EDIÇÃO 83 » COLUNA INTERNACIONAL

Velozes e Furiosos – Parte II

Esta é a segunda parte do meu artigo sobre torneios turbos. Antes de continuar lendo, sugiro que leia a primeira parte, publicada na edição 82 da Card Player Brasil.


Jonathan Little
DICA #4: Preste atenção no seu oponente e se ajuste de acordo com ele
Quando seus oponentes ficam com poucas fichas e começam a empurrar all-in, você deve saber se eles têm uma mão forte ou um range cheio (mãos fortes e fracas). Se o seu adversário é tight, você deve simplesmente dar fold, a menos que tenha uma mão decente. Se ele está entrando de all-in com frequência, ele possui um range amplo, o que faz com que você possa dar call com uma gama maior de mãos. Para determinar isso, você deve ficar atento a suas tendências.

Uma situação frequente é quando jogadores com cerca de 15 big blinds empurram all-in. O bom jogador terá um range balanceado. Em seus all-in estarão mãos premium e marginais. Já o range do jogador fraco terá, basicamente, mãos que são fracas para dar um pequeno raise, mas que são fortes demais para o fold. Isso significa que esse tipo de jogador raramente estará segurando mãos como A-A, K-K, Q-Q e A-K. Com isso em mente, você deve ficar feliz em pagar com um range bem amplo, que seria algo com AT+ e 77+. Essas mãos irão demolir o range de push (all-in) do adversário. Se você pagar e seu adversário mostrar uma mão premium, tome nota e faça os reajustes necessários no futuro.

Eu sugiro que você faça o download de uma calculadora de poker e aprenda a equidade de várias mãos contra os ranges de push do adversário. Também aprenda a calcular suas jogadas em cima da estrutura de premiação. Isso é uma teoria básica do sit-n-go, chamada ICM (Independent Chip Model).

DICA #5: Fique atento ao relógio. Use-o a seu favor, mas com integridade
Voltando ao torneio que ganhei (€5.300 Turbo do EPT), citado na coluna anterior, eu continuo pensando em uma jogada em que não agi bem. Minhas cartas eram irrelevantes, já que eu não tinha nada no small blind e acabei dando fold, mas eu devia ter esperado uns 15 segundos antes de realizar a ação. O próximo nível de blinds começaria em 15 segundos, o que obrigaria os próximos blinds, que tinham 12 bbs, a pagarem um pouco mais. Se eu tivesse esperado, eles ficariam com 8 bbs em vez 12. Isso aumentaria, drasticamente, a minha equidade para empurrar all-in com um range de mãos bem maior.

Algumas pessoas acham que é antiético, mas é algo que deve ser utilizado. Veja bem, se os blinds fossem aumentar dentro de um minuto, obviamente, não seria legal a enrolação. A linha entre o que é e o que não é ético, nesse tipo de situação, é tênue e cada jogador tem uma opinião própria. Para mim, isso não influencia muito no jogo. Não há nada demais em usar um pouco de tempo se, normalmente, você toma suas decisões de maneira rápida. Em outros esportes, times que usam o tempo de maneira inteligente levam vantagem em momentos decisivos. 

Mas também não adianta ficar pensando uma eternidade em cada mão. Quem faz isso joga menos mãos do que os jogadores das outras mesas, o que vai diminuir bastante a sua chance de vencer o torneio.

DICA FINAL: estude, estude, estude
Se você quer dominar qualquer forma de poker, é preciso gastar horas nas mesas, sim, mas também fora delas, tentando entender o que fazer em momentos padrão. Esse conceito se encaixa perfeitamente no jogo short-stacked, já que a maioria das situações pré-flop são puramente matemáticas.

É preciso saber com quais mãos você deve empurrar, de qual posição e com todos os tipos de stacks. Assim como você deve saber quando pagar um all-in, especialmente contra jogadores agressivos. Quando você dominar esses dois aspectos, poderá focar em outras coisas da mesa, como pegar tells dos adversários.
 
Duas maneiras simples de melhorar o seu jogo é praticar em limites baixos de torneios turbos e também com os seus amigos em home games. Se isso não lhe levará a perfeição, pelo menos, lhe dará alguma ideia em que você precisa trabalhar no seu jogo.



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