EDIÇÃO 30 » FIQUE POR DENTRO

Combate Mano a Mano: Jason Alexander Decide ‘Ir Para o Tudo ou Nada’ no Main Event da World Series of Poker


Craig Tapscott, Jason Alexander e Greg Raymer

Craig Tapscott: Todo mundo sabe que você adora poker. Você fica empolgado todo ano quando o main event começa?
Jason Alexander:
Bem, eu não tenho grandes ilusões quanto a esse torneio. Eu jogo por causa da adrenalina. Estou na sala com jogadores incríveis e consigo sentir a energia.

CT: Você esteve em mesas divertidas no dia 1?
JA:
Depois do primeiro intervalo, eu fui mandado para uma mesa diferente e acabei do lado do meu amigo Brad Garrett. