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Torneios só para mulheres

Sexismo ou inclusão?



22/03/2012
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Uma competição na qual homens e mulheres estão em pé de igualdade, mas um dos grupos fica proibido de participar, pode ser tachada de sexista? Ou isso funcionaria como uma forma de aproximar as mulheres dos feltros, esse mundo dominado pela testosterona?

O Século XX marcou o fim institucional da opressão contra as mulheres. Basta lembrar a revolução sexual dos anos 60 e 70, com feministas queimando sutiãs em praça pública, tomando pílulas anticoncepcionais e ocupando cargos de chefia em grandes empresas. E tudo isso é direito nosso, não um favor da sociedade.

Se, hoje, homens e mulheres estão em pé de igualdade, parte disso se deve a luta de mulheres como essas


No caso brasileiro, você já prestou atenção em quantas mulheres são responsáveis pelas contas da casa? Muitas. E pelo mundo afora, você está a par de guerreiras como Joumana Haddad, jornalista libanesa que luta pela liberdade feminina no Oriente Médio?

Você deve estar se perguntando qual a razão, então, de se criar esta exclusividade em um esporte mental no qual o gênero do praticante em nada influencia o resultado da partida. A resposta é simples: inclusão. Torneios para Elas não têm o intuito de segmentar em função de diferenças, mas apenas de incentivar uma – ainda – minoria.

O poker rapidamente se estabelece como um dos esportes mais praticados do país, mas tem presença esmagadora de homens, e ínfima de mulheres. Uma forma de equilibrar essa balança é criando eventos em que elas se sintam confortáveis e prestigiadas. A consequência natural será ver mais mulheres migrando para os eventos abertos.

Desde que criamos, minha irmã e eu, o Barbarella Poker, incentivamos os “Ladies Events”. Lá fora, a prática já é consolidada. No Brasil, é uma tendência, mas ainda não é forte o bastante. E mesmo entre as mulheres há divergências.

Alê Braga (esq.) e Maridu, jogadoras brasileiras de nível mundial


Quem acabou de subir no bonde do poker talvez não saiba, mas já existem jogadoras brasileiras brilhando aqui e no exterior, caso de Alessandra Braga e Maria Eduarda “Maridu” Mayrinck. Ambas são respeitadas e admiradas por homens e mulheres que jogam poker. Elas são carismáticas, inteligentes e mantêm a feminilidade mesmo em um ambiente predominantemente masculino.

Para as mulheres que já estão habituadas a participar de torneios abertos e também têm a sensação de que nós deveríamos estar mais presentes nesses eventos, um recado: aja como catalisadora.

E para conseguir isso, vale tudo. De mensagem para a amiga a telefonema para a avó, desde que haja o estímulo para que elas participem também. Quando os salões estiverem abarrotados de mulheres, quem sabe a gente não faz um torneio exclusivo para eles?


Khatlen Mitzi Guse

Generalista autoproclamada, a cofundadora do Barbarella Poker é uma típica gaúcha que adora falar muito sobre tudo...o que realmente interessa. Isso inclui poker, economia, moda e, claro, o esquema tático do Internacional.


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