EDIÇÃO 44 » ESPECIAIS

Aussie Millions 2011

Mesas Insanas de Cash Game, o Torneio Mais Caro da História e um Campeão Vovô


Ryan Lucchesi

O que é preciso para fazer jogadores do calibre de Phil Ivey e Tom Dwan pegarem um vôo de 12 horas? Um joguinho caro, claro. É exatamente isso que o Aussie Millions se tornou, uma série high-stakes imperdível para grandes jogadores, que vão até Melbourne, Austrália, fazer misérias no Crown Casino.

Além do evento Challenge de $100.000 e do super high-roller de $250.000, um cash game high-stakes televisionado aconteceu durante a série. O primeiro dia teve uma mesa de $500-$1.000 com buy-in mínimo de $100.000. Feras como Patrik Antonius, John Juanda e Eli Elezra trocaram chumbo grosso por lá. Depois de algumas eliminações, incluindo a de Phil Ivey, a mesa foi recomposta com Sam Trickett, David Benyamine e Daniel Cates. Moleza, não?

O Dia 2 recebeu novamente Antonius e Dwan, e deu as boas vindas também a Mike Matusow e Chris Ferguson. Tudo bem que era uma mesinha mais barata, $400-$800, mas, como era de se esperar, muitas cifras de seis dígitos voaram de mão em mão entre os profissionais.

Com milhões de dólares disputados diariamente, o main event de com buy-in de $10.000 quase foi esquecido. Quase. O torneio atraiu 721 jogadores e contou com o maior prêmio da história da série, superior a 7 milhões de dólares.

O campeão do Aussie Millions acabou sendo David Gorr, um “tiozão” de 68 anos de Melbourne. É bom ressaltar que os $2 milhões que ele ganhou não vieram depois de ele puxar potes gigantescos em stakes insanos. Gorr forrou “à moda antiga”, sendo o último homem de pé ao final de cinco longos dias de torneio, numa maratona física e mental.

Erik Seidel Vence Torneio com Maior Buy-in de Todos os Tempos
O apetite dos jogadores pela ação high-stakes era quase insaciável no Aussie Millions 2011. O Challenge de $100.000 atraiu 38 jogadores, e cash games altíssimos aconteciam todos os dias durante o evento.

À medida que milhões de dólares voavam pelo Crown Casino, surgiam os rumores sobre o torneio com maior buy-in de todos os tempos. Mas será que haveria jogadores suficientes dispostos a pagar $250.000 de entrada?

Os suspeitos de sempre eram Phil Ivey, Tom Dwan e Patrik Antonius, além dos high rollers de Macau. Ao final, 20 forrados pagaram $250.000 cada e criaram a incrível premiação de $5 milhões. A lista de participantes incluía Ivey, Dwan, John Juanda, Chris Ferguson, David Benyamine, Annette Obrestad, Roland De Wolfe e outros monstros.

Entre os participantes, sutil como um diamante não lapidado – e sequer tido como favorito – estava Erik Seidel. E ele, único do field a fazer parte do Hall da Fama do Poker, mostrou mais uma vez por que talvez seja o jogador mais subvalorizado da história. Seidel somou mais um feito incrível ao seu currículo.

Apesar do preço absurdo da inscrição, os jogadores eram eliminados muito depressa: seis participantes caíram durante os seis primeiros níveis de 30 minutos. Em poucas horas estava formada a mesa final, e adrenalina tomou conta do salão.

Mesa Final
Posição 1: David Benyamine — 258.500
Posição 2: Nikolay Evdakov — 428.000
Posição 3: Sam Trickett — 1.219.500
Posição 4: Phil Ivey — 186.000
Posição 5: Erik Seidel — 619.000
Posição 6: Andrew Feldman — 423.500
Posição 7: Richard Yong — 313.500
Posição 8: Chris Ferguson — 860.000
Posição 9: Wang Qiang — 623.000

O heads-up final foi entre Seidel e Sam Trickett, que tinha ganhado o Challenge de $100.000 alguns dias antes, derrotando inclusive o próprio Seidel, que caira em terceiro. Mas dessa vez, a promessa dos high-stakes cometeu um erro caro que acabou lhe custando a vitória.

Depois de uma hora de heads-up, Trickett tentou dar raise de 500.000 no river em um bordo com Q-J-9-K-8 com três cartas de ouros. O detalhe é que ele não tinha fichas o bastante para isso. De qualquer modo, Seidel deu fold. Depois da mão, Trickett admitiu ter achado que seu stack de 20 fichas cinzas valessem 100.000. Elas na verdade totalizavam 20.000, e ele revelou que teria jogado de maneira diferente se tivesse percebido isso.

Poucos minutos depois estava tudo acabado. Na mão final, Trickett deu raise pré-flop de 175.000. Seidel pagou, e o flop trouxe 9 5 3. Trickett deu check, Seidel apostou 150.000 e Trickett foi all-in. O profissional do Full Tilt deu call com J 9. Trickett estava atrás com A Q e, depois que o K e o 10 bateram no turn e no river, o torneio conheceu seu campeão.

Essa foi a primeira vitória de Seidel em 2011, e já lhe rendeu $2,5 milhões de dólares australianos. Com o primeiro lugar também no NBC Heads-Up (cujo especial você confere na próxima edição da Card Player Brasil), Erik Seidel se tornou o jogador que mais ganhou dinheiro em torneios de poker, ultrapassando Daniel Negreanu.

Ao ganhar o torneio com buy-in mais caro de todos os tempos e, logo em seguida, o NBC Heads-Up, Erik Seidel anota em seu currículo mais dois feitos históricos na sua brilhante carreira. Tudo isso sem fazer barulho, como um diamante escondido na terra.

Promessa dos High-Stakes Sam Trickett Crava o Challenge de $100.000

Sam Trickett ganhou mais de $3 milhões em torneios apenas em janeiro. Isso foi suficiente para mais do que dobrar os ganhos na sua curta carreira. Ele agora computa $4.577.667.

Apesar de ter começado a mesa final do evento Challenge de $100.000 como chip leader, as coisas não foram faceis para Trickett. Quando restavam três jogadores, era ele quem tinha menos fichas. Seus 350.000 estavam um milhão atrás de Tony Bloom e muito atrás dos 2,1 milhões de Erik Seidel.

Nesse instante, contudo, o estilo small ball tomou conta do torneio. E uma combinação de agressividade na medida certa e boas cartas deram a Trickett uma nova chance. Ele dobrou o stack quando foi preciso e assumiu o comando quando o heads-up começou. Após a eliminação de Seidel na terceira posição, ele tinha 2.455.000 contra 1.345.000 de Bloom.

Durante a curta batalha mano-a-mano houve showdown apenas na última mão. Bloom foi all-in pré-flop com Q 9 e Trickett deu call com A K. O bordo veio 8 3 2 8 4 e Trickett ficou com o título e mais $1.525.000 dólares australianos. Quando perguntado sobre seus planos para o resto do ano, ele afirmou que continuará jogando cash games, mas também se dedicará aos grandes torneios. Obviamente, isso inclui a World Series. O resto do mundo que se cuide.




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