Olá amigos do Poker,
Aproveitando este período de natal e virada do ano resolvi falar sobre virtudes, isso mesmo. A despeito das preconceituosas associações com a compulsividade e o vício, há muita virtude no poker. Se quisermos vê-lo como esporte será preciso enxergar o que ele traz de bom à sociedade. Independentemente do resultado de um ou outro torneio, o poker nos dá a chance de fazer muitas amizades, distrair-nos (como toda forma de entretenimento que se preze) e até mesmo apresentar oportunidades de negócio. No entanto, se pretendermos ser vencedores, não resta dúvida de que devemos ser virtuosos, e algumas dessas qualidades comentarei aqui.
Paciência
Você que está folheando a Card Player agora, já leu coluna por coluna, página por página? Se não, por quê? Vale ressaltar que a paciência está nas pequenas coisas do nosso dia a dia. Como é possível manter um bom nível de jogo por doze horas em um torneio qualquer, ao vivo ou pela internet, sem ter a cabeça tranqüila? Ou então no Main Event do WSOP, no qual se joga 12 horas por dia durante uma semana? Não conheço pessoa que após 6 ou 7 horas de cash game tenha saído vencedor sendo impaciente. Mas o que tem a ver ler uma revista do começo ao fim, com paciência? Podemos notar que nosso dia-a-dia reflete-se na mesa de poker: se somos impacientes no cotidiano, nas pequenas coisas, também seremos no jogo. Porém, se sua vontade for dar algumas risadas, beber um pouco e empurrar alguns all-ins para ver se consegue ganhar algo, tudo bem. É um modo de se divertir, mas não será financeiramente lucrativo.
Coragem e Ousadia
Coloco essas duas virtudes em um tópico porque ambas estão muito relacionadas. Estava falando de ser paciente, o que não nos impede de ser ousados e corajosos: às vezes é preciso colocar pressão sem sequer ver as cartas, para roubar blinds, ou ser corajosos para dar um call num short stack ou quando pressentir fraqueza num jogador, mesmo que aquilo possa eliminar você. O que dizer então da hora do blefe? Isso é quase uma arte. Paciência para fazer a jogada na hora certa, ousadia para construir uma imagem e coragem para levar um belo pote sem absolutamente jogo nenhum.
Auto-conhecimento
Talvez não fosse necessária nenhuma virtude além dessa. Sócrates dizia: “conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. Conhecer-se está entre as lições de qualquer livro de poker: ficar atento a si mesmo para não dar tells, bem como prestar atenção em tudo que se passa em volta é algo a ser feito não apenas na mesa de jogo – até porque, se não tentarmos fazer isso no cotidiano, certamente teremos dificuldades em aplicar esse conceito no feltro.
Altruísmo
Ao pensar nessa virtude, não há outro nome que primeiro me venha à mente senão o de Barry Greenstein. Conhecido como o “Robin Hood do Poker”, Barry é um dos maiores jogadores em mesas de high stakes, e se destaca por disputar torneios para beneficência. Isso mesmo, se ganhar o torneio, faz belas doações à caridade (já doou mais de 2,5 milhões de dólares). Ele fala sobre isso em seu livro, “Ace On The River”, que é um dos melhores que existem no mercado. Vale a pena dar uma conferida no site www.barrygreenstein.com e saber um pouco mais sobre esse grande exemplo de virtude no poker.
Planejamento
Essa qualidade pode ser mostrada através de exemplos bem concretos. No âmbito do jogo em si, todos sabem da importância dos planos de ação, desde um raise em uma determinada mão até a estratégia para todo o torneio – essa é uma das principais diferenças entre o jogador casual e o grande campeão: a capacidade de elaborar uma estratégia que maximize suas chances de sucesso.
Ainda sobre a importância do planejamento tanto no feltro quanto fora dele, diga-se que no mês de dezembro teve início mais uma temporada do Circuito Sul-Brasileiro de Poker, pioneiro em torneios de poker na região sul, e também o primeiro a levar o futuro campeão ao WSOP 2008. Já na primeira etapa do circuito, pudemos presentear os competidores com vários brindes, graças ao apoio da Card Player Brasil e do site Best Poker (mais detalhes em www.fprp.com.br).
É preciso lembrar ainda que no mês de janeiro haverá a 2ª etapa do CSBP, em Florianópolis, e também o torneio de inauguração da Confederação Brasileira, dia 25/01, no Rio de Janeiro. Nesse, toda comunidade brasileira do poker tem que estar presente: foi preciso muita organização e planejamento, sobretudo por parte dos presidentes das oito federações envolvidas, para que este sonho fosse realizado. Papelada oficializada, está na hora da festa: a partir disso, a regulamentação do esporte será o próximo passo.
Como últimas palavras, quero citar os virtuosos resultados que os curitibanos Cristiano Fernandes (campeão na 1ª etapa do CSBP), Mauro Dynex, Carlos Lauton e Fabio Bittencourt vêm obtendo: em todas as mesas finais que estive no último mês, lá estavam eles também. E, sem deixar a bola cair, o “fenômeno” Luiz Filipe estava entre os 20 primeiros (até o fechamento desta coluna), como jogador da semana do maior site de poker do mundo. Por fim, parabenizo o gaúcho Fernando Conrado por vencer a mesa dos campeões do BSOP, e ao paranaense Sérgio Brun, por sagrar-se Campeão da Temporada 2007 do Brazilian Series Of Poker. Que fase vive o poker do sul! E que 2008 seja ainda melhor!
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