EDIÇÃO 15 » MISCELÂNEA

Capture a Bandeira: Eli Elezra


Lizzy Harrison

Eli Elezra ajuda a orquestrar o renomado “big game” que ocorre no Bellagio em Las Vegas: sem seus esforços coordenativos, seria difícil conseguir o número de participantes necessários para o jogo. Isso porque o buy-in médio é a impressionante soma de $300.000, e os valores geralmente são excessivos $4.000-$8.000. Mas Elezra não é apenas um jogador de poker: ele é também um homem de família e de negócios. Na opinião dele, suas habilidades em ambos esses papéis na vida se transferem naturalmente para a mesa de poker e fazem dele um jogador melhor.

Lizzy Harrison: Que fatores fazem de alguém um bom jogador de cash games?

Eli Elezra:
Primeiramente, os participantes no jogo são importantes. É bom ter dois ou três jogadores que estejam lá para apostar. Quando eu digo jogadores que apostem, quero dizer alguém como Sammy Farha. Quando ele está em um jogo, dá muita ação e recebe muita ação de volta. Você não quer jogar com pessoas que jogam muito tight.

LH: Qual é o sua variante preferido e por quê?

EE:
Eu não tenho uma variante preferid. Algumas pessoas acham que eu sou melhor em seven-card stud eight-or-better ou Omaha eight-or-better, mas eu gosto de jogar diversas modalidades. Eu gosto de jogar 12 ou 13 jogos, porque meu talento é o mesmo em todos. No big game, algumas pessoas são mais fracas em certos jogos e mais fortes em outros.

LH: Existe algum jogo que você não joga?

EE:
Eu não jogo uma variante apenas. Por exemplo, eu não jogo somente no-limit hold’em ou somente no-limit deuce-to-seven triple draw. Não importa que variante seja, eu jogo desde que faça parte de uma estrutura mista.

LH: Por que você não gosta de jogar apenas uma modalidade?

EE:
Algumas vezes, eu participei do jogo de Larry Flynt: seven-card stud de $4.000-$8.000. Você tem que ser muito paciente para conseguir se sentar e jogar o mesmo jogo mão após mão. Muito embora a mesa do Flynt seja um bom jogo, e eu tenha me dado bem nele, eu ainda acho que jogar apenas uma variante é minha fraqueza.

LH: Quando você começou a jogar cash games?

EE:
Eu comecei a jogar no Stardust em 1987, assim que cheguei em Las Vegas, e eu não era um vencedor. Então, cerca de um ou dois anos depois, o Mirage abriu e eu comecei a jogar Omaha eight-or-better e stud: geralmente jogávamos uma combinação de dois ou três modalidades. No Mirage, aumentamos os limites para $50-$100 e depois para $100-$200. No começo dos anos 90, começamos a jogar $150-$300 e $200-$400 regularmente.

LH: Que ajustes você fez em seu jogo para se tornar um vencedor?

EE:
Quando eu estava jogando $150-$300 e $200-$400, comecei a melhorar. Eu sentava às mesas com Chip Reese, Doyle Brunson, Barry Greenstein e David Grey durante horas. Eu via as mãos que eles mostravam e conseguia aprender muito com esses jogadores. Eu fiz parte de um grupo muito bom. Nós jogávamos no Mirage e depois nos mudamos para o Bellagio, quando ele abriu. Começamos a jogar em limites muito altos lá: $1.000-$2.000 e $2.000-$4.000.

LH: Que limites você joga diariamente?

EE:
A média dos limites ultimamente, durante o último ano mais ou menos, tem sido $3.000-$6.000. Quando Guy Laliberte e Lyle Berman estão na cidade, e às vezes outros jogadores como Sammy Farha, jogamos $4.000-$8.000. Às vezes, quando há menos jogadores, começamos jogando $2.000-$4.000.

LH: Quais foram os maiores limites que você jogou?

EE:
$5.000-$10.000 foi o mais alto que já joguei. Havia alguns novatos na cidade no jogo há cerca de quatro ou cinco anos – por isso jogamos tão alto. Fica um pouco caro. Então, a não ser que estejamos jogando com alguém que esteja na cidade pela primeira vez (o que faz valer a pena), nós não jogamos $5.000-$10.000.

LH: Como um jogador deve decidir se está preparado para subir de nível?

