EDIÇÃO 5 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Planejando Sua Jogada - Parte II

À medida que seus planos melhorarem, seus resultados também melhorarão


Barry Tanenbaum

Barry Tanenbaum, autor de Advanced Limit Hold’em Strategy e colaborador em Limit Hold’em: Winning Short-handed Strategies, oferece aulas particulares ajustadas às necessidades individuais do estudante. Por favor, visite seu website em www.barrytanenbaum.com, ou escreva para ele no endereço pokerbear@cox.net

Eu concluo essa série de duas partes, lembrando os maiores fatores que você deve levar em consideração quando for planejar sua jogada no flop. Para recordar, os fatores são:
• Número de oponentes
• Como eles jogam
• Natureza do flop
• Tamanho do pote
• Prováveis mãos dos oponentes
• Sua posição
• Sua mão

Na edição anterior, eu comentei sobre os quatro primeiros fatos e fiz considerações gerais sobre o planejamento de seu jogo. Passemos a analisar os fatores restantes.

Prováveis mãos dos oponentes: Você deve dar uma de detetive aqui. Seus oponentes já fizeram alguma coisa para chegar até o flop: aumentaram, pagaram um raise, entraram de limp (o que significa que tiveram a oportunidade de aumentar e não o fizeram) ou empurraram reraise.

Todas as ações deles tiveram significados, algumas mais do que outras. Se seu oponente muito tight entrou de limp da posição under the gun, você pode lhe atribuir uma ampla gama de mãos: talvez 10-10, 9-9, 8-8, A-Q, A-J, ou K-Q do mesmo naipe. Se um jogador em posição intermediária aumentou, a gama de mãos que você pode atribuir a ele depende de como você o viu jogar anteriormente. Alguns precisam de uma mão premiada, outros de qualquer ás, de um par ou de um straight draw com um ás. Pouquíssimos terão algo como 6-5 do mesmo naipe, e com o tempo você irá aprender quem são esses poucos jogadores.

Seu trabalho é descobrir como pode o flop ter ou não ajudado as mãos prováveis deles com base em suas apostas pré-flop. Você só pode fazer uma suposição, mas é melhor do que simplesmente dizer: “Quem saberia o que eles têm?” Use essa estimativa como linha de direção para planejar sua jogada.

Como você decide agir irá depender de:

• Quão previsível seu oponente é
• Como você acha que ele joga quando está na frente
• Como ele jogará quando estiver atrás

É preciso fazer alguma coisa: você não pode simplesmente pedir mesa e desistir quando estiver enfrentando um oponente loose. Determine as mãos prováveis de seus oponentes e como elas se adequam ao bordo antes de planejar sua jogada.

Sua posição: Reflita acerca de sua posição absoluta e relativa. Seu plano irá depender de onde você está e do que pretende obter. Todas as ações desejadas são mais fáceis quando se está em boa posição. Seja para aumentar o pote, conseguir uma carta grátis, proteger sua mão ou blefar, ter a melhor posição faz toda a diferença.

Eu já falei um pouco sobre isso. Em termos de planejamento pós-flop, analise como utilizar sua posição para conseguir o que quer. Você pode melhorar sua posição absoluta aumentando e fazendo com que os jogadores que falam depois desistam? É possível conseguir informações confiáveis fazendo uma jogada agora?

Posição não é apenas algo que você tem: é algo que você deve explorar.

Mesmo que você esteja em posição inicial, ainda precisa analisar como deve aproveitar ao máximo a posição que tem. Seja lá o que for fazer, não peça mesa no escuro. As várias razões para não fazer isso são discutidas detalhadamente em meu livro, Advanced Limit Hold’em Strategy.

Sua mão: Eu listo isso por último, mas não porque não tenha importância. Muitos jogadores passam muito tempo pensando a respeito de suas mãos e muito pouco tempo levando em consideração os outros fatores. É preciso pensar suas cartas, é claro, mas também é importante imaginar o que seus oponentes acham que você tem. Muitos jogadores desistem de excelentes oportunidades de blefe porque sabem o que têm e esquecem que seus oponentes não sabem.

Estime a probabilidade de a melhor mão ser a sua. Se for, então pense na melhor maneira de protegê-la, caso seja vulnerável, e na melhor maneira de maximizar seus ganhos, se poderosa.

Se você acha que tem a melhor mão, mas não tem certeza, tente descobrir com o menor custo, enquanto a protege.

Também é necessário refletir a respeito das chances de ter a melhor mão depois que mais duas cartas surgirem.

Frequentemente, o número de oponentes influi em sua ponderação sobre sua mão ser ou não a melhor. Se você aumenta com A-K e apenas o big blind paga, é provável que um flop com J-8-5 não o tenha ajudado. Aja como se segurasse o melhor jogo. Se cinco oponentes pagam, as chances de você ter a melhor mão são bem menores, e se deve considerar pedir mesa e desistir.

Se a melhor mão não for a sua, veja se está pagando o preço certo para tentar acertar um draw. Sua avaliação deve levar em conta suas implied odds — o dinheiro extra que você pode ganhar se vencer — mas também precisa incluir as chances de você montar seu jogo e mesmo assim perder.

Se for improvável que você tenha a melhor mão e não está pagando o preço justo para tentar montar um draw, a única coisa sensata a ser feita é avaliar suas chances de vencer com um blefe. Se você decidir, baseado no número de oponentes, nas tendências e prováveis cartas deles, em sua imagem e na textura do flop, que um blefe tem um EV (valor esperado) positivo, vá em frente e tente.

Não é preciso ter a melhor mão se não necessitar mostrá-la.

Na verdade, uma das razões pela qual os jogadores não blefam o suficiente é porque não olham para a mão oculta sob a perspectiva de seus oponentes. O que você possui é bem menos importante do que o que seus oponentes acham que você possui (presumindo que seus oponentes sejam seres pensantes). Sempre leve em consideração o que eles acham que você pode ter quando for tomar uma decisão do tipo blefar-ou-desistir.

Conclusão: Muitas pessoas parecem “brincar de poker” em vez jogar poker. Quando é a vez deles de agir, tentam adivinhar o que fazer, geralmente pedindo mesa ou pagando. Jogar corretamente exige que você reflita sobre sua mão, o bordo, e o que você faria para minimizar suas perdas e maximizar seus lucros.
Certamente, é preciso levar em conta o que seus oponentes estão fazendo, e também o que você acha que eles estão tentando alcançar. Seus planos devem ser dinâmicos, mudando de acordo com o que ditarem as condições e as ações de seus oponentes. Mesmo que seu plano às vezes esteja errado, possuir um lhe coloca à frente dos jogadores ordinários, e à medida que seus planos melhorarem, seus resultados também melhorarão.




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