EDIÇÃO 94 » COLUNA NACIONAL

Poker Profissional: Sua mente está preparada?


Fábio “F1oba” Maritan
Independentemente de sua área de atuação profissional, não há como negar a relação entre vantagem competitiva e amadurecimento emocional. Falo de resiliência, ou seja, sua capacidade de tolerar a carga de atribuições que sua atividade requer, superando adversidades e evoluindo positivamente frente às situações.
 
Ao longo dos últimos anos, falando especificamente baseado na experiência adquirida com a rotina de jogador profissional e na observação de boas referências, percebo o quanto jogadores que se mantêm em níveis competitivos são emocionalmente fortes. Não somente administram dezenas de telas, como também estão zelando pelas suas emoções em simultâneo. Ora, você está lá focado em sua mesa, tomando as melhores decisões possíveis, quando você toma aquela bad beat dolorida.

Automaticamente, seu cérebro liga a chave do estresse, emoções afloram e o lado racional fica de lado. Consequentemente, decisões precipitadas tendem a ser tomadas e o caos está instalado. Cair nessa armadilha tão natural pode custar caro demais. Sendo assim, os profissionais mais preparados encaram tudo isso com muita serenidade e não se deixam levar pelo impulso da emoção.



Outro aspecto interessante é a relação entre otimismo, expectativa e frustração. Jogadores competitivos são geralmente otimistas, porém trata-se de um otimismo voltado para a direção de não sabotarem algo muito exigido quando estão em ação: a confiança. Ao mesmo tempo, esse otimismo não pode ser confundido com a criação de altas expectativas. Exemplificando: quando você é eliminado próximo a uma mesa final, a relação entre o tempo de esforço com a recompensa alcançada fica muito aquém do que seria caso você alcançasse a mesa final. Trata-se de um período muito crítico em que você está em guerra contra outros jogadores pensantes e tem de continuar tomando decisões acertadas, assumindo riscos, que podem ter como consequência todo o esforço indo rapidamente para o ralo. Em geral, quanto mais relevante para o jogador aquela premiação for, maior tende a ser a carga a ser tolerada. Dessa forma, se você cria uma expectativa muito grande para aquela mesa final e acaba sendo eliminado anteriormente, você não atinge uma satisfação previamente exigida, ou seja, você acaba se frustrando e envenenando seu emocional. Cabe lembrar que o exemplo foi dado para apenas um único torneio. Na realidade, dezenas de torneios são administrados simultaneamente e esta sensação toma proporções ainda maiores.
 
Acima de tudo, deixando um pouco de lado os aspectos técnicos das atividades do poker profissional, fica evidente que aceitar o desafio de manter seu cérebro preparado para um nível competitivo tem como pré-requisito ter paixão e prazer pelo que se faz. Somente estando muito certo do que se quer e trabalhando na direção adequada, consegue-se a força necessária para bater as adversidades dia após dia. Sendo poker ou não, a dica que deixo hoje aqui é procurar atividades que lhe dão genuína satisfação. Atividades que todo ônus exigido seja visto como um grande desafio que será naturalmente aceito e consequentemente recompensado. 
 
Um grande abraço e até a próxima.


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