EDIÇÃO 8 » ESPECIAIS

Gabriel Almeida - O Fenômeno que vem de Minas


Amúlio Murta

A nova revelação do poker brasileiro vem das montanhas das Minas Gerais. Gabriel Almeida já possui em seu currículo um histórico que fez tremer as estruturas do poker nacional.

Jogando há menos de 1 ano, já chegou a diversas mesas finais e faturou, só nos últimos três meses, dois dos maiores torneios realizados no país: a 1ª etapa do BSOP, em São Paulo, e o Federal Poker Weekend 100K, em Brasília.

Não bastasse a participação em diversas outras mesas finais grandes em eventos live, o mineiro possui ainda expressivos resultados online – tudo isso em menos de um ano.
Com um desempenho tão expressivo, Gabriel, de apenas 19 anos, vem sendo chamado de “fenômeno” pela comunidade do poker. Jogadores consagrados já o consideram uma das maiores promessas do Texas Hold’em nacional.

E a CardPlayer Brasil conversou com esse jovem talento.

Amúlio Murta: Como era sua vida antes do Poker, Gabriel? É verdade que você tinha um grande futuro como tenista?

Gabriel Almeida: Isso mesmo, Murta. Eu joguei tênis a minha vida inteira. Vem daí o meu nick “kafelnikovz”. Quando completei 18 anos estava quase me profissionalizando, mas decidi parar, e foi aí que eu descobri o Hold’em. Como a maioria dos jogadores do país, conheci o grande jogo através da ESPN. Comecei a assistir ao WSOP e foi paixão à primeira vista. Logo depois entrei na Internet e busquei maiores informações. Foi quando descobri os sites para jogar. Comecei com os freerolls do PokerStars. Para mim, poder ganhar algum dinheiro com isso era um sonho. Alguns resultados começaram a aparecer e, vez por outra, via um dinheirinho aqui, outro ali. Então comecei a estudar e me dedicar com mais atenção ao esporte, e acabou dando certo.

AM: E jogando ao vivo? Como foi o seu começo no feltro?

GA: Eu não tinha bankroll para jogar. Nesse período eu trabalhava e ganhava mais ou menos R$200,00. Na época, descobri um circuito em BH que se chamava CSOP. O buy-in era de R$50,00. Então eu recebia os duzentos reais e já separava os R$50,00 do CSOP, que eu fazia questão de jogar. Depois descobri os torneios da Federação Mineira e passei a disputá-los também.

AM: E como foi que surgiram os primeiros resultados?

GA: Bem, no CSOP, já na primeira vez que joguei, fiquei em 7º. Aí, peguei mais algumas mesas finais. Na primeira vez que eu disputei uma etapa do Campeonato Mineiro, organizado pela Federação Mineira de Texas Hold’em (FMTH), eu ganhei, e na seqüência já engatei a etapa mineira do BSOP.

AM: Logo em seguida, pela primeira vez, você jogou essa etapa do BSOP. Como foi o torneio?

GA: O bacana foi que eu ganhei a etapa do Mineiro no sábado, e no outro final de semana seria realizada a etapa do BSOP em Belo Horizonte. Engatei um satélite para tentar a vaga porque eu não tinha bankroll para jogar o torneio.  O satélite foi realizado na segunda-feira. Ganhei e levei a vaga. Acabei jogando o BSOP no outro fim de semana e consegui o 5º lugar, o que me deixou muito feliz.

AM: Ainda falando sobre o BSOP. Trata-se de um torneio com o qual você tem uma forte identificação. Na primeira vez em que o disputou, conseguiu fazer uma mesa final; na segunda, o Heads-up, que acabou batendo na trave. Agora, finalmente, veio a redenção com a conquista da 1ª etapa em São Paulo.

GA: Aí, sim! O BSOP é um torneio que eu gosto muito. Tem uma estrutura com blinds aumentando a cada 45 minutos, além de a gente começar com 10K em fichas. Isso privilegia a habilidade, você tem mais tempo para falar e trabalhar o seu jogo. Eu gosto muito desse tipo de torneio.

AM: Você é um jogador muito novo, que vem conquistando resultados expressivos. Naturalmente, essas conquistas trazem muitas cobranças e rótulos. Você se incomoda em ser chamado de “fenômeno”, ou não sente o peso desse tipo de colocação? Como você encara toda essa agitação em torno do seu nome?

GA: Eu já assimilei bem isso. Não tenho receio com relação a esse tipo de colocação. Na verdade, eu acho até gostoso o que está acontecendo. Curto as pessoas virem falar comigo, me dar os parabéns pelos resultados. Além do que, tem muita gente me procurando pedindo conselhos, me mandando mãos para serem analisadas. Com relação aos rótulos, eu lido muito bem com tudo isso, não sinto a pressão. Meu jogo é bem agressivo e, no Poker, em minha opinião, é importante saber lidar com essas coisas. É preciso ser frio. Então, isso ajuda nesse aspecto.

AM: O Texas Hold’em é um esporte que ainda enfrenta certo preconceito no país, e o caminho de quem abraça essa carreira, principalmente no início, é sempre complicado. Você, que é muito jovem, deve ter tido problemas em casa. Como seus pais reagiram quando souberam que você estava jogando poker? E agora, como eles estão vendo essa sua decisão?

GA: No começo, ninguém gostava (risos). Quando eu cheguei em casa e falei com meu pai: “Tô jogando poker”, eles ficaram loucos, acharam que eu ia perder a casa etc. Mas então comecei a explicar o jogo e, quando os resultados começaram a aparecer, eles passaram a entender. Atualmente a situação está muito tranqüila, meus pais têm me apoiado. Agora meu pai chega me perguntando: “E aí, filhão, quanto você forrou hoje?” (risos).

AM: Você começou jogando online e depois migrou para o live, e tem se dado bem nas duas modalidades. Quais as diferenças entre o seu jogo ao vivo e online? Qual você prefere, e por quê?

GA: Eu gosto muito das duas. Considero o online um pouco mais duro, muito embora tenha obtido meus melhores resultados no live. Mas me identifico mais com o online, tanto pela comodidade quanto pelo valor da premiação.

AM: Do meio do ano passado para cá viemos observando seu jogo e percebemos uma grande evolução. Você tem apresentado uma leitura mais apurada da mesa e de seus adversários. Em uma conversa anterior, você me disse que estava praticando até 8 horas por dia. O que você considera que ainda precisa aprimorar no seu jogo?

GA: Meu jogo tem evoluído muito, Murta. Desde o começo eu vejo uma grande melhora e os resultados estão comprovando isso. Mesmo estando no estágio em que eu cheguei, tenho muita coisa a melhorar. Como te falei, sou bem realista e não crio falsas ilusões. Meu sonho é chegar entre os “tops” mundiais, mas acho que o caminho para a concretização é longo e muito árduo. Por isso, sei que tenho muita coisa para aprender ainda.

AM: Você tem uma relação muito próxima com o Osvaldo Naves, presidente da FMTH. Conte um pouco sobre como nasceu essa amizade.

GA: Fiquei conhecendo o Osvaldinho nos torneios da Federação. Comecei a freqüentar a sede da FMTH e a jogar algumas mesas lá. Ele sempre foi um cara muito bacana, gente finíssima. Sempre me ajudou bastante, me dando muitos toques e dicas quando eu ainda não sabia nada. A amizade nasceu assim. 

AM: Belo Horizonte é uma cidade onde o Texas Hold’em tem se solidificado, mostrando um crescimento considerável. Como você vê o panorama mineiro? Existe algum jogador da nova geração que tem chamado sua atenção?

GA: Aqui em BH, que é onde eu mais jogo, vejo um enorme crescimento do esporte. Vejo também uma evolução no nível dos competidores. O pessoal tem jogado muito duro e existem diversos nomes que eu poderia citar aqui. Mas, se há um nome que eu acho que vai se destacar e vai ficar conhecido em breve é o Caio Pimenta. Ele já tem muitos resultados, mas ainda não é conhecido. Porém, tenho certeza de que isso é só questão de tempo, porque o “moleque” tem futuro!

AM: Infelizmente, ainda teremos que esperar um tempo para ver sua estréia no WSOP. Assim, quais são os seus projetos para o futuro? Já passa pela sua cabeça disputar algum evento internacional?

GA: Tenho sim planos de estrear no circuito internacional ainda em 2008. Pretendo disputar uma ou duas etapas do EPT. O WSOP é um sonho, e está nos planos. Mas, por enquanto, vamos ter que esperar dois anos.

AM: Gabriel, para encerrar, vamos fazer um bate-bola rápido para que os leitores da Card Player Brasil possam conhecê-lo melhor.

Uma comida: sanduíche
Uma bebida: milk shake... (risos)
Uma mulher: minha mãe
Um lugar: Cabo Frio
Um hobby: tênis
Um jogador: Brasa
Um sonho: Las Vegas
Uma mão: 7-6 naipadinho... (risos)
Texas Hold’em: esporte

AM: Valeu, Gabriel, foi um prazer conversar com você.

GA: Obrigado, Murta, o prazer foi meu!


Galeria de Títulos
- Campeão da 1ª etapa do BSOP 2008, em São Paulo
- Campeão do Federal Poker Weekend, em Brasília
- Campeão da 6ª etapa do Circuito Mineiro, em Belo Horizonte
- Campeão do $33 10k Gtd BestPoker
- Campeão da 1ª etapa do Desafio Best Poker Team 2008
- Campeão do 5k Leader Board do Party Poker
- Campeão do $22 Surprise do Party Poker
- Campeão do $33+r 10k Gtd PartyPoker
- Campeao do 20k Gtd do Party Poker
- 2º lugar no Torneio dos Campeões do BSOP 2007, em Belo Horizonte
- 2º lugar no Second Chance do 1º Torneio da CBTH, no Rio de Janeiro
- 3º lugar no $44 Speed PartyPoker
- 3º lugar no $33 10k Gtd BestPoker
- 4º lugar no $163 65k Gtd FullTilt
- 4º lugar no $109 20k Gtd PartyPoker
- 4º lugar no Leader Board do Party Poker
- 5º lugar no BSOP, em Agosto 2007, em Belo Horizonte
- 6º lugar no $55+r PokerStars
- 7º lugar na 5ª etapa do Desafio Best Poker Team 2008
- 7º lugar no $54 10k Gtd Brazilian Daily do BestPoker
- 8º lugar no $108 110k Gtd do BestPoker
- 10º lugar no $108 150k Gtd do BestPoker
- 15º lugar no I Brasil Poker Fest, em Campos do Jordão




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×