Saudações, fãs da CardPlayer! Recebi a oportunidade de dividir com vocês minhas idéias sobre poker e estou bastante ansioso para desafiá-los com elas. Você poderá ler meu blog em www.CardPlayer.com pelo menos toda sexta-feira, e quase toda semana haverá atualizações adicionais. Para reflexões estratégicas mais longas, minha coluna aparecerá aqui na revista regularmente. Vocês também estão mais do que convidados a acompanhar todos os meus passos, deixando perguntas na sessão “Ask Gus”, lendo as últimas novidades em “Gussip” ou acompanhando um blog ao vivo sobre todos os torneios que jogarei, na minha nova comunidade online, em www. ThePlayr.com.
Pode parecer que há um erro no título dessa coluna, já que geralmente quem é tachado de “maníaco” sou eu. Mas isso era antes, não agora!
Durante cinco anos, produtores de TV trabalharam duro para me rotular de “insano”. Eu acho justo dizer que eles tiveram êxito. Enquanto isso, o poker evoluiu ao redor do mundo. É difícil dizer se o maior impacto vem da exposição das famigeradas estrelas na TV ou das inúmeras horas jogadas em computadores, mas o que sei é que não sou o único que tem jogado dessa forma. Especialmente os jogadores mais jovens que se reúnem nos torneios hoje em dia mostraram gostar muito do estilo kamikaze de jogar. Aliás, eu não sei nem se sei jogadas suficientes para me enquadrar na categoria dos “maníacos” hoje em dia. Talvez eu jamais tenha me enquadrado!
“Dmmikkel” Enlouquece no Main Event
Vamos voltar ao quarto dia do Evento Principal do World Series of Poker 2007. Eu tinha atravessado três dias com um excelente estoque de fichas, sem sequer correr o risco da temida eliminação. Eu ainda não tinha entrando em nenhum pote com all-in, mas estava na parte de cima da bolha, entre os chip leaders. O quarto dia estava fluindo, mas não tão bem quanto eu esperava. Eu não estava ganhando muitos potes e meu stack diminuía à medida que os antes e blinds subiam. Meu primeiro all-in foi de TT contra QQ de Tuan Lam, e tive sorte de sobreviver quando bateu um T no bordo. Isso me colocou de volta no jogo, com cerca de 1,8 milhões em fichas. Infelizmente, uma horrível mudança de lugar estava para acontecer, e eu iria enfrentar o impressionante chip leader, o norueguês Dag Martin Mikkelsen, conhecido na internet como “dmmikkel”. Eu observei cautelosamente enquanto Dag Martin aumentava pote após pote e fez com que fosse muito difícil para qualquer um respirar naquela mesa.
Eu, é claro, não permitiria que ele mantivesse esse ritmo sem pelo menos tentar fazer com que ele fosse embora — o que era mais fácil na teoria do que na prática. Depois de chegar à mesa, eu consegui jogar apenas uma mão contra o ex-campeão mundial Scotty Ngyuen, que acabou em um pote dividido. Então, eu mostrava uma abordagem bastante conservadora em minha nova mesa, tendo jogado apenas uma dentre 23 mãos, e inocentemente acreditei que tinha ganhado um pouco de credibilidade. Agora era hora de dar um fim ao reinado de terror de Dag. Tudo parecia se encaixar perfeitamente quando o norueguês, conforme o esperado, aumentou a duas posições do button, para $60.000 (três vezes o big blind) e eu olhei para baixo e vi A♠Q♦. Era uma boa mão para um reraise – estávamos diante de um enredo bem escrito, no qual eu ganharia mais de 100.000 e mandaria uma mensagem para a Noruega – então eu coloquei 220.000, o que seria suficiente para dizer até ao Homo Sapiens mais teimoso que eu não estava de brincadeira. Tudo fazia sentido, mas acho que esqueci de que nada faz sentido para um maníaco. Dag estava embalado e não deixaria um “Gus Hansen-velho-que-não-é-mais-o-que-já-foi-um-dia” interferir em seus planos. Na mesma hora ele adicionou $350.000 à equação, o que totalizava $570.000 e repentinamente me colocava na corda-bamba. Estaria ele tentando me assustar com um reraise pequeno? Será que ele realmente tinha algo dessa vez? Seria eu eliminado do WSOP 2007 em uma trombada idiota? Basicamente, todas essas eram questões que ninguém quer fazer quando está diante de uma decisão difícil em uma mesa de no-limit hold’em — pelo menos não a ponto de ficar óbvio para você que a dúvida e o medo se apossaram de sua mente. Eu fiquei triste e desiludido, e queria apenas sair dali com a maioria de minhas fichas intocadas e esperar por um melhor dia de amanhã. Não preciso nem dizer que dei fold.
Dag Martin mais tarde me disse que tinha duas cartas boas contra meu A-Q — provavelmente algo como 9♣7♣. Eu tenho certeza de que a mão foi mostrada na TV: eu não vi, então não pude conferir.
Recapitulação Sobre os Maníacos
Duas questões óbvias vêm à mente: o que eu fiz de errado e o que posso aprender com essa pequena batalha de raises pré-flop?
1. Meu erro foi não processar todas as informações disponíveis. Eu estava concentrado apenas no fato de querer voltar reraise, e realmente tinha mão para isso. Eu não fiz nenhum ajuste em relação ao tamanho dos stacks ou à linha de raciocínio do meu oponente “estrela do rock” escandinavo. Ser capaz de manter a calma no longo prazo e não ficar frustrado quando alguém lhe irritar irá lhe garantir decisões melhores, que inevitavelmente irão se transformar em resultados melhores. Eu poderia ter pagado, ter visto um flop barato e então apostado se tivesse acertado alguma coisa. Ou poderia ter jogado como joguei, com a exceção de ter ido de all-in em vez ter largado a mão. Em vez disso, eu escolhi o caminho do meio, que me deixou com nada mais do que um ego ferido e um stack menor.
2. Embora eu tenha sido o único a colocar uma pressão séria na enorme pilha de fichas de Dag Martin, isso não o afetou nem um pouco. Ele estava em uma missão, e você teria que mostrar a melhor mão no river para derrotá-lo. Ou, em outras palavras — ele simplesmente não se importava. Portanto, cuidado da próxima vez em que se deparar com um maníaco de verdade. E, acredite, isso irá ocorrer, pois eles têm crescido em número e em sucesso. Prometa que não vai agir como eu e ir até a metade do caminho. Contra Dag Martin e seus colegas “insanos”, é tudo ou nada! ♠
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