EDIÇÃO 88 » ESPECIAIS

Martin Jacobson - O melhor campeão dos últimos anos


Marcelo Souza
Depois de um insosso November Nine em 2013, o mundo presenciou uma das melhores mesas finais da história do Main Event da World Series of Poker. Para os brasileiros, o gostinho especial de ver, pela primeira vez, um representante tupiniquim brigar pelo título do torneio mais importante do poker. Para o resto mundo, a chance de assistir o poker em seu último nível — tudo isso graças ao talento dos três europeus que protagonizaram o 3-handed.

Nenhum dos finalistas jogou tão bem quanto Martin Jacobson, Felix Stephensen e Jorryt van Hoof. Dentre eles, qualquer um poderia sair com o título. O holandês Van Hoof fez o papel que se espera de um chip leader. Abriu muitos raises, aplicou 3-bets e pressionou seus adversários até o limite. Mas aos poucos todas as atenções começaram a se voltar para um dos menores stacks da mesa: Martin Jacobson.
 
Em entrevista à PokerNews, Van Hoof declarara que seu adversário mais perigoso era Jacobson — bem, ele tinha razão. Com precisão cirúrgica, o sueco pilotou seu stack de 20 big blinds por quase 10 horas, conseguindo chegar à casa de 50 big blinds apenas nas últimas mãos do dia, quando eliminou o norte-americano Tonking na 4ª colocação. O Dia 8 do Main Event se encerrou pouco depois, e dali até o título, o sueco sobrou.
 
E o que de melhor aconteceu no November Nine 2014, vocês acompanham agora:
 
9º MARK NEWHOUSE (ESTADOS UNIDOS) – US$ 730.725
Depois de terminar na 9ª colocação no Main Event da WSOP 2013, a última coisa que Newhouse queria era repetir o feito. Poucos dias antes, em entrevista à ESPN, ele afirmou que preferiria termina em décimo do que ser o primeiro a ser eliminado no November Nine novamente. Infelizmente, para o jovem de 29 anos, ele foi o primeiro a se despedir da mesa final do Main Event novamente,
Foram 56 mãos até que Newhouse fosse da 3ª posição à eliminação. Ao contrário do resto dos oponentes, ele jogou bem loose no início, o que lhe custou muitas fichas. Ele entrou em 16 mãos das 56 jogados (28,6%), um número bastante alto.
 
Na jogada que selou seu destino, ele deu call no raise de 1,1 milhão de Jorryt Van Hoof, e viu Willian Tonking fazer tudo 3,75 milhões do small blind. Van Hoof deu fold, mas Newhouse deu call.
 
O flop veio    . Tonking apostou 3,5 milhões e foi pago. O turn foi um  . Tonking pensou por um tempo até pedir mesa e viu Newhouse apostar 4,5 milhões. Ele pagou e quando o J apareceu no river, ele pediu mesa novamente. Newhouse não pensou por muito tempo e empurrou all-in. Depois quase um minuto no tanque, Tonking pagou e mostrou   . Em um misto de surpresa e frustração, Newhouse revelou seu    e saiu rapidamente do salão.
 
8º BRUNO FOSTER (BRASIL) – US$ 947.077
 
A participação do brasileiro Bruno Foster na mesa final foi mais curta do que o esperado. Longe mostrar o poker agressivo e criativo que o colocou no November Nine e em tantas outras decisões ao redor do mundo, ele acabou ficando short com o decorrer do jogo.
 
Na mão que o eliminou, do button, ele empurrou seus últimos 14 big blinds para o centro da mesa com 10Q. Felix Stephesen pagou instantaneamente no big blind com 77. O bordo 263K9 manteve a vantagem dos Setes do norueguês e o primeiro brasileiro a chegar na mesa final do Main Event da WSOP se despediu do torneio na 8ª posição.
 
Foster foi um dos jogadores mais tights dos finalistas. Das 100 mãos disputadas, ele entrou em 15 (15%), sendo o agressor em 13.
 
7º DAN SINDELAR (ESTADOS UNIDOS) – US$ 1.235.862
 
Sindelar foi eliminado pouco depois de Bruno Foster, na 106ª mão. Depois de perder um grande pote para Tonking, ele viu Felix Stephensen abrir 1,3 milhão do UTG. Na esquerda do norueguês, van Hoof fez uma 3-bet para 3 milhões com A3. Sindelar, com JJ, não pensou duas vezes foi all-in, dos blinds, de 9,15 milhões. Comprometido com o pote, van Hoof pagou. 
 
O flop,    , foi desanimador para Sindelar. Turn e river foram irrelevantes e mais um norte-americano deixou o torneio.
 
Sindelar jogou 30 das 106 mãos (28,6%) e foi o agressor em 20 delas.
 
6º ANDONI LARRABE (ESPANHA) – US$ 1.622.080
 
Larrabe foi um dos jogadores mais ativos no início da mesa, mas não por causa do seu perfil. O primeiro espanhol desde Carlos Mortensen (2001) a chegar na mesa final do Main Event da WSOP saiu com uma variedade de mãos valor, inclusive acertando duas trincas em menos de três órbitas. Mas depois que a “fonte secou”, ele acabou perdendo muitas fichas em um confronto com Billy Papas e, depois, desistindo de muitos potes para seu, até então, companheiro short stack Martin Jacobson.
 
Seu destino foi decidido na mão de número 140. Depois de van Hoof abrir raise de 1,8 milhão do button, ele empurrou últimas 8,3 milhões de fichas (10 big blinds) para o centro da mesa segurando 10J. Van Hoof pagou com K5, acertou top pair logo no flop e mandou mais um oponente para o rail.
 
Larrabe jogou 26 das 140 mãos (18,5%) e abriu raise em 15 delas.
 
5º BILLY PAPPAS (ESTADOS UNIDOS) – US$ 2.143.174
 
Qual foi o maior coinflip da sua vida? Para Billy Papas foi um de US$ 700.000, valor referente à diferença entre a 5ª e 4ª colocação. Quando Martin Jacobson saiu empurrando all-in de 24.425 milhões, Billy tinha AJ, um stack de 24.475 milhões e uma decisão a tomar. Ele optou pelo call, mas deve ter se arrependido quando o par de Cincos de Jacobson achou sua trinca logo no flop. 
 
Com seu stack se resumindo a 1/3 do ante, o ex-dealer e campeão mundial de pebolim caiu na mão seguinte para van Hoof.
 
Das 212 mãos disputadas, ele entrou em 35 (16,5%). O curioso é que até as duas últimas mãos, Papas tinha vencido todos as cinco mãos em que ele havia ido para o showdown.
 
4º WILLIAM TONKING (ESTADOS UNIDOS) – US$ 2.848.833
 
Tonking chegou ao November Nine com o terceiro menor stack, mas durante a disputa chegou a se tornar chip leader. Infelizmente, no seu caminho estavam solve Jorryt Van Hoof eMartin Jacobson, que foram acabando com o seu stack aos poucos.
 
Na mão que decidiu seu destino, ele empurrou seus últimos 20 big blinds depois do raise de Van Hoof do UTG. No small blind, Jacobson acordou com 1010. O par de Dois do último norte-americano do November Nine ficou pequeno e ele se despediu do torneio com um prêmio de consolação de quase US$ 3 milhões.
 
Tonking foi um dos jogadores mais ativos da mesa. Ele jogou 54 das 226 mãos disputadas (26%) e foi o agressor em 43 delas.
 
3º JORRYT VAN HOOF (HOLANDA) US$ 3.806.402
 
Favorito nas bolsas de apostas, Van Hoof começou o Dia 9 das mesma maneira que no Dia 8, como chip leader. Mas, ao contrário do que ocorreu no dia anterior, as coisas não deram certo para ele. 
Depois de perder grande parte do seu stack na tentativa de um hero call contra Stephensen, ele acabou caindo para Martin Jacobson. Do button, ele abriu raise para 3,6 milhões e viu Jacobson fazer uma 3-bet para 9,2 milhões do small blind. Van Hoof empurrou all-in 46 milhões com A5e foi pago. Um Cinco apareceu no flop, mas acompanhado do 10 que dava o top pair para A10 de Jacobson. Turn e river não mudaram a situação e Van Hoof se despediu sob aplausos do torneio.
 
Das 224 mãos jogadas até a formação do 3-handed, Van Hoof participou de 67 (30%), sendo o jogador mais agressivo da mesa.
 
 
1º MARTIN JACOBSON (SUÉCIA) – US$ 10.000.000 X 2º FELIX STEPHENSEN (NORUEGA) – US$ 5.145.968
 
Após eliminar Van Hoof, o título era questão de tempo para Martin Jacobson. Com uma vantagem de quase 3-para-1 em fichas, seria difícil imaginar que aquele homem, que não cometera erros até ali, perdesse o título. As 34 mãos seguintes confirmaram o que todos esperavam.
Jacobson dominou o heads-up e quando a mão final aconteceu, ele tinha 170 milhões contra apenas 28 milhões de Stephensen. 
 
Do button, Stephensen abriu raise para 3,5 milhões. Jacobson o colocou em all-in e foi pago. O sueco tinha 1010 contra A9 de Stephensen. Para quem esperava emoção ou um Ás para dar contornos dramáticos ao duelo, o 10, logo no flop, foi um banho de água fria. Fim do jogo, fim da WSOP 2014.
“Eu ainda não pensei o que farei com o dinheiro. Meu foco era apenas em ser o campeão. Isso é o que realmente importa para mim”, disse o maior campeão dos últimos anos ao final da disputa.
 
 
O QUE OS PROFISSIONAIS DISSERAM SOBRE A VITÓRIA DE JACOBSON
 
“Poucas vezes um título foi tão merecido! Martin Jacobson mostrou um equilíbrio fora do comum e um poker de altíssima qualidade!” (Alexandre Gomes)
 
“Qualquer um do 3-handed que levasse seria justo para o poker, mas o Jacobson mereceu demais, incrível!” (André Akkari)
 
“Assistir a essa mesa final reacendeu a minha paixão pelo jogo. Poker é um jogo que nunca será dominado, mas esses três caras (Jacobson, Van Hoof e Stephensen) estão perto disso.” (Daniel Negreanu)
 
“Incrível o que fez Martin Jacobson na mesa final. A melhor atuação nos feltros ao vivo que eu já vi. Você merece demais esse título.”  (Jamie Gold)
 
“Que performance incrível de Martin Jacobson no Main Event. Nem sempre o melhor jogador da mesa final vence, mas neste ano isso ocorreu.” (Phil Hellmuth)
 
Ficha Técnica:
45ª edição do Main Event da WSOP
Data: 05 a 14 de julho; 10 e 11 de novembro
Local: Rio All-Suite Hotel & Casino (Las Vegas - EUA)
Buy-in: US$ 10.000
Field: 6.683
Prize pool: US$ 62.825.752
 



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