Outro dia vieram me perguntar se eu prefiro jogar torneios online ou ao vivo. Respondi que gosto dos dois. As duas modalidades apresentam grandes diferenças, ainda que seja o mesmo jogo. Acabo praticando mais online, pois a disponibilidade de torneios ao vivo aqui em Belo Horizonte é relativamente pequena, apesar de meu aproveitamento live ser melhor. Qual seria o motivo disso?
Em primeiro lugar, nesses torneios você está frente a frente com os oponentes. Dessa forma, fica mais fácil analisar os movimentos dos adversários e tomar decisões mais corretas.
Além disso, não existem tantas distrações em comparação com eventos online. Quando participo de um torneio live, minha concentração fica focada exclusivamente na competição, sem nenhuma influência externa atrapalhando minha performance. Já quando entro em um torneio online, isso nem sempre acontece. Muitas vezes estou jogando várias mesas ao mesmo tempo – o que não é possível no live – tornando bem mais difícil analisar os jogadores individualmente. Outras vezes, distrações externas como uma televisão ligada ou visitas fora de hora, por exemplo, acabam também desviando o foco que o jogador deve ter quando está participando de um torneio.
Outro grande atrativo é a possibilidade de fazer novas amizades. Nesses últimos dois anos conheci tantas pessoas no poker, que diria ser provavelmente comparável à quantidade de pessoas que conheci nos dez anos anteriores. Tive a oportunidade de viajar com algumas delas, já fui a churrascos e festas promovidas por jogadores que conheci em torneios, já joguei tênis com alguns deles e, claro, freqüentemente nos encontramos para praticar o poker.
O último torneio ao vivo de que participei foi a 9ª Etapa do Circuito Mineiro de Texas Hold’em. Infelizmente não durei muito tempo e caí no segundo nível de blinds, quando meu KK foi esmagado por um AK, com Q-J-T rainbow no flop e um 9 no turn. Acabei ficando bem short e pouco depois fui eliminado em um coinflip de 44 x AQ, batendo a Dama no flop. Apesar da eliminação precoce, com menos de meia hora de jogo, e ter ficado bem chateado pelo fato de estar mais difícil chegar ao bicampeonato do Circuito Mineiro, permaneci praticamente até o término do evento, torcendo por alguns jogadores que se tornaram meus amigos durante esses últimos dois anos. Enquanto o torneio se desenrolava, batia papo com outros competidores já eliminados, tomava uma cervejinha, contávamos casos, bad beats, vitórias, derrotas e, na minha opinião, é isso que faz com que um torneio de poker ao vivo seja não só uma competição, mas também uma maneira de socializar e fazer novas amizades.
Brincar com as fichas, filar as cartas, olhar os adversários nos olhos, tentar conseguir informações através das reações físicas dos adversários são alguns outros aspectos que existem no poker ao vivo e que não fazem parte do online.
Entretanto, o poker na internet tem algumas vantagens em relação ao live. Hoje em dia existem vários sites – alguns grandes, outros menores – que possibilitam participar de torneios a qualquer momento. Seja com buy-ins baratos ou mais caros, com ou sem rebuy, turbo, deep stack, torneios de mesa única etc. Enfim, o jogador tem uma quantidade enorme de opções praticamente a qualquer hora. Outra vantagem é a de poder jogar vários torneios ao mesmo tempo, o que, além de ser prática comum entre profissionais do poker online, é fundamental para que o longo prazo chegue mais rápido.
Voltando ao primeiro parágrafo desta coluna, repito que gosto de jogar tanto ao vivo quanto online. O poker é um jogo (diria que até mesmo um esporte) que entrou em minha vida e não tem previsão para sair. Desde que comecei a praticar, me entreguei ao poker como a pouquíssimas outras coisas na vida. Na escola e na faculdade não estudei tanto quanto estudo o poker nos dias de hoje. É, sem dúvida, uma paixão que tenho.
Online ou ao vivo? Não tenho preferência... Às vezes um; às vezes outro...