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Grand Final Poker Festival - Parte II


Marcelo Souza
Mesmo com a debandada de grande parte dos gringos que jogaram o LAPT, o Brasil Poker Tour ainda teria a presença de competidores de todos os cantos do globo.

Ao todo, 289 jogadores fizeram a inscrição. Dos Team Pros, ficaram Humberto Brenes (Costa Rica), os irmãos Christophe e Matthias De Meulder (Bélgica), André Akkari (Brasil), “Nacho” Barberto e Leo Fernandez (Argentina).

E desde o início, dava para ver que algo estava destinado a Ariel Bahia. Graças a sua atuação brilhante, suas fotos estamparam os principais sites de cobertura já a partir do Dia 1. Como seu stack, crescia também sua confiança. E foi assim até a mesa final.

Entre os oito finalistas, além do chip leader baiano, estava o atual campeão brasileiro Flávio Reis, o campeão do RPT, Alex Rivero e o campeão do LAPT Punta, Alex Komaromi, – o uruguaio, por sinal, prometeu um novo maracanazo. Uma ameaça vazia, já que ele acabou sendo o primeiro a cair entre os finalistas.

Os outros dois gringos que podiam estragar a festa brasileira eram Carlos Munera, da Colômbia, e David Diaz, da Argentina. Mas eles deixaram a disputa na sexta e quinta colocação, respectivamente.

As coisas começaram a esquentar quando a batalha 3-handed começou. Qualquer um dos três – Ariel, Rivero ou Flávio – tinham as credenciais necessárias para reivindicar o título. Flávio Reis acabou eliminando Alex Rivero, e o título da última etapa do BPT já tinha dono: o nordeste.

HEADS UP ÉPICO
Sim. Épico é a palavra certa para definir o duelo entre o baiano Ariel “ArielBahia” Celestino e o paraibano Flávio Reis. Ariel entrou com uma desvantagem de 2-1 em fichas, mas mostrou que não é por acaso que ele é apontado, por muitos, como um dos cinco melhores jogadores do Brasil.

Jogando um poker de alto nível, Ariel dominou a partida, mas, por duas vezes, Flávio conseguiu retomar a liderança e voltar para o jogo. Na plateia, Bruno Foster, por Ariel, e Lucas Porpino, por Flávio, deixavam a disputa ainda mais eletrizante.

Mas depois de incríveis cinco horas de duelo, o baiano, com 4.000.000 de fichas, colocou tudo na mesa com 67. Flávio, com 1.400.000, não pensou muito em pagar com K10. Dois setes apareceram no bordo e consagraram Ariel Bahia como o campeão da etapa de encerramento da 1ª Temporada do Brasil Poker Tour. E para Flávio Reis, o vice-campeonato e a certeza de ser uma das principais revelações do poker brasileiro nos últimos anos.

1º Ariel “Ariel Bahia” Celestino (Brasil) – R$ 140.330
2º Flávio Reis (Brasil) – R$ 91.630
3º Alexandre Rivero (Brasil) – R$ 63.690
4º Jurandir Marinho (Brasil) – R$38.550
5º David Diaz (Argentina) – R$ 27.940
6º Carlos Munera (Colômbia) – R$ 21.230
7º Marcos Ignácio (Brasil) – R$ 15.640
8º Alex Komaromi (Uruguai) – R$ 11.730



 
ENTREVISTA COM ARIEL BAHIA

Ariel, essa foi sua primeira grande conquista em um torneio ao vivo. Qual a sensação?
Para mim, a alma do poker está no ao vivo. Eu precisava de uma consagração desse tipo para me sentir um jogador profissional de poker realizado. Comecei a aperfeiçoar meu jogo há uns dois anos e meio, e, graças a Deus, os frutos estão sendo colhidos no online e, agora, ao vivo também.
Fale um pouco sobre o heads up contra o Flávio Reis.

Dei a sorte de chegar com muitas fichas no heads up. Então, deu para desenvolver bem o jogo. Todos sabem que jogando deep stack eu me saio muito bem. Acredito que joguei meu melhor poker, assim como o Flávio, que valorizou demais minha vitória.

Você jogou um evento de heads up com buy-in de US$ 5.000 no PokerStars Caribbean Adventure. Isso provavelmente deve ter ajudado na maratona contra o Flávio. Conte como foi essa experiência.
Eu fui para o PCA com o objetivo de me testar. Queria ver se eu estava realmente jogando o poker que eu acredito jogar. Eu tenho muita confiança em mim. Afinal, quem não acredita em si próprio não vai longe. Fui com a intenção de jogar todos os torneios, com todos os buy-ins, e eu queria jogar contra os melhores. Era um desafio para mim.

Infelizmente, não fui bem no Main Event. Nos eventos paralelos, apanhei demais do baralho. Já no torneio de heads up, tive a felicidade enfrentar o Yevgeniy “Jovial Gent” Timoshenko (vice-campeão do Heads Up Championship da WSOP). Ele é um dos cinco melhores jogadores do mundo. Eu sabia que o que viesse era lucro. Os caras realmente estão um nível acima. Mas consegui jogar muito bem contra o Timoshenko. Perdi a primeira partida, mas venci as outras duas, e me classifiquei.

Na segunda fase, enfrentei um Super Nova Elite do PokerStars. Quando estávamos deep stack, eu conseguia jogar melhor que ele. Mas quando entrávamos na casa dos 20, 25 big blinds, ele jogava como ninguém.

Vai correr o circuito mesmo com a tarifação?
Eu estou meio desiludido com essa coisa dos impostos. Mas eu sou apaixonado pelo poker ao vivo. Então, acredito que vou jogar os grandes torneios, sim. Mesmo sendo inviável pelo lado profissional, devo jogar pela paixão.

Quais os planos para 2012?
Vamos atrás de algum bracelete (risos). É um sonho de qualquer jogador. Mas, no poker, é muita pretensão você dizer que vai chegar lá e ganhar. Porém, vou me preparar para isso. Neste ano, estou mais focado e com muito mais bagagem. Em 2011, caí muito perto da mesa final (14º lugar) em um evento de pot-limit hold’em. Foi uma trave que doeu um pouco, mas mesmo assim estou tranquilo.

Eu acredito que tudo tem seu tempo. Nada vem antes da hora. As coisas estão acontecendo para mim. Se não vier neste ano, eu sei que virá mais para frente. Sou muito novo no poker. Jogo profissionalmente há apenas dois anos. Ainda tenho muito que aprender.

Ficha Técnica
1ª Temporada do Brasil Poker Tour – Grand Final
Data: 21 a 24 de fevereiro
Local: WTC Sheraton (São Paulo – SP)
Buy-in: R$ 2.200
Field: 289 jogadores
Prize Pool: R$ R$ 578.000



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