No início da década de 1970, durante um turbulento período no Líbano, a família Hachem teve a coragem de procurar por ares mais seguros. Com as mochilas nas costas, trocaram sua terra Natal por uma ilha distante. Eles não estavam perdidos, muito pelo contrário, eles sabiam o que queriam e ao pisarem na Austrália, fincaram sua bandeira sem olhar para trás. Como os seus ancestrais, os fenícios, conseguiram desbravar novos territórios. E foi assim, com a nacionalidade australiana, e o sangue libanês, que Joe Haechem chegou ao topo do mundo do poker.
Já instalado na nova casa, Joe Hachem conseguiu escrever o seu destino sozinho. Com mãos habilidosas, iniciou sua carreira de quiroprático, e rapidamente já era procurado por multidões. Pessoas de todos os cantos, sejam eles remotos ou não, vinham atrás dos seus serviços. Casado e com quatro filhos, o seu futuro parecia estar desenhado, porém um desvio nada agradável ameaçou colocar tudo a perder. Suas mãos, as principais ferramentas do seu trabalho, foram invadidas por uma rara doença nos vasos sanguíneos, impedindo-o de manter a sua profissão, o seu sustento.
Afastado do trabalho, Joe Hachem intensificou sua presença nos cassino das redondezas. O que era diversão, com o tempo foi se tornando o seu ganha pão, e aquele pai de família quiroprático já começava a ser evitado nas mesas de poker. Após muitos anos no anonimato, o jogador resolveu se testar. Com a cara e a coragem, atravessou o mundo para participar do torneio mais importante do mundo, o Main Event da World Series of Poker (WSOP).
Ao chegar à cidade do Pecado, apesar do encanto com todo o brilho e charme do local, havia o receio de participar de um grande torneio, o maior do mundo. Sem conseguir sua vaga em satélites, Joe Hachem precisou pagar os US$10.000 do buy-in. No seu caminho, um verdadeiro exército. Ao todo, o evento contou com a participação de 5.619 jogadores.
Após nove dias nas mesas, apenas um homem estava à frente de Joe Hachem, o americano Steve Dannenmann. Lutando por dois países, e contra uma torcida, ele conseguiu manter a sua concentração e dominou as ações, se tornando o primeiro australiano a vencer o Evento Principal da WSOP. Pela vitória, 7.5 milhões de dólares, um tesouro tão grandioso que era preciso uma equipe para carrega-lo,
Depois do título, outra conquista grandiosa entrava para o seu currículo. No ano seguinte, ele cravou o World Poker Tour (WPT) Doyle Brunson North American Poker Classic, levando para casa outro imenso pote, dessa vez com US$ 2.500.000.
Joe Hachem continua morando na Austrália, apesar de constantemente receber convites para morar em Las Vegas ou em outras cidades dos Estados Unidos. O jogador é fiel as suas raízes. Para ele, os motivos do seu sucesso estão nas suas origens. Seu sangue libanês é a coragem necessária para encarar os desafios e não titubear nos momentos decisivos. Já seu espírito australiano é a calma para se recuperar após as derrotas e jamais desistir quando tudo parece estar perdido.
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.