EDIÇÃO 20 » MISCELÂNEA

Heads Up com Jimmy Fricke

Muito à frente ou muito atrás


Kristy Arnett

Jimmy “gobboboy” Fricke aperfeiçoou suas habilidades em torneios jogando online, aterrorizando nos multi-table tournaments do PokerStars. Aos 19 anos, Fricke cruzou o oceano para jogar o Aussie Millions 2007. Ele ficou em segundo lugar dentre 747 inscritos, faturando quase $850.000. Agora, maior de idade para jogar nos EUA, ele continua a se dar bem em eventos ao vivo, elevando seus ganhos para quase $1,5 milhões.

Kristy Arnett: Para aqueles que não sabem o que significa “muito à frente ou muito atrás” (way ahead or way behind), como você explicaria esse conceito?

Jimmy Fricke: Bem, se eu fosse escrever um capítulo de um livro de poker, seria sobre esse tema, pois acho que existem muitas pessoas que não compreendem exatamente o que ele significa, mas deveriam. Basicamente, “muito à frente ou muito atrás” é quando você está numa situação em que, por exemplo, tem a trinca do meio em um bordo com A-8-2. Em Omaha, contra alguém que tenha aumentado pré-flop, você deve ser um pouco cauteloso, pois se ele estiver com um par de ases, você está muito atrás, mas se ele não tem nada mais, você está muito à frente. Não existem muitos draws possíveis. Em hold’em especificamente, o melhor que seu oponente poderia ter era uma queda na gaveta contra você e, se ele tiver o terceiro nuts, possui apenas um out. Mas se você estiver atrás, tem um draw de um out. Portanto, essa é uma situação em que sua equidade será bastante obliqua. Você terá muita ou muito pouca.

Em um exemplo menos extremo, digamos que você tenha A-7 e aumente do button, e o big blind pague. O flop vem A-6-2 e ele pede mesa. Se ele for um oponente mediano contra o qual você não joga muito, não for especialmente extraordinário, mas também não for ficar quebrado nesse bordo com uma mão como um par de oitos ou um 6, você está à frente, pois ele vai largar todas as mãos piores que a sua. Não há muitos ases piores que o seu e, se ele tiver uma mão melhor que a sua, não irá dar fold. Portanto, pedir mesa aqui é correto, e você pode fazer isso com toda sua gama. Depois você fica mais traiçoeiro.

KA: Diga-me como esse conceito pode ser útil no que concerne ao controle do pote e chegar até o showdown com esses tipos de mãos.

JF: Bem, controle do pote é quando você pede mesa depois no flop, tentando não criar um pote grande. Eu conheço muita gente que advoga a favor de se apostar para ver onde está – isso é o contrário do controle do pote. Apostar para ver onde está é um conceito utilizado de forma exagerada. Eu realmente não gosto. Acho que se trata de um poker horrível, na teoria. Jogar assim lhe dá o pote muitas vezes, mas você se coloca em uma situação na qual tem reverse implied odds terríveis: se você apostar, vai receber calls apenas de mãos que lhe derrotam, e pode ter outs, mas está colocando muitas fichas no pote quando não precisa torná-lo maior do que já é. Você vai apostar para ver onde está com uma mão de força média e muito valor para pedir mesa e ver múltiplas streets, mas se sofrer um aumento, não quer saber o que vai fazer. Se aparecer A-K-7 e você tiver K-Q, você está muito à frente ou muito atrás; se sua mão estiver enfrentando algo como J-10, seu oponente não tem muitos outs. Mas se ele tem A-5, que não é uma mão muito forte, ela é muito melhor que a sua. Nessa situação, K-Q tem mais valor como blefe do que para fazer uma aposta pelo valor.




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