“Você realmente fez tudo errado”, eu disse a mim mesmo.
Eu estava no small blind com 6♦5♦, dois jogadores entraram de limp e um médico local aumentou de posição final. Jogando limit hold’em de $30-$60, foi um call fácil, pois eu já estava com um terço comprometido e tinha três oponentes, quatro se o big blind entrasse. Este largou, e o limper de posição inicial, um jovem jogador, reaumentou. Eu já o tinha visto fazer essa mesma jogada de posição inicial mais cedo na sessão. De acordo com como a mão foi jogada, achei que ele tivesse um par alto, embora a mão não tenha ido até o showdown. O limper de posição intermediaria pagou e o doutor quadruplicou a aposta. Eu paguei as duas bets adicionais, e o Sr. Jovem Jogador chegou à aposta máxima. Todos nós pagamos, prontos para ver o flop com quatro pessoas por $150 cada.
Eu estremeci por dentro: essa não era a situação que eu tinha vislumbrado entrar quando dei o primeiro call — colocar cinco bets com quatro jogadores e suited connectors. Eu tinha uma mão volumosa, e mãos assim tendem a se dar melhor com preços baixos, e quanto mais oponentes houver, melhor. Não achei que cometi um erro pagando pré-flop: eu apenas me deparei com uma situação ruim pouco provável. Dito isso, no poker, como na vida, você tem que aceitar a situação atual e continuar jogando.
O flop veio J♣6♠4♦, o que me deu o segundo par, um straight de três cartas e uma queda para flush na última carta. Eu estava praticamente certo de que essa não era a melhor mão. Mas ela tinha potencial. Pedi mesa, o Sr. Jovem Jogador disparou, o limper de posição intermediária deu fold e o Sr. Doutor aumentou! O que eu devia fazer? Eu não gostava da minha posição, sendo o primeiro a falar entre dois oponentes que queriam apostar e possivelmente tinham grandes mãos. Analisei minha situação.
Imaginei que estivesse entre dois overpairs, provavelmente A-A e K-K; Q-Q daria no mesmo. Havia chances de um deles ter J-J, mas achei improvável que o Sr. Doutor quadruplicasse ou que o Sr. Jovem Jogador fizesse uma aposta máxima apenas com par de valetes. Se fosse esse o caso, eu possivelmente poderia estar preso entre dois raisers, o que tornava errado o preço atual de 720-60 (pot odds). Eles poderiam aumentar o máximo no flop. Para analisar adequadamente meu preço, eu precisava incluir na equação a probabilidade de eu sofrer um reraise.
Minha mão tinha mérito para um call? Eu tinha uma desvantagem de cerca de 3-1 para derrotar um overpair. O pote me daria mais de três vezes a quantia que eu pagasse caso vencesse? Mesmo que fizessem apostas máximas no flop e apostassem no turn, isso me custaria apenas $210 para tentar o draw. Eu ganharia mais de $630 se ganhasse? Já havia $720 no pote. Foi um call fácil, embora potencialmente caro demais. Eu joguei $60, na esperança de que ninguém aumentasse, o que me daria um preço melhor. Mas minhas esperanças foram logo destruídas. Recebi um raise duplo. Joguei mais $60 no pote, depois mais $30 quando a aposta máxima foi feita — a pior coisa possível no flop.
O que tornou esse pagamento fácil foi o fato de as mãos de meus oponentes estarem precisamente definidas, o que me possibilitou medir exatamente minhas chances de ganhar. Muitos jogadores definem suas odds com base em suas chances de melhorar versus o tamanho do pote. Isso está correto, mas é apenas parte da equação. A conta correta para computar sua equidade é igual às suas chances de ganhar versus o tamanho do pote. Como ambos sem dúvida não são quantificáveis com cartas por vir, você deve fazer sua melhor estimativa. Avaliar suas chances de ganhar envolve analisar com precisão a gama de mãos que seu(s) oponente(s) pode(m) ter. Depois de definir uma gama, você precisa determinar a probabilidade de cada uma dessas mãos e como sua mão se sai contra cada uma delas, e tirar uma média da equação.
Analisar com precisão o tamanho do pote se dá em função de ler mãos e analisar com exatidão como seus oponentes vão jogar com suas mãos. Mais uma vez, determine a gama deles, a probabilidade de cada mão e como eles jogariam com cada uma, calculando a média dos elementos para obter um resultado. Ser preciso com consistência requer grande “sensibilidade” tanto quanto aos seus oponentes quanto ao jogo. É uma ciência inexata na melhor das hipóteses, mas se esforçar para chegar a tais conclusões vai melhorar sua habilidade de leitura e, à medida que você se aperfeiçoa, também sua tomada de decisões no calor da batalha.
O J♠ apareceu no turn, acabando com minha mão, já que agora eu precisaria de um 6 e apenas um 6 para derrotar um overpair. Minhas vitórias [outs] se limitaram a duas cartas! Pedi mesa, o Sr. Jovem Jogador apostou e o doutor pagou. Havia $1.200 no pote e o call custava $60, pot odds de 20-1. Eu tinha chances de 44-2 ou 22-1 de acertar um 6. Se eu conseguisse mais duas bets depois disso, a aposta seria exatamente neutra, na hipótese de eu ganhar. Em termos de vantagem, quase não importava o que eu fizesse. Achando que eu ficaria levemente prejudicado se houvesse chances, embora muito poucas, de eu acertar a mão e ainda ganhar, larguei minha mão!
Bang! O 6♣ apareceu. Eu teria acertado um full house! O Sr. Jovem Jogador apostou com K-K. O doutor pagou e puxou o pote com A-A.
Essa mão fala sobre se ajustar às mãos de seus oponentes ao analisar seu preço. Se as deles não estivessem tão bem definidas e incluíssem trincas, eu teria que estender drasticamente minhas odds para as vezes em que eu estivesse tentando uma queda morta, e o call no flop não fosse correto. Sim, eu queria ter pagado a aposta do turn, pois as fichas estariam na minha frente em vez de o Sr. Doutor juntá-las ao seu stack. Mas não fiquei me torturando por não ter dado call. Eu me julgo com base na precisão de minhas decisões, não pelo local onde as fichas foram parar, pois sei que, com o tempo, isso é tudo que importa. ♠
A coluna do profissional e autor de poker de longa data Roy Cooke tem aparecido desde 1992. Corretor de imóveis bem-sucedido em Las Vegas, seu website é www.roycooke.com