Se você falar que o Nilton Batista Vieira deu carta na sua mesa, quase ninguém vai saber quem ele é. Caso você diga que o dealer em questão era o “Tininho”, a reação será inversa. Poucos são aqueles que não conhecem esse veterano croupier, homem simples que há mais de oito anos trabalha arduamente nos feltros de todo o país.
Passaram pelas mãos do “Tininho” vitórias incríveis nos feltros do BSOP, do LAPT e de outros grandes eventos. No dia primeiro de maio, o “Dia do Trabalho”, nada mais justo que conversar com aquele que não se cansa de ajudar o poker brasileiro.
Veja a entrevista que o Tininho concedeu a Card Player Brasil:
CPBR: Como o poker apareceu na sua vida?
Tininho: Eu trabalhava em um cassino clandestino aqui em São Paulo, e quando o poker começou a ganhar visibilidade na cidade, achei que seria interessante migrar para os feltros. Isso já faz mais de oito anos, no momento, eu vivo exclusivamente da profissão de dealer.
CPBR: Quais são as maiores dificuldades na hora de dar as cartas?
Tininho: Vou citar a maior dificuldade que nós temos: manter a atenção. Um dealer precisa ficar muito atento a tudo que acontece nas mesas, em certos momentos, os jogadores ficam conversando e se você focar no que eles dizem, pode se distrair e cometer erros que vão causar alguns estragos.
CPBR: Essa atenção faz de você um bom jogador de poker nas horas vagas?
Tininho: Eu não me considero um bom jogador, sou razoável.
CPBR: Qual o torneio que você mais gosta de trabalhar?
Tininho: Tenho um carinho imenso pelo Latin American Poker Tour (LAPT), mas o meu evento favorito é a Brazilian Series Of Poker
(BSOP). O sentimento é outro quando eu trabalho no BSOP, torneio que já me levou para todo o país.
CPBR: E fora do Brasil, você já trabalhou?
Tininho: Já dei carta no Paraguai, essa foi a minha única experiência internacional.
CPBR: Quem são os jogadores que você mais admira no poker?
Tininho: Eu gosto muito do Emerson Baroni, além de ser um craque, ele é uma pessoa sensacional. Também admiro o jogo do Cris Domeneghetti. Esses dois jogam demais, tenho um grande apreço por eles.
CPBR: Como você avalia o nível dos dealers aqui no Brasil?
Tininho: O nível aqui é ótimo, a profissão vem crescendo muito e tem bastante gente talentosa.
CPBR: Um dealer foi agredido durante o LAPT Brasil, isso já aconteceu com você?
Tininho: Nunca, agressão física eu jamais sofri, mas escutei diversos xingamentos ao longo da minha carreira.
CPBR: Qual foi o desempenho de um jogador que mais te marcou?
Tininho: Vou falar de dois campeões do BSOP, o Leonardo Vilela, na Costa do Sauípe e o Christian Kruel, no Rio de Janeiro. Ambos jogaram demais e mereceram ficar com o título do Main Event. O “CK” estava short e foi ganhando pote atrás de pote, um tremendo desempenho.
CPBR: Qual fato mais te marcou no poker?
Tininho: Não vou citar nomes para preservar os envolvidos. Uma vez, eu estava dando carta em um torneio em que pai e filho brigavam pelo título. O filho vinha atropelando os seus adversários,e ia vencer o evento com facilidade, porém ele tomou uma bad beat e ficou muito transtornado. Ele foi até o banheiro e lá dentro sofreu uma convulsão. O pai dele chegou na hora e ficou muito abalado. Presenciar essa cena me marcou muito.
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.