Quando corria pelos corredores da sua casa, na Flórida, Jason Mercier sempre sentia a necessidade de provar alguma coisa. Ser o caçula do pedaço não era fácil, principalmente quando havia três irmãos mais velhos. O “pimpolho” sofria com as intermináveis brincadeiras, e nas competições entre os herdeiros ele sempre ficava por último, novamente. Foi perdendo que Mercier aprendeu a ganhar, e olhando para sua carreira no poker, o profissional aprendeu mesmo.
Desde jovem, esse predestinado garoto viu a competição correr nos seu sangue. No seu tempo de estudante, transformou seu nome em sinônimo de excelência nos esportes. Mercier praticou em alto nível, basquete, futebol americano e baseball, modalidade que era a sua praia. Se Mercier não tivesse se enveredado por outros caminhos, poderia estar rodando o país participando das ligas menores do baseball profissional.
Após concluir o ensino médio, conseguiu uma bolsa de estudos na Florida Atlantic University, e junto com a sua namorada foram morar na cidade de Boca Raton. Nos dormitórios, a amizade dos seus colegas de quarto lhe rendeu mais do que diversão e algumas ressacas inesquecíveis. Em meio a beliches e roupas sujas, ele aprendeu a jogar poker, e com o passar dos semestres, Mercier foi pegando gosto pelo jogo, até ficar completamente apaixonado pela modalidade.
O tempo que passava nos feltros já ultrapassava o período que frequentava as aulas, o que pesou nas suas notas. O tom vermelho no boletim indicava que a sua bolsa de estudos naufragara no seu ensejo de jogar poker, naquela época, Mercier jogava 60 horas por semana. O jeito era voltar para casa e estudar em uma universidade menor, capaz de aceitar os seus sonhos acadêmicos, e incapaz de afetar o seu destino no poker.
Para pagar a faculdade, Mercier trabalhava como substituto em um colégio da região. Quando algum professor não poderia estar presente, ele dava aulas de matemática e física. Apaixonado por números, em pouco tempo ele conseguiu transferir a sua paixão para os seus alunos, e ele só voltou a ser substituído quando ele pedia para sair de “campo”.
Lecionar o encantava, e a carreira no poker parecia fugir do script da sua vida, porém o desafio, eterno combustível da competição, colocou em cheque o seu futuro nas salas de aula. Após dois meses de ausência, voltou ao poker, e uma meta ocupava a sua mente ágil, entrar para o Supernova Elite, do site PokerStars. Para concluir o seu objetivo, Jason Mercier precisava jogar mais de dois milhões de mãos em um ano, e ele conseguiu.
O seu feito lhe rendeu diversos pontos no site, o que tornou possível sua viagem para jogar alguns eventos na Europa, inclusive o European poker Tour (EPT) Sam Remo, na Itália. Por muito pouco Mercier não fez a viagem que mudaria sua vida.
Um amigo de longa data seria sua companhia na viagem, mas ele precisou cancelar a excursão na última hora. Sem ter um ombro amigo no continente estranho, chegou a procurar quem quisesse comprar seu buy-in, porém acabou indo para a Itália. Após cinco dias por lá, saiu com € 869.000 no bolso e o primeiro grande título da sua carreira.
Após abrir a porteira, Jason Mercier não parou de ganhar. Em 2009 foi a vez de brilhar em Las Vegas, com a conquista do seu primeiro bracelete de ouro da World Series of Poker (WSOP). O título veio em um evento de Omaha, o $1.500 Pot Limit Omaha, sua modalidade preferida.
Dois anos depois, ele viria a conquistar seu segundo bracelete, e mais uma vez em um torneio de Omaha, o $5.000 Pot Limit Omaha (Six Handed).
Atualmente, Jason Mercier é apontado por muitos como um dos melhores jogador de torneios ao vivo do planeta.
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.