EDIÇÃO 15 » MISCELÂNEA

Bits e Bets: Vida Longa ao Holdem Manager


Vicenzo Camilotti

Ano passado foi lançado um software para fazer frente ao Poker Tracker e ao Poker Office. Desenvolvido por quem utilizava os programas mas não era ouvido com relação às sugestões, tornou-se um software com tantas opções para melhorar a vida do jogador online, que no fórum 2+2.com é praticamente unanimidade afirmar que o Hold´em Manager (HM) é de longe o melhor programa do mercado.

A criatividade falou alto, a simplicidade e a eficiência também, e a complexidade das análises mais ainda. Fiquei realmente impressionado como o fator “posição” é levado a sério nesse software – são informações importantíssimas. De que adianta sabermos dos ranges totais dos adversários da mesa, se a maioria absoluta não joga da mesma maneira de UTG, middle position, late position ou blinds? É algo de suma importância ter os números dos adversários disponíveis de forma muito mais precisa e esclarecedora.

O Hold´em Manager não informa apenas que o índice de 3-bet (ou reraise) do oponente é de 4,5%. Fala que no BB é 3%, e no button, 6%. Não fala somente que o VPIP (voluntarily put money in the pot) e PF (raise pré-flop) são de 16% e 11% respectivamente. Ele mostra também que do UTG+1 é de 8% e 3%, e do CT é de 23% e 17%.

Agora imagine que você coloca uma 3-bet com posição, e recebe call do jogador que deu o primeiro raise. Você tem QQ e bate K-9-3 num flop “arco-íris”. O jogador fora de posição dá check, você aposta, e ele volta 2,5x o valor que você colocou: o HM vai lhe ajudar a resolver essa questão! Com a opção “check-raise as pfr.flop 3-bet pot “, você saberá se ele é o tipo de jogador que faz essa jogada complexa com muita ou pouca freqüência. Claro que estou dando um exemplo muito específico, mas a intenção é deixar bem claro que temos possibilidades impensáveis até um ano atrás.
Mas não precisa ser tão complexo assim para já ter novidades. Imagine que você, no mesmo exemplo, deu raise do button, e o BB pagou. Mesmo flop. Faço ou não uma continuation-bet? Também nesse caso, somente o HM pode lhe ajudar: basta ver a importantíssima estatística (completamente ignorada pelos outros programas) da opção “fold to continuation bet” (índice “CB”).

Se o oponente dá, digamos, 70% de fold diante a uma continuation-bet (índice “FC”), apostar no flop é mandatório. Caso largue 20% das vezes, melhor pedir mesa, pois significa que é ele pagador e quer ver as cartas se abrindo no bordo. E mais, se esses 20% forem seguidos de “fold to CB turn” de 80%, já vai valer a pena apostar no flop e no turn, mesmo que a chance de ser pago seja grande quando virarem as três primeiras cartas, pois a tendência do oponente é respeitar e dar fold ao se deparar com a segunda aposta.

Em vários vídeos do PokerXFactor, tornou-se comum ouvir que UTG é o novo button. Virou moda dar raise sendo o primeiro a falar, já que, em um torneio com um nível um pouco melhor, como alguns dos que temos no PokerStars, por exemplo, a maioria dos jogadores respeitam um aumento do under the gun. Porém, lidar com isso se torna muito mais fácil se eu souber que, dentre 120 mãos jogadas UTG, o oponente deu raise em 30 mãos ou em 5.

Assim como o Poker Office, o HM já vem com um HUD (vide artigo passado) que coloca as estatísticas dos oponentes na tela. Uma “desvantagem” em relação ao PO é não permitir captar as estatísticas dos adversários apenas observando a mesa: no caso do PokerStars, é necessário estar jogando na mesa. Dessa forma, fazer datamining – que já é expressamente proibido nesse site – se torna literalmente impossível.

Uma coisa é abrir doze mesas e mandar o computador ficar cadastrando as tendências dos futuros oponentes; outra completamente diferente é, por exemplo, enquanto você joga um torneio de 45 jogadores (nomeado de sit-and-go), abrir as outras quatro mesas. Essa é a minha opinião e, na prática, o PokerStars permite isso. Mas por enquanto o Hold´em Manager continua não coletando os dados de mesas diferentes das que se está jogando.

Óbvio que não dá para esperar apenas flores em um programa com um ano de vida, mas está claro que o HM está à frente da concorrência. Por exemplo, na edição passada comentei que não existem artigos em revistas, vídeos ou mesmo tutorias minimamente decentes sobre esses softwares. Do tutorial do Hold´em Manager eu gostei, pois tem um FAQ (Frequent Asked Questions) bem completo, e muitas imagens exemplificadoras. Atualmente, existem quatro artigos sobre sua utilização, bem como um vídeo de 18 minutos – algo em que os “gênios” do Poker Tracker não pensaram.

Gosto também dos recursos do HUD do Hold´em Manager, em que o “player preferences” é bem extenso e complexo, além de fornecer interessantes recursos como, por exemplo, aumentar ou diminuir o tamanho da fonte e/ou da janela onde os dados aparecerão (vide diagrama).

Adoro também a opção de alterar o grau de transparência do fundo preto, bastando arrastar a barra “opacity” (vide zoom).

Isso se torna absolutamente relevante caso você esteja, suponhamos, jogando quatro mesas ao mesmo tempo, e o local onde selecionamos a tela para colocar as estatísticas ficar muito apertado (detalhe: falei “selecionar” a melhor disposição para colocar a estatística porque você pode arrastar os quadrados para onde quiser).
Quando o espaço estiver muito apertado para quem joga multi-tables, o fato de o quadrado com as estatísticas estar ligeiramente transparente permite que você o coloque até sobre o nick do adversário, que ainda assim não cobrirá a sua visão das pilhas nem das cartas mostradas no showdown.

E o ponto mais importante: quando se fixa o mouse em cima de uma das estatísticas, aparece o detalhe das características dos oponentes a partir da posição jogada.

Como vocês podem notar, é virtualmente impossível falar de tudo o que esse programa proporciona, e nada pode substituir a sua própria interação com ele. Acredito que o fundamental está feito: dar uma verdadeira cutucada nos outros softwares, que precisarão fazer força para melhorar, se não quiserem ser engolidos pelo Hold´em Manager.




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