Nesta edição vou comentar um momento marcante que aconteceu comigo num sit and go online. Vamos ao cenário:
Quando se está super-short, é melhor entrar de raise do que esperar o pingo chegar – mas melhor ainda é pagar um raise quando voce não está nos pingos.
É preciso ter um jogo bem melhor para pagar um raise do que para dar um raise, essa é a regra (mais precisamente, trata-se do “conceito de gap”, estatuído por David Sklansky). Mas, no caso do diagrama, temos a exceção – que só serve para confirmar a regra. Assim, é muito mais interessante pagar do que executar um aumento. Isso ocorre porque você está em situação de blind out, ou seja, sendo devorado pelo pingo.
Alguém pode dizer: “Mas situações de blind out não são evitadas por quem sabe jogar sit and go corretamente?” Nem sempre. Pode-se perfeitamente perder um confronto de all-in pré-flop e ter-se uma pilha de 2 a 2,5 vezes o big blind.
No caso acima o all-in provavelmente não vai ser pago pelo BB e SB, então você, confrontando apenas um adversário, quase que triplicará e estará apto a voltar para o jogo. É a hora certa de dar uma de “bingueiro”, de apostador mesmo. A revolta no chat foi absoluta quando ganhei o confronto contra AJ-off “sem surpresa”! (risos), mas obviamente nem perdi tempo respondendo.
Quando alguém vem lhe ensinar poker no meio de um torneio online ou ao vivo, pode acreditar que é melhor ser surdo naquele instante. Quem tenta dar “lição de poker” após uma mão jogada, pode ter várias intenções, como mostrar que sabe jogar, chorar no seu ombro (“você me pagou com terceiro par da mesa?”) ou lhe manter no padrão que seria mais confortável na visão dele.
As duas primeiras opções são as mais comuns – o ego está normalmente nas fichas das pessoas. Se elas perdem as fichas, o dever de justificar a derrota é latente. Se outras pessoas ganham as fichas dos oponentes injustamente, deve-se demonstrar a própria maestria. Todos querem ser admirados no pano, mas a verdade é que muitas jogadas no poker despertam a fúria dos oponentes, e quando isso acontecer, não perca o foco nem fique se justificando.
Até porque, é bom que nem entendam seu move. Melhor ainda se acharem que você não sabe jogar. Claro que é muito fácil falar isso agora que entendo bem esse conceito – não jogo para provar absolutamente nada a ninguém. Às vezes surto e resolvo explicar algo, mas isso tem ficado a cada dia mais raro. Agora, vamos à situação contrária:
Quando você tem um super-short pelo caminho, considero o seguinte pensamento o mais importante: jogue levando em conta que aquele conceito acima não vai ser aplicado pelo short na maioria das vezes. É fato: na situação do diagrama abaixo, não tenha medo de roubar pingos!
Posição ideal para roubar os pingos. Você está atacando quem não está super-short, tem suited connectors, que possui muitas defesas em caso de call contra duas cartas altas (42%), e os pingos estão altamente apetitosos. Não tenha medo de o dealer lhe pagar, porque a chance de que ele não faça isso esperando uma melhor oportunidade é grande – é hora de “soltar o braço”!
Se você aprender a bancar o “bingueiro” pagando raises fora dos pingos quando estiver super-short, e não se assustar quando vir alguém nessa situação na mesa, estará apto a encarar de forma correta as decisões cruciais que se apresentam ao longo do torneio.
Desse modo, nunca jogue a toalha só porque você está mal em fichas. Faça o seu melhor sempre, mesmo que isso aparente ter sido uma jogada errada.