O poker é um jogo extremamente dinâmico. Várias adaptações e evoluções ocorrem a todo momento. Um exemplo real disso é a 3-bet light. Nesse artigo, vou apresentar essa jogada a vocês, falando sobre sua evolução nos cash games online de limites baixos (nl-100 e nl-200) e médios (nl-400 a nl-1k) e mostrando seu surgimento nos micro stakes. Mas, para os fins desta edição, a ideia é apenas apresentá-la – vários tópicos serão detalhados posteriormente em outros artigos.
3-bet light é um reraise pré-flop com uma mão fraca (não confunda com a 3-bet usual, que não é feita com mãos fracas). A intenção é aplicar um blefe em alguém que abre vários raises pré-flop. Geralmente, ela é feita com mãos que podem flopar bem caso o autor da 3-bet tome call. São mãos fracas, como 56, 78, JT, A2s, mas não tão fracas quanto J4, T2, 52, Q6 etc. Desse modo, ele terá, em uma porcentagem razoável das vezes, uma mão com defesa no flop.
A 3-bet light surgiu no poker online por volta do início de 2006. Pouquíssimas pessoas usavam essa estratégia, e ela não era difundida nem comentada. Quando alguém dava alguma 3-bet pré-flop, a gama de mãos dele era, basicamente, AK/QQ/KK/AA. Desse modo, a equidade de fold que as 3-bets conseguiam era enorme.
Em meados de 2007, bons jogadores se deram conta dessa alta fold equity das 3-bets, e começaram a usá-la com muitas cartas fracas. A gama agora não estava mais restrita a AK/QQ+. E passou a ser any Broadway (quaisquer duas cartas maiores do que 9), suited connectors (duas cartas seguidas do mesmo naipe) e pares baixos – estávamos diante da tão falada 3-bet light.
Com sua popularização, as pessoas começaram a procurar defesas contra ela. E conseguiram encontrar. Por exemplo, os jogadores:
1. Criaram a 4-bet light, ou o “re-reraise blefando”, uma jogada de altíssima agressividade e risco.
2. Passaram a dar call em posição seguido de blefe em flops que acertam poucas mãos.
3. Começaram a dar float em potes com reraise, ou seja, dar call sem nada em uma 3-bet no flop para blefar no turn ou no river.
4. Tornaram comum o call em posição com any Broadway ou suited connector e o all-in com qualquer par, flush draw, broca + overcards, backdoor flush draw + overcards etc.
Hoje em dia, com essas adaptações, a 3-bet light fora de posição já não é mais tão lucrativa, principalmente contra adversários fortes. Eu jogo praticamente 60% das mãos quando estou no button e, caso alguém comece a dar 3-bet light, é possível freá-lo com inúmeras estratégias de defesa. Isso, conforme afirmei acima, eu vou abordar em outros artigos.
Em 2009, jogadores de micro stakes, aqueles limites menores do que nl100, começaram a usar a 3-bet light. Porém, até hoje eles cometem inúmeros erros ao tentar aplicar essa estratégia, como não saber o tamanho certo da 3-bet, usá-la exageradamente ou com uma frequência muito baixa, jogar de forma equivocada pós-flop e ficar totalmente perdidos contra um adversário que sabe se defender da 3-bet.
Enquanto isso, a 3-bet light continuava a evoluir nas mesas mais caras do que nl-100. E, para fugir das defesas desenvolvidas contra o reraise blefando usual, começaram a surgir algumas variações, como aplicar a 3-bet light contra um raise do UTG, ou contra o big blind quando estivermos no small blind, e também contra jogadores em middle position ou no cutoff quando estivermos no button – utilizadas na hora certa, essas estratégias podem ser bastante lucrativas.
Enfim, esse é o cenário geral da evolução da 3-bet light. Isso deixa claro que, para ser vencedor no poker, é preciso raça e estudo constantes. Espero que esse artigo tenha estimulado vocês a se prepararem ainda mais! Até a próxima! ♠