EDIÇÃO 41 » COLUNA INTERNACIONAL

Grande Entrada, Péssima Saída

World Series of Poker Europe


Phil Hellmuth
No dia 23 de setembro, eu cheguei ao Main Event de $16.000 da World Series of Poker Europe com a minha melhor “poker face”. De fato, cheguei ao Leicester Square em um ônibus vermelho de dois andares com uma banda formada por 16 componentes tocando e 11 covers de Lady Gaga cantando Poker Face. Foi uma das minhas maiores entradas, mas eu também estava determinado a me dar bem no torneio, e, com 30.000 em fichas e uma boa estrutura de blinds, eram boas as minhas chances de ter um bom desempenho.

Eu cheguei com um plano: eu implementaria uma estratégia extremamente tight, ao mesmo tempo em que me permitiria voltar reraise quando um oponente desse raise e me parecesse fraco. Eu basicamente me ative à minha estratégia, e, com blinds em 200-400 e um ante de 50, a seguinte mão aconteceu:

A mesa rodou em fold até o jogador no small blind, que deu raise para 1.200. No big blind, eu olhei para J 10 e dei call. O flop veio 9 8 6 e o jogador no small blind apostou 2.000. Paguei. A carta do turn foi o J, o jogador no small blind apostou 4.000 e eu dei call novamente. O river foi o 2 e o jogador no small blind apostou 10.000. Eu tinha apenas 16.000 restantes, então se tratava de uma grande decisão para mim. Depois de um tempo, eu paguei e ele mostrou 8-8, que formava uma trinca de Oitos que ganhava o pote.
Vamos reanalisar essa mão. O jogador no small blind deu um bom open-raise para 1.200. Meu call pré-flop foi bastante padrão.

No flop, ele fez outra boa jogada ao apostar 2.000. Nesse momento, eu poderia facilmente ter aumentado. Eu tinha o nut draw e duas overcards em relação ao bordo. Obviamente, se eu tivesse dado raise, meu oponente teria dado reraise e eu me encontraria all-in com nada mais do que um straight draw (eu perderia ainda que batessem dois valetes).

Mas a questão é a seguinte: eu deveria ter aumentado no flop ou não? Para mim, essa é uma jogada que depende da leitura. Se eu achasse que meu oponente estava fraco, um raise faria sentido; e se estivesse certo, é provável que eu induzisse um fold e ganhasse o pote. Se eu achasse que meu oponente tinha uma mão de força mediana, um raise seria bom. Quer dizer, ele iria all-in com uma mão de força mediana? De jeito nenhum. Então, na pior das hipóteses, meu oponente daria call no meu raise do flop, depois certamente daria check no turn; eu poderia então dar check depois dele e ver uma carta grátis. Além disso, um raise no flop poderia induzir um fold caso ele tivesse uma mão de força mediana, ou até mesmo me dar a oportunidade de ganhar o pote com um blefe no turn.

Se eu achasse que meu oponente estava forte, faria sentido pagar. Achei que ele estava forte, então apenas paguei (boa jogada, PH!).

No turn, eu gostei da aposta de 4.000 do meu oponente, e meu call foi bastante padrão. Ao apostar diante do valete, ele parecia muito forte para mim, então o call foi OK.

No river, meu oponente fez uma aposta muito boa de 10.000 diante do pote de 14.500. No entanto, ele mostrou a clássica tell de apostar com duas fichas de 5.000 (em fez de usar cinco de 1.000 e uma de 5.000, ou algo do tipo), o que demonstra força (eu deveria ter percebido o sinal de perigo). As pessoas apostam com suas fichas altas quando têm alguma coisa! O fato de o meu oponente ter apostado em todas as quatro streets também corrobora um fold, e, a não ser que ele estivesse blefando o tempo todo, minha mão estava derrotada. As pessoas raramente blefam em três streets hoje em dia, muito menos em quatro, então ele devia estar muito forte.

Muito embora eu tenha lido que ele estava forte o tempo inteiro, eu paguei! Péssimo call, PH. Grande entrada, péssima saída!

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