EDIÇÃO 33 » FIQUE POR DENTRO

Dominando a mesa final: Eric Brix Sabe Quando Dar um Check Enganoso Para Induzir Oponentes a Vomitar Fichas


Craig Tapscott e Eric Brix

O americano Eric Brix, 24 anos, começou a jogar poker em freerolls promovidos por um bar local depois de completar 21 anos. Ele então depositou dinheiro online enquanto frequentava aulas de verão na St. Cloud State University. Ele jogava inicialmente cash games de no-limit hold’em de $1-$2 six-max. Então passou a jogar torneios de mixed games, pois achava que o resultado dos eventos de no-limit dependia muito da sorte. Ele eventualmente começou a compartilhar e discutir mãos de no-limit com colegas jogadores. Sua autoconfiança e seu jogo evoluíram, e sua compreensão dos conceitos e situações se firmou, assim como seus resultados. Ao longo dos dois últimos anos, Brix ganhou mais de $750.000 em eventos online.

Mão nº 1
Stacks: Eric “AceQuad” Brix – 4.383.928    Vilão – 8.273.663
Blinds: 80.000-160.000
Antes: 16.000
Jogadores na Mesa: 8

Mão nº 1
Conceitos Chave: Controle do pote; dar check para induzir; leitura de mãos.

Craig Tapscott: Em que estágio do torneio essa mão aconteceu?

Eric “AceQuad” Brix:
Foi nos estágios finais, com cerca de três mesas restantes. Quando minhas mesas não estavam completas, eu ficava extremamente ativo.

AceQuad dá raise para 334.444 com A A.

EB: O raise dele é de 2,1 vezes o big blind, como todos os meus outros aumentos nessa fase do torneio. Eu quero tornar menos lucrativo para os meus oponentes dar reraise all-in contra mim, e ficar com mais balas para atirar. Além do mais, se eu fizer isso, posso enganar dando raise com quaisquer duas cartas em situações aleatórias.

CT: Qual é a sua imagem nessa mesa?

EB:
Era muito agressiva, pois eu tinha 10 big blinds e empurrava muito all-in pré-flop. Eu eventualmente recebi K-K algumas mãos antes dessa e quase tripliquei meu estoque quando havia dinheiro morto extra no pote. Portanto, quando abri esse raise, tinha cerca de 27 big blinds.

O vilão dá call do button.
Flop: Q J 3 (pote: 1.036.888)
AceQuad aposta 355.555. O vilão dá call.

CT: Você tem algum histórico com o vilão ou qualquer tipo de leitura sobre a mão dele depois que ele pagou sua continuation-bet?

EB: O vilão estava à minha esquerda quando estávamos six-handed, e eu dei all-in contra os blinds dele algumas vezes. Acho que a percepção que ele tinha de mim era de um jogador insano chamado AceQuad à sua direita. Antes dessa mão, nós não tínhamos visto flops juntos, pois eu estava shorthanded e não podia me dar esse luxo.

Turn: J (pote: 1.747.998)

EB: Foi aqui que realmente comecei a me perguntar que mão ele pode ter. Eu diria que as mãos mais prováveis seriam K-J, A-J, 3-3, K-10, 10-9, A-Q e K-Q, ou então ele estava tentando ser criativo sem nada, pois tinha posição. Então, nesse momento, eu poderia estar derrotado ou ele iria blefar em duas streets com vantagem de posição. Foi por isso que dei check no turn. Se eu estivesse derrotado, queria perder a menor quantia possível, mas estava quase disposto a quebrar com A-A com 27 big blinds. Assim, nesse momento da mão, eu já tinha decidido que iria dar check-call nas duas streets.

AceQuad dá check. O vilão aposta 985.865. AceQuad dá call.
River: 2 (pote: 3.719.728)
AceQuad dá check.

