No extremo norte da Europa, a Escandinávia esconde os seus segredos. Terra dos vikings, foi de lá que guerreiros desbravaram o mundo há muitos séculos. Hoje, a região é conhecida pela sua tranquilidade e por ser recordista nos rankings de Desenvolvimento Humano. Nesse verdadeiro “universo parelho”, onde a paz é quem reina, jovens entram em conflitos quando o assunto é o poker. Agressivos, audaciosos e competentes, os dinamarqueses, finlandeses, noruegueses e suecos são adversários perigosos nos feltros, e um deles surge como o líder deste povoado, Gus Hansen, o Grande Dinamarquês.
Dono de uma inteligência fora do comum, desde jovem Hansen se interessou pelos números. Além da matemática, os esportes também eram a sua paixão. Ele vivia nas quadras de tênis, e quando chegava em casa, desafiava todo mundo para uma partida de gamão. O que para sua família era apenas uma brincadeira, para aquela criança era sério e ele conseguiu provar isso.
Com pouco mais de vinte anos, Gus Hansen resolveu se testar no gamão e viajou para Nova York. Por lá, mostrou como era realmente muito bom no jogo, e ainda fez amizades com duas figuras muito emblemáticas, Huckleberry Seed e Phil Laak. Ao lado dos seus novos amigos, teve o seu primeiro contato com um jogo que mudaria o seu destino, o poker.
A primeira modalidade que lhe apresentaram foi o Five Card Stud, e como um jovem apaixonado, ele não conseguia se desgarrar do seu novo amor. No ano seguinte, já participava da World Series Of Poker (WSOP), apesar da inexperiência no No-Limit Hold’em. Na visão de muitos, foi uma decisão estupida, mas o dinamarquês provaria mais tarde que valia a pena se arriscar quando você confia no seu potencial.
O tombo foi grande, mas o gigante de Copenhague não se abalou. Usou a queda como inspiração, e lá estava ele de volta a cidade de Las Vegas. No final do ano, quando todos usam alguns segundos da sua vida para refletir sobre o que aconteceu nos últimos meses, ele se deu conta de um fato inusitado, sua frequência nos feltros superava o seu tempo no gamão.
Completamente apaixonado pelo poker, desenvolveu uma estratégia, se arriscar sempre, procurar fugir do lugar comum. Muitos o consideravam louco, porém ele se manteve fiel ao plano traçado e logo começou a colher os frutos que caiam sob os seus pés.
Gus Hansen em entrevista a Mike Sexton após vencer o WPT 2008
Em 2002, na estreia do World Poker Tour (WPT), ele venceu o evento inaugural daquela promissora série. Após o primeiro título da sua carreira, pegou gosto pelo sabor da vitória, e voltaria a vencer no WPT mais duas vezes em um período de dois anos, se tornando um dos maiores jogadores da história.
Três anos mais tarde, Gus Hansen resolveu se arriscar ainda mais, e decidiu diminuir a sua participação nos torneios ao vivo. O plano era aperfeiçoar o seu jogo nos cash games, e a ideia foi um sucesso.
Gus Hansen venceu o Aussie Millions 2007
Na sua carreira em torneios ao vivo, Gus Hansen já faturou mais de 7 milhões de dólares e tem títulos em três renomados eventos, o WPT, a WSOP e o Aussie Millions.
Apesar do sucesso nos torneios ao vivo, Gus Hansen sofreu um pouco para começar a engrenar nos feltros online. Entre 2006 e 2010, o dinamarquês chegou a perder 9 milhões de dólares, um terço no ano de 2010. Porém, mais uma vez ele se reergueu, e em 2011 faturou 3.5 milhões de dólares na temporada.
Gus Hansen escreveu o livro "Todas as Mãos Reveladas", lançado pela Raise Editora, onde conta como venceu o Aussie Millions.
Atualmente, o jogador mora em Monte Carlo, no Principado de Mônaco. “O Grande Dinamarques” pode ser encontrado nos feltros dos principais torneios de poker do mundo, e em algumas quadras de tênis, nos campos de golf e próximo a um tabuleiro de gamão.
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.