Navegando em águas turbulentas, Bryan Roberts ia em direção a uma guerra que não era sua. Compartilhando o sentimento da maioria dos seus companheiros, ele se perguntava, “por que estamos arriscando a nossa vida em mais uma guerra?”. Porém ele era um marinheiro, não cabia a ele decidir, e sim aceitar. E então com 19 anos, o jovem cruzou o mundo em direção a Coreia. Junto com milhares de americanos, foi à guerra para defender uma causa desconhecida.
Nativo da cidade de San Angelo, no Texas, Bryan Roberts não tinha muitas ambições na vida. Sujeito pacato, sua vontade era ficar por ali mesmo, construir uma família e viver a em paz. Mas a maré mudou, e o seu destino foi escrito de outra maneira.
No período de colegial, nas horas vagas corria para os campos de golf. Quando todos jogavam, ele ficava encarregado de carregar os tacos, e de palpitar quando solicitado. Nas quadras do colégio, impressionava pelas suas habilidades atléticas, e tinha até quem dizia aquele garoto poderia chegar ao profissionalismo em algum espote. Porém as projeções naufragaram.
Em 1959, se alistou na Marinha dos Estados Unidos, e ficou por lá durante os quatro anos seguintes. Ao lado de milhares de jovens, lutou na Guerra da Coreia, e abandonou o continente asiático sem saber o que eles foram fazer por ali.
Durante o serviço militar, aprendeu a jogar poker e percebeu que era um especialista quando o assunto envolvia cartas. Como ele dizia, “no exército você ama ou odeia as cartas. Se você amar, é porque está ganhando, se você odiar ...”. Além da experiência no poker, ao sair do regimento militar ganhou o apelido de “Sailor”, marinheiro, e o carregou por toda a sua carreira
De volta à terra que era sua, rodou os clubes de poker de todo o Texas. Por lá fez amizade com duas figuras que revolucionaram o poker, Doyle Brunson e “Amarilo Slim”. O trio se tornou inseparável, e por muito tempo fez a festa nas mesas de poker.
Depois de muitos anos de amizade, decidiram criar uma empresa que vendia informações sobre apostas. O projeto ia bem, porém em setembro de 1961, o Governo dos Estados Unidos considerou a prática ilegal. Doyle Brunson e “Amarilo Slim” abandonaram o “barco”, mas “Sailor” Roberts não abriu mão do projeto, e isso acabou custando um ano da sua vida. Ele ficou 12 meses encarcerado em um presídio de segurança mínima.
Antes de ir para a cadeia, ficou um ano ao lado do seu amigo Doyle Brunson, que enfermo não poderia sair da cama.
Em 1974 veio a sua primeira vitória na World Seiries of Poker (WSOP) com o título do $5.000 No-Limit Deuce to Seven Draw, torneio disputado na sua modalidade favorita, o seven draw. Porém a grande consagração da sua carreira viria no ano seguinte. Após derrotar Bob Hooks no heads-up, “Sailor” Roberts conquistava o torneio de poker mais importante do planeta, o Main Event da WSOP.
Depois de horas na mesa, se levantou, atirou o seu boné para cima e gritou de alegria. Não havia ninguém na torcida que não estava feliz por ele. Apesar de já ter sido preso, o mundo do poker sempre soube que ele era um home de extrema honestidade, simpatia e educação nas mesas.
Em 1995, o jogador faleceu vítima de uma cirrose. O marinheiro partia para um mundo melhor, deixando por aqui, um mar de fãs entristecidos com a sua perda.
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.