jogadores?”, “O que esperam ganhar?”, “Qual é o acesso a informação deles?” Respondendo-as, saberemos a proporção de jogadores recreativos presentes.

Pode até ser meio óbvio o que eu vou dizer agora, mas é extremamente importante (e não custa lembrar): jogadores de diferentes níveis pensam de forma diferente. Até aí, nenhuma novidade. O detalhe é que, independentemente do nível em que você esteja, as tendências de um field podem mudar rapidamente – e disso muita gente talvez não saiba. Outro comportamento possível do field é mudar naturalmente com o passar do tempo. Assim, diante de duas situações extremas de mudança – rápida ou natural – precisamos estar sempre atualizados com a postura do field naquele instante.

Por exemplo, o pessoal do “play money” joga como se estivesse diante de um videogame; já os jogadores de “real money” têm gana de aumentar o seu bankroll evoluindo seu jogo e entrando em limites maiores, seja em cash games, sit-and-gos ou em torneios. Conforme o nível vai subindo, a porcentagem de pessoas que “jogam para ganhar” aumenta, enquanto o número de jogadores recreativos vai diminuindo, o que nos leva ao nosso próximo âmbito de observação.

Níveis
Agora que temos a consciência de que também a postura do field pode ser bastante volátil, vale a pena dar uma conferida em como cada nível tende a se comportar.

 

Dentro de cada stake, os jogadores têm acesso a informações diferenciadas: os de limites menores colhem informações mais genéricas, enquanto os de stakes maiores buscam esse conhecimento normalmente com coaches ou fóruns mais avançados. Apenas a título de informação, é comum os melhores jogadores postarem no fórum de poker da 2+2 (twoplustwo.com), o maior do mundo. Em pouco tempo, players de todos os cantos do planeta podem adotar determinado comportamento encontrado naquele fórum, muitas vezes mudando as tendências de maneira rápida e sucessiva.

Finalizando nosso papo sobre percepção de tendências dos oponentes, é importante lembrar que o poker está ficando mais difícil a cada dia. Portanto, para você se destacar e cogitar fazer dele sua profissão, precisa se adaptar e compreender as tendências do jogo. Mas, para atingir o topo, é preciso que sua base seja sólida: tenha humildade para perceber em qual nível você é vencedor, e procure evoluir constantemente, sempre estudando e se posicionando um passo a frente de seus adversários. Se existirem “segredos” para ser vitorioso no poker, esse é um deles.




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×