EDIÇÃO 33 » COLUNA NACIONAL

Guerra entre blinds

Jogando no Small Blind com o Ranking Sklansky-Chubukov


Christian Kruel

Nos últimos dois meses, venho jogando num ritmo reduzido online. Ao vivo, joguei o EPT Berlim, onde tive um Dia 2 bem frustrante, pois poderia ter ficado entre os líderes já em níveis avançados, só que acabei perdendo com AKs pré-flop para AQ, mas faz parte.

Curioso, mas acho que, desde que voltei dessa viagem, meu corpo e minha mente pediram férias dos torneios online – há mais de um mês só consigo ter vontade de jogar alguns eventos do domingo. Pelo menos tenho ido longe em muitos deles, basicamente graças ao foco que tenho por jogar poucas mesas. Esse ajuste, aliás, foi essencial para o meu lucro em multitables, não tenho dúvidas. E recomendo que você meça seu desempenho durante uma semana com metade das telas em que normalmente joga hoje (caso você seja um daqueles que curte jogar em pelo menos seis telas ao mesmo tempo). Em breve acontecerá o FTOPS e outras grandes séries, e tenho certeza de que a vontade vai voltar com tudo. Em paralelo, não deixo de exercer outras atividades, como mercado financeiro, SNGs, HUs e por aí vai. Acho que nós gostamos de ter a mente sempre ativa, mas é legal medir e reduzir o nível de energia e stress que cada caminho cobra de você.
 
Neste artigo, resolvi abordar um resumo de um coaching que tive ano passado com o Collin Moshman, autor do livro “Estratégias Sit ’n Go” (lançado em português pela Raise Editora), quando estava focado em compreender a solução matemática de SNGs, SNGs Superturbo e heads-ups. De certo modo, é um sistema que robotiza seu jogo, mas entender isso não significa jogar de forma mecânica: a parte do feeling e do timing ninguém é mais capaz de explorar do que você mesmo.

Para exemplificar, vejamos um caso em que estamos no small blind e a mesa roda em fold. Vamos supor que você segure A K, e seu oponente tenha visto suas cartas. O jogo é $1-$2 e já há $3 no pote. Nós temos uma quantidade $X de dinheiro e decidimos que ou daremos fold ou iremos all-in com a mão. A intenção é descobrir o valor de $X para que esse all-in seja break even, ou seja, fique no zero a zero no longo prazo.

Quem leu o livro novo do Sklansky, “No-Limit: Teoria e Prática” (também disponível em português pela Raise Editora), sabe que esse valor de $X é igual a $332. Ou seja, com um stack igual ou menor que $332, é lucrativo, ou break even, ir all-in com seu A K, ainda que seu oponente possa ver suas cartas e eventualmente dar call com par de reis ou de ases. E como podemos tirar proveito disso? A minha dica é usar a tabela Sklansky-Chubukov (ao lado) para torneios online e live, nas ocasiões em que seu stack não permitir mais dar raise e depois fold, como em situações com antes, em que temos entre 15 e 20 big blinds ou menos e estamos abaixo da média geral.

Por que optar pelo all-in em vez do raise-call? A primeira razão é jogar com fold equity e conquistar um aumento de stack sem passar pelo showdown: quanto mais fichas você ganha sem showdown, menos variância enfrenta. A segunda é que, eventualmente, sobretudo na casa dos 20 big blinds, você abrirá raise com a parte fraca do seu range, como com 9-T ou T-J, por exemplo, e inevitavelmente vai acabar cometendo o erro de largar ou de dar um call “desnecessário” com a pior parte do seu range apenas para ficar no zero a zero, aumentando a variância do seu jogo num momento em que poderia ter simplesmente levado o pote pré-flop, uma vez que muitas mãos que dão push no raise dariam fold diante um push inicial.

Alguns poderiam questionar a alternativa de dar raise somente com as mãos com que pagaríamos o all-in, e irmos all-in direto com as mãos com que não pagaríamos. Porém, essa opção apenas polariza o nosso range e deixa o nosso jogo ainda mais explorável pelos oponentes, que conseguirão separar dois grupos de mãos mais restritos sempre que optarmos pelo raise em vez do all-in na casa dos 15-20 big blinds efetivos.

Nesse caso, adaptando a situação para a tabela do Sklansky-Chubukov, vamos nos concentrar nas mãos em que o small poderá dar push no big com 20 big blinds ou menos. Dessa faixa em diante, podemos dar open push com 22+, A2o+, KTo+, K8s+ e QJs. Para push com stacks efetivos menores do que 20 big blinds, confira algumas mãos na lista a seguir, junto com quantidade de blinds necessários para você ir all-in pré-flop contra o big. Até a próxima!

Nota: a tabela completa você encontra no livro “Estratégias Sit’n Go” (www.raiseeditora.com).




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