Não é por acaso que a prática do poker atrai cada vez mais adeptos ao longo dos últimos anos. Jogar poker é divertido e instigante, porém nem todos transitam bem entre jogar presencial e virtualmente. Ao ser apresentado ao poker, é normal que aquele jogador escolha um “lado”. Geralmente onde ele tenha mais facilidade ou tenha simplesmente se dado bem a princípio. É comum ouvir jogadores dizendo frases do tipo: “não sirvo pro online”, “o site favorece x” e “live me deixa entediado”. Apesar de se tratar da mesma atividade, as práticas são bem diferentes. A ideia hoje é justamente apresentar algumas adaptações que auxiliam na transição de um para o outro, bem como desmistificar percepções rasas, porém bastante comuns.
A maior diferença entre poker live e online está relacionado a volume de jogo. Com toda a tecnologia disponível, em um mesmo espaço de tempo, o jogo virtual possibilita maior quantidade de mãos e torneios jogados. Soma-se a possibilidade de administrar várias mesas em simultâneo (multi-tabling). Exige-se aí a habilidade de controlar todas as telas sem comprometer a qualidade do jogo. Expertise que se ganha com muita prática aliado a uma boa base teórica, que acelera a tomada de decisões. Se as decisões são acertadas, dilui-se a variância e ocorre um “estreitamento” entre prática e resultados consistentes. Colocando em números e falando especificamente de torneios, por exemplo, é comum jogadores profissionais fazerem entre quinhentos e oitocentos torneios online por mês. Fato é que muitos passarão a vida toda sem alcançar esse número jogando presencialmente. Sendo assim, é inegável que o poker online traz muita experiência e aprendizado, simplesmente pelo fato que se joga e experimenta muito mais situações. Para quem deseja se aventurar no online, a dica é aumentar a quantidade de telas bem aos poucos. O limite máximo é sempre o ponto onde não se consegue mais tomar decisões pensadas, tornando-se um mero “clicador de botões”.
Muito da dificuldade de adaptação de jogadores live pro online está relacionado ao aspecto interpessoal que o poker live promove. Bons jogadores de poker live desenvolvem bem a sociabilidade do jogo. Jogadores que, por observação e experiência, interpretam bem a situação que estão passando e simplesmente as convertem em fichas e mais fichas. São os “malandros de jogo”. Estar em contato direto com as pessoas é totalmente diferente de lidar com jogadores dispostos em um monitor. No jogo presencial, nuances não passam despercebidos, o que enriquece a tomada de decisões. Não se trata de analisar um tamanho de aposta, um histórico e o tempo de ação. É fazer isso e ainda poder olhar no olho, nas mãos, na postura ou mesmo “dar uma falinha”. Diferente, prazeroso e praticável.
Devido à dinâmica mais lenta do poker live, alguns jogadores oriundos do online tendem a se sentir entediados ao se sentar em uma mesa presencial. Convenhamos que ficar largando mãos tendo outros vários torneios e ações em simultâneo é bem diferente de largar mãos em um único torneio, aguardando por várias vezes ações demoradas de outros jogadores. A falta de ação é prejudicial quando determinado jogador comete erros por se sentir entediado. Geralmente isso fica explícito quando ele joga mais mãos do que normalmente jogaria. A dica aqui é dosar disciplina, paciência e foco. Uma boa “fuga” é aproveitar o tempo da ação dos demais para ficar estabelecendo “ranges” dos mesmos. Uma forma de jogar sem estar na ação e ainda aprimorar a qualidade das decisões futuras.
Por fim, quanto mais o jogador se torna ciente do que está fazendo, mais se minimiza as dificuldades do jogo a ser praticado, seja presencial ou virtual. Estudar o jogo com maior profundidade, cercando-se de profissionais de referência, é um excelente caminho para enriquecer o próprio jogo e se tornar ainda mais competitivo. Sucesso nas mesas, boas festas e até a próxima.
