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Jogos Mentais: Explorando as Tendências do Oponente em Torneios


Craig Tapscott

Às vezes é difícil conseguir uma resposta direta de um jogador de poker profissional. Faça a mesma pergunta a três deles, e você provavelmente obterá três respostas distintas. Por quê? Porque depende da situação, do oponente, dos stacks, da imagem à mesa e de muitas outras variáveis.

Jogos Mentais vai penetrar nas cabeças dos maiores jogadores da atualidade. Nós revelaremos por que eles fazem o que fazem em situações difíceis. Que comecem os jogos.

Os Profissionais: Sorel Mizzi, David Williams e Eric Baldwin

Craig Tapscott:
Que tipo de informação você busca quando está diante de um oponente com o qual não está familiarizado ou quando se depara com um adversário antigo?

Sorel Mizzi:
Quando tento entender as tendências de meu oponente, qualquer informação é útil. Eu gosto de saber qual é o nível de educação dele, o que ele faz da vida, quantos filhos ele tem, qual é o seu filme preferido, e assim por diante. Você entendeu. Cada pedaço de informação pode ser usado para começar a construir um perfil daquela pessoa e, desse modo, descobrir como ele joga. Eu quero saber do que ele é ou não capaz na mesa de poker. Prestar atenção é muito importante. Quando você obtiver todas essas informações, deve saber como analisá-las e interpretá-las corretamente. Isso tornará a tomada de decisões diante de oponentes conhecidos e desconhecidos muito mais fácil.

David Williams: Preste atenção nas mãos com as quais um jogador está jogando e dê a mesma importância às mãos com as quais ele não está jogando. Você precisa examinar cada decisão difícil que ele enfrente e, é claro, prestar atenção sempre que você puder ver a mão dele no river. Isso não ocorre com muita frequência no jogo live. Online, você pode olhar os históricos de mãos e ver qual era a mão de seu oponente, então não deixe de fazer isso. Além do mais, preste atenção em quando os oponentes forem pagos e quando não forem, e quando derem fold diante de determinadas apostas em diferentes situações. É importante também tomar nota mentalmente sobre a frequência com que cada pessoa joga ou não uma mão. Saiba como e por que os jogadores atacam em determinados flops e se eles estão pagando ou apostando demais. Tudo isso lhe ajuda a começar a criar um perfil de seus oponentes.

Eric Baldwin: A maioria dos jogadores deixa de prestar atenção na mão assim que dão fold ou quando olham para baixo e veem uma mão ruim. Eles não percebem a quantidade de informações valiosas que estão perdendo. A maioria dos jogadores se lembra das mãos grandes em que eles estavam envolvidos, e talvez um ou outro pote enorme jogado por outros. A vantagem que se adquire em relação às tendências de um jogador exige esforço, através uma análise atenta dos potes ordinários e até pequenos disputados por outros jogadores. Ter apenas uma boa leitura sobre os tipos de jogadores não lhe ajuda muito.

O metagame é útil quando se atribui múltiplos níveis de raciocínio à mão. Além de jogar de acordo com a força de sua mão e as tendências de seus oponentes, você deve considerar também o que aconteceu em situações similares com esse oponente no passado. Essa informação lhe ajudará em mãos futuras contra ele. Contra jogadores atentos, porém previsíveis, você em geral deve jogar a mão de maneira diferente da que jogou da última vez, pois eles vão esperar que você varie seu jogo. Contra jogadores mais insanos, os níveis podem se tornar tão profundos que em regra é melhor simplesmente descartar o metagame e jogar a mão de uma maneira que seja ideal contra o estilo geral de jogo deles — principalmente porque, quando os níveis ficam muito profundos, os jogadores voltam aos seus jogos básicos.

Craig Tapscott: Estando munido de conhecimentos sólidos contra os oponentes, qual é a melhor maneira de se ajustar a eles e explorar suas fraquezas?

Sorel Mizzi: Quando o assunto é se ajustar ao estilo de cada oponente e explorá-lo, é aí que entra a importância de ser um bom jogador de poker e um bom analista de informações. Eu diria que quase todo jogador tem falhas ou tendências sutis que podem ser exploradas. Por exemplo, eu recentemente joguei um evento em Praga no qual havia um jogador na mesa que dava raise e reraise com muita frequência. Ele geralmente recolhia uma porção de fichas sem saber ao certo o quanto havia no estoque, e as colocava no pote de maneira agressiva. Ele também fazia coisas como abrir raise com 10 vezes o big blind. Contra esse tipo de jogador, suas gamas de shove e call precisam ser ajustadas. Você pode supor que ele não sabe qual é a estratégia ideal de push-fold. Você pode também concluir que ele não sabe em que situações precisa dar call com quaisquer duas cartas, devido ao montante de dinheiro no pote. Em uma mão, ele abriu raise de 7.500 em blinds de 500-1.000 de posição intermediária, e eu empurrei 21.000 com 4-4. Normalmente, alguém que abre apostando tão alto não dá fold diante de 13.000 ou mais, mas como eu tinha a informação de que ele estava abrindo com aquele valor com uma ampla gama de mãos, eu sabia que provavelmente derrotaria a gama dele. Eu sabia que, numa porcentagem decente das vezes, eu ganharia a mão sem disputa. Obviamente, esse é um exemplo extremo de tendências facilmente exploráveis.

David Williams: Há muitos fatores que eu peso antes de tomar uma decisão. Ao adquirir informações continuamente, você consegue explorar os oponentes e combater algo que eles estejam fazendo com frequência. Se eles estiverem dando muitas continuation-bets, você pode dar um pouco mais de check-raises contra eles. Se estiverem abrindo muitos potes, você pode tribetar mais. Você basicamente cria um padrão para aquela pessoa observando as mãos que ela joga e desenvolvendo uma contraestratégia. Eu realmente não tenho regras fixas; tudo depende muito dos meus oponentes, da imagem que tenho deles, de quão agressiva é minha própria imagem ou de como minha imagem aparente está no momento, e assim por diante. Então, eu ajo de acordo com tudo isso.

Eric Baldwin: Você precisa formular um plano de jogo que irá explorar as tendências de um oponente de modo a lucrar com elas. O conceito é simples na teoria, mas é incrível a quantidade de jogadores que falha na sua execução. Eu geralmente acho útil me perguntar: “Como esse oponente irá reagir se eu (der check, apostar um valor X, apostar um valor Y, etc.)?” Você ficará surpreso com a frequência com que sua resposta estará correta se você estiver observando de perto seu oponente. Responder a essa simples pergunta realmente simplifica o processo de decidir como jogar uma mão.

Sorel Mizzi ganhou mais de $4,5 milhões em torneios live e online. Em 2010, ele ficou em terceiro lugar no Aussie Millions. Além disso, esse ano, ganhou o evento nº 4 do Borgata Spring Poker Open. Mizzi é patrocinado pelo Titan Poker.

David Williams venceu o WPT Five-Star World Poker Classic 2010. Em 2004, ele ficou em segundo lugar no Main Event da World Series of Poker. Seus ganhos na carreira ultrapassam os $7,8 milhões, e ele tem um bracelete da WSOP ganho em um evento de seven-card stud em 2006. Williams é membro do PokerStars Team Pro.

Eric Baldwin ganhou seu primeiro bracelete da WSOP em um evento de no-limit hold’em de $1.500 em 2009. Seus ganhos na carreira totalizam mais de $3,9 milhões. Em 2009, ele venceu o premio de Jogador do Ano da revista Card Player. Baldwin é membro do Team UltimateBet.




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