EE:
Primeiramente, ele precisa ter bankroll. Eu jamais aconselharia alguém a subir de nível com um bankroll pequeno. Se ele estivesse a ponto de quebrar, não poderia fazer um rebuy – quer dizer, a não ser que fosse um homem de negócios como eu [risos]. A segunda coisa é o nível de conforto que você sente no jogo. Se você se sentir intimidado pelos outros jogadores e achar que eles são melhores que você, então é melhor descer de nível. É preciso se sentir bem quando se sentar para jogar.

LH: Você mencionou que basicamente é um homem de negócios. O que você faz?

EE:
Eu possuo mais de 20 lojas na Las Vegas Boulevard, e possuo muitos imóveis na cidade. Eu também construo shopping centers. Esse é meu negócio principal no momento.

LH: Então você não depende do poker para pagar as contas?

EE:
As pessoas acham que eu dependo, mas não. Os únicos jogadores em nosso jogo que estão em uma situação como a minha são Guy Laliberte e Lyle Berman. Não dependemos de nossos bankrolls de forma alguma. A maioria das pessoas acham que eu sou um jogador de poker profissional, mas, antes de tudo, eu sou um homem de família: eu tenho filhos. Segundo, eu sou um homem de negócios, e depois eu sou um jogador de poker — muito embora eu tenha jogado muito poker ultimamente [risos].

LH: Qual é o erro mais comum que você vê jogadores de cash games inexperientes cometerem?

EE:
Eles entram em mesas que não são para eles, e são muito agressivos. Eles são agressivos sem razão, e isso faz com que os outros jogadores comecem a entrar em mais potes para tentar pegá-los. Em no-limit, essa falha é ainda mais perigosa, pois, como eles dizem, ir all-in funciona todas as vezes, menos a última.

LH: Que erros jogadores experientes cometem?

EE:
Observe alguns dos jogadores que entram em nossa mesa. Um jogador, por exemplo, estava no topo do mundo recentemente. Ele tinha cerca de $10 ou $12 milhões em seu nome. Ele jogava $8.000-$16.000 e agora não pode sequer pagar o ante em nossa mesa. Hoje ele joga em partidas muito mais baratas, de $400-$800, o que ainda é muito para algumas pessoas. Mas ele não pode mais freqüentar nosso jogo porque precisa se reerguer primeiro. Eu acho que ele cometeu um erro ao pular muito alto.

LH: Quais foram os jogadores de poker que mais influenciaram seu jogo?

EE:
Eu joguei muitas sessões de três participantes com Chip Reese e Doyle Brunson no Mirage e no Bellagio. Eu jogava $1.000-$2.000 e $2.000-$4.000 com eles, e todo mundo achava que eu era louco. Eu me dava bem nessas sessões, pois eles me ensinavam. Além de me ensinar como melhorar meu jogo, me ensinaram a ser uma pessoa melhor. Antes de Chip Reese falecer, nós conversávamos muito, e ele me ajudou a perceber que o poker não é tudo. Também me ensinou que, quando você está indo jogar poker, deve ir como vencedor. Se você achar que irá ganhar, você irá ganhar.

LH: Que características grandes jogadores de cash games têm em comum?

EE:
Todos eles são muito pacientes: o primeiro fator é a paciência. As pessoas podem duvidar que eu tenha dito isso, pois eu não tenho muita [risos]. Porém, eu acho mesmo que a paciência é importante. Além disso, as pessoas com as quais eu jogo são capazes de colocar $100.000 no pote com um draw. Grandes jogadores estão dispostos a comprometer todo o dinheiro quando não possuem uma mão. Você precisa ser capaz de fazer isso: jogadores tight não sobrevivem muito tempo em nosso jogo.

LH: Que jogadores de cash games você mais respeita e por quê?

EE:
Durante muito tempo, eu não gostava do jogo de Gus Hansen, mas recentemente ele tem jogado muito bem. Eu também acho que Jennifer Harman é uma jogadora de cash games muito boa. Doyle Brunson tem 74 anos de idade e faz novas jogadas em nossa mesa todos os dias. Barry Greenstein, embora não venha se dando muito bem recentemente, é um dos melhores em nossa mesa: ele lê as pessoas. Phil Ivey, na minha opinião, é o próximo Chip Reese: ele é simplesmente excelente. Tim Phan é um dos novatos no Big Game, e ele é muito, muito bom.




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