EB: Não tenho medo do 2 de forma alguma, mas não melhoro minha mão. Eu dei check de novo, sabendo que ele tinha posição e temendo apenas algumas poucas mãos. Ele também poderia achar que A-Q ou K-Q eram boas mãos.

O vilão vai all-in, com mais fichas do que AceQuad possui. AceQuad dá call 2.692.064. O vilão revela A 8. AceQuad ganha o pote de 9.103.856.

Mão nº 2
Stacks: Eric “AceQuad” Brix – 59.104.392    Vilão – 29.745.608
Blinds: 500.000-1.000.000
Antes: 100.000
Jogadores na Mesa: 2

Mão nº 2
Conceitos Chave:
Leitura de mãos; controle do pote; metagame.

CT: Quando o jogo ficou shorthanded vocês fizeram um acordo. Como isso afeta seu jogo e o do seu oponente, sabendo que ambos já ganharam seis dígitos?

EB:
Quando nós chegamos à mesa final, eu era líder em fichas. Nós fizemos o acordo quando havia quatro pessoas, garantindo um pouco menos de $150.000, e eu ganhei mais $30.000 ao vencer. Cerca de duas mãos depois do deal, o short stack empurrou com K-8 suited e foi pago por A-Q suited; logo ali eu notei que talvez precisasse deixar meu jogo mais tight, pois agora apenas o primeiro lugar importava e as pessoas estariam mais dispostas a correr riscos.

CT: Então, como você se ajustou e usou essa informação em proveito próprio?

EB:
Bem, se eu decidisse me envolver, precisaria de uma mão inicial muito mais forte. Também passei a dar mini-raises, pois resteals são muito comuns no jogo three-handed.

CT: Qual era a dinâmica entre vocês dois até esse momento do heads-up?

EB:
Mais cedo no torneio, dei raise com A-K do button e ele pagou do big blind com K-2 offsuit. Eu fiquei surpreso ao vê-lo defender seu blind com essa mão. Também notei que ele gostava de jogar muitos flops. Então, quando ficamos heads-up, eu sabia que sua gama de mãos era muito ampla. Com base nisso, eu sabia que minha estratégia principal deveria ser tentar fazer muitas armadilhas.

O vilão abre raise de 2.500.000. AceQuad dá call do big blind com A 8.
Flop: 10 10 7 (pote: 5.200.000)
AceQuad dá check. O vilão aposta 3.000.000.

EB: Como o bordo tem um par virado e nós estamos heads-up, eu acho que ace-high é bom na maioria das vezes. Então, eu...
AceQuad dá call.

Turn: A (pote: 11.200.000)
AceQuad dá check. O vilão dá check.

CT: Por que o check no turn?
EB:
Eu dou check com o ás porque estou fora de posição e principalmente porque, se eu apostar, posso acabar com a ação, a não ser que ele dê raise blefando.

River: Q (pote: 11.200.000)
AceQuad dá check.

EB: Dou check novamente porque acho que, na maioria das vezes, ele não tem nenhuma mão nessa situação, e, para poder ganhar o pote, ele precisa apostar.

O vilão empurra all-in.

CT: Isso foi inesperado. O que ele poderia ter para fazer isso?

EB:
Eu pensei sobre o que ele poderia ter e conclui que ele teria nada, K-J ou ás com um lixo, o que significava que iríamos dividir o pote. Eu eliminei a possibilidade de ele poder ter um 10 aqui, por causa do check dele no turn. E eu pagaria cerca de 24.000.000 em um pote de 11.200.000. Cheguei à conclusão de que ele não tinha nada ou iríamos dividir, então...

AceQuad dá call. O vilão revela Q 2. AceQuad ganha o pote de 59.491.216.

EB: A maneira como ele jogou essa mão nunca fez sentido para mim, então essa informação também tornou minha decisão difícil. Acho que o shove dele geralmente significa que ele teve sorte quando não tinha nada. Quando dei o call, sabia que não valia minha vida no torneio e que, caso eu perdesse, poderia me recuperar.




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×