EDIÇÃO 86 » COLUNA NACIONAL

Fazendo Anotações dos Oponentes - Parte 2


Ramon “PESCANCO” Sfalsin
Na edição anterior, vimos sobre o que vale a pena anotar de seus adversários em situações pré-flop. Nesta edição, falarei sobre o pós-flop. E para entrar nesse assunto é importante entender o conceito de “apostar por valor”. 
 
Muitos jogadores cometem o erro de apostar só porque acham que estão ganhando a mão. No entanto, apostar representa força e pode fazer o oponente desistir de todas as mãos fracas que estávamos ganhando. Claramente, não é isso que queremos. Um dos nossos objetivos é sempre manter as piores mãos do oponente no pote, pois são delas que vamos ganhar mais fichas. Portanto, “apostar por valor” é quando no range de call do oponente estão mais mãos que estamos ganhando do que perdendo.
 
Em situações pós-flop, algumas vezes, eu anoto uma mão inteira que o vilão jogou, desde que eu seja capaz de interpretá-la futuramente e ter, rapidamente, informações dos seus padrões, levando em consideração as dicas que mencionarei logo abaixo. Os notes a seguir talvez sejam os mais importantes para suas decisões futuras.
 
1. RANGE DE APOSTAS 
 
A maioria dos jogadores têm tendências a passar a vez e controlar o tamanho do pote com mãos de médio valor, principalmente para manter as mãos piores do oponente na rodada.
 
Por exemplo, o flop vem A-6-2, e você viu o jogador dando check behind (pedir mesa logo após o seu oponente fazer o mesmo) com mãos que não são tão fortes nesse flop, como A-4 ou J-J. Nesse caso, é provável que ele tenha tendências de controlar o pote, já que uma aposta mostra força e, consequentemente, iria espantar as mãos fracas que ele poderia estar ganhando (como 5-5 ou K-Q).
 
Outro exemplo seria quando o jogador aposta com K-J no flop J-7-4, mas dá check em um turn que não muda muito a situação, como um Dois. Nesse caso, se o jogador também apostasse no turn, mostraria tanta força que faria o oponente desistir de mãos medianas (9-9 ou 7-8) e até de um Q-J ou Q-T.
Se esse tipo de jogador apostar forte no flop e soltar outra aposta forte no turn, em um bordo tipo K-4-3-4, suas mãos tendem a ficar restritas a A-A, A-K ou simplesmente blefes, já que com mãos médias, como K-J, K-T, Q-Q e J-J, ele provavelmente pediria mesa no flop ou no turn para controlar o tamanho do pote e manter as mãos fracas do oponente na rodada.
 
Então, aqui, eu anotarei algo como: “Jogador tem tendências de controlar o pote com mãos medianas”. Há jogadores que têm um range pulverizado e que também apostam com mãos médias, seja por não terem ideia do que estão fazendo ou para confundir o adversário e, nesse caso, eu anoto: “Seu range de apostas é desbalanceado”.
 
2. TAMANHO DAS APOSTAS PÓS-FLOP
 
Cada jogador tem um padrão diferente no tamanho das apostas pós-flop — principalmente iniciantes e amadores —, mas bons jogadores têm procurado manter um padrão de apostas para confundir seus oponentes, seja blefando ou com um monstro. No geral, todos os tipos de jogadores têm apostado cerca de metade do pote, independente da força da mão, pois esse valor não é um investimento tão alto para blefar e nem fica barato para o oponente pagar. Porém, há jogadores que apostam 2/3 ou 3/4 do pote, principalmente no flop, quando possuem jogos fortes, e 1/3, quando possuem combinações fracas, e vice-versa. 
 
Eu tento anotar o que o tamanho das apostas das pessoas no pós-flop significa, levando em consideração todo o contexto dos tópicos anteriores, procurando escrever algo como: “Apostas de 1/3 com mãos médias”, “aposta de 3/4 com uma mão de médio valor no turn”. Em situações pós-flop, prefiro anotar uma mão inteira que o vilão jogou, desde que eu seja capaz de interpretá-la futuramente e ter informações dos padrões do oponente rapidamente.
 
3. TRANSFORMAR MÃOS DE VALOR EM BLEFE
 
Aqui, eu anoto se jogador é capaz de fazer uma raise, com uma mão de valor médio, para o oponente dar fold em mãos que poderiam estar ganhando dele. Por exemplo: o bordo é J-9-3-2-K e o jogador dá raise com Q-J no river. Mesmo tendo somente um segundo par, o raise no river mostra muita força e pode fazer um oponente desistir de diversas mãos para quais o jogador estaria perdendo, como A-K, K-T e até mesmo dois pares. Contra esse tipo de jogador, vou evitar alguma aposta por valor duvidosa para evitar tomar um raise e ficar numa situação desconfortável, principalmente no river. Contra eles, faço um notes do tipo: “Capaz de transformar uma mão de valor médio em blefe”.
 
Há jogadores que são extremamente cautelosos e controlam o pote em qualquer circunstância. Uma raise desses jogadores, geralmente, indica um monstro ou um blefe puro, principalmente no turn ou no river.
 
É de suma importância manter a atenção na mesa para observar os padrões dos seus oponentes. Se você quer assistir televisão, conversar no Skype ou qualquer outra coisa, tenha em mente que está diminuindo seus lucros. 
 
Espero que essas dicas te ajudem a maximizar os resultados e melhorar a sua metodologia dentro do game. 
 
 
 
Quando for fazer uma anotação, usar abreviações pode facilitar, tanto na hora de escrever quanto na hora de ler. Adapte-se à melhor metodologia de trabalho, crie seus próprios notes. Veja alguns exemplos:
 
cb = continuation-bet
3b = 3-bet
4b = 4-bet
5b = 5-bet
ch/b = check behind
ch/ch = check e check
ch/c = check e call
ch/r = check e raise
r = rainbow
fd = flush draw
tptk = top par e top Kicker
ip = in position (em posição)
oop = out of position (fora de posição)
t800 = blinds 400/800
 



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