O final do ano está aí, e com ele, o natal. E que tal aproveitar a data para presentear seu amigo jogador de poker? Minha sugestão, o Hold’em Manager.
O HM é um software de análises que fornece estatísticas baseada em uma quantidade de mãos armazenadas no seu computador. Mas seria uma ferramenta boa para o seu jogo? Ou melhor, seria realmente um presente? Bem, para mim, por exemplo, não. Mas para outros, sim, e dos bons.
Muitas vezes, nas redes sociais, eu costumo ironizar e desprezar o uso do HM. Claro que é só brincadeira. Eu particularmente não uso e não gosto de usar quaisquer programas para jogar poker. Não porque acredito que seja mais ou menos lucrativo, é apenas questão de adaptação. Conheço alguns jogadores bem lucrativos que não o usam e outros que não começam um freeroll sem o programinha cheio de numerozinhos.
Esse é um assunto bem complexo, e resolvi abordá-lo por pensar que tudo que não é repetitivo ou clichê deve ser exposto. Mas por que tamanha complexidade? Primeiramente, vou me basear no que todos os usuários do HM falam: “Quem não usa Hold’em Manager está deixando de ganhar dinheiro”. Muitos dizem que sou ignorante ao desprezar o HM, mas não seria esta a afirmação mais ignorante que possa existir em relação ao seu uso? Este ano foi o que mais lucrei no poker – e jamais usei o HM. O Ariel Bahia, talvez o jogador que ganhou mais dinheiro regularmente no Brasil, também não usa. André Akkari, o maior nome do poker nacional, também não usa. Existem outros também, mas acho que esses já bastam para quebrar essa afirmação infeliz que, às vezes, ouvimos por aí.
Por outro lado, jogadores que admiro bastante como o Hugo Adametes e o João Mathias usam intensivamente o software. É claro que o programa traz informações que, sem ele, seriam impossíveis de absorver. E é aí que sigo batendo nessa tecla: adaptação.
O software fornece os dados, mas em forma de números. Ele nunca te diz se a 3-bet que Fulano aplicou foi na bolha de um grande torneio ou no início; ou se havia um metagame ou não. A amostragem de mãos pode ser grande, mas quando elas foram coletadas? Em que estágios do torneio? Os jogadores sempre jogam de um mesmo jeito, em um mesmo ritmo? O que quero dizer é que nada substitui o foco e as boas análises que o poker, nu e cru, exige.
Para uns, suas informações podem ser valiosas, para outros, que possuem diferentes estilos de jogo e linhas de raciocínio, ele pode ser prejudicial e confuso. Quem usa pode ver spots que apenas o HM pode mostrar. Porém, quem não usa enxerga situações que podem ser mascaradas pelos números.
Ao analisar um adversário, também é importante saber se ele utiliza ou não o HM. Já tomei várias decisões por saber que o vilão estava usando HM – tendo a certeza que ele possuía várias mãos minhas em seu banco de dados.
Como vocês podem ver, o Hold’em Manager pode te levar ao pote de ouro ou direto para o abismo, e cabe a cada um se adaptar em relação a isso – e isso é o legal do poker. Imaginem se todo mundo usasse o mesmo programa e jogasse da mesma forma. Não teria a mínima graça e não chegaríamos a lugar nenhum.
Aproveito este espaço para desejar aos leitores da Card Player e a todos aqueles que me acompanham no dia-a-dia um feliz natal e um excelente ano novo. Espero que 2013 seja um ano de muito crescimento para o poker brasileiro e que todos ganhem com isso.
Diego Keep já ganhou mais de dois milhões de reais jogando poker na internet e é o único jogador brasileiro a chegar ao heads up do Sunday Million em menos de dois meses
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