EDIÇÃO 8 » COLUNA NACIONAL

Heads-up na cabeça

Dois pontos importantes


Christian Kruel

Desde o meu último artigo aqui na CardPlayer Brasil, consegui uma boa seqüência de resultados em multi-tables na internet. Foram diversas mesas finais, e quatro delas resultaram em um título e outras três primeiras colocações, em torneios onde há premiações interessantes e um nível de jogo bem avançado.

Estou dividindo esta alegria com vocês, pois quem acompanha meu blog sabe que sempre estou jogando heads-ups online, mesmo tendo consciência de que depender disso para gerar o profit principal é bem difícil e desgastante. Não estou dizendo que não seja possível, mas acredito que existam variantes melhores para fazer dinheiro, em termos de ROI% por hora. Eu nunca deixei de jogar os heads-ups, pois, além de gostar muito, acredito que essa modalidade seja a que propicia mais desenvolvimento ao seu jogo.

O Raul me disse, anos atrás, uma frase que sempre guardo: “Quem domina o heads-up, domina o jogo, pois quase todas as mãos em mesa cheia terminam em um combate mano a mano”. Assim, resolvi trabalhar dois pontos importantes em relação a essa situação: posição e raise. Vamos a eles:

Posição
É o fator mais importante quando se está jogando heads-up: ou você tem essa vantagem para o resto da jogada ou não tem – não há meio-termo.  Muitas apostas de jogadores amadores são feitas sem levar em conta a posição na qual se encontrará depois do flop. Por exemplo, suponhamos que haja nove jogadores na mesa e você seja o quinto a falar. Os quatro primeiros dão fold. Caso você aposte aqui, em qual posição estará depois do flop? Se for pago pelos dois jogadores seguintes e os blinds largarem a mão, estará numa posição ruim: o primeiro a falar dentre os três. Porém, se os blinds pagarem e o cut-off e o button desistirem, você terá uma ótima posição, pois será último a agir.

Esse fator é especialmente importante quando os dois jogadores no heads-up estiverem com valores próximos em fichas. Nesse caso, o que fala por último tem uma excelente vantagem sobre o outro. Como no mano a mano as mãos são muito equivalentes em termos de valor, a posição torna-se ainda mais importante do que numa mesa cheia.

Raise
Ao dar raise, qual deve ser o tamanho da aposta? Muito se fala em executar raise padrão de três vezes o big blind, sendo aceitável o intervalo entre dois e cinco big blinds, sempre variando para confundir o adversário. 

Umas das razões para se dar raise numa mesa cheia é possibilidade de expulsar adversários com mãos marginais e se prevenir para que eles não tentem acertar suas quedas: contra apenas um oponente, não há essa necessidade, e eu passo a gostar de colocar entre dois e três big blinds. Com duas cartas altas eu prefiro uma aposta de 2,5 big blinds. Não comprometo muitas fichas e encorajo meu adversário a jogar mãos como Ax, Kx ou Qx, que provavelmente estará dominada em relação à minha. Quando eu quero desencorajar meu adversário, costumo colocar três vezes o big blind.    

Quando o small blind entra de call, o raise do big blind deve ser um pouco maior do que o usual: algo como quatro ou cinco big blinds. A idéia é terminar a mão rapidamente (quando possível) e evitar a posição ruim. Uma boa estratégia para heads-up é jogar a maior quantidade de mãos quando se tem posição e desistir da maioria quando isso não acontece. Mas atenção: quando resolver jogar, faça isso de forma agressiva, sempre!

Neste momento estou em Viena, Áustria, disputando alguns eventos. Depois irei para o Irish Open, na Irlanda, e conto com a torcida de vocês! Espero voltar na próxima edição contando sobre um título na Europa.

Abraços e muito sucesso a todos.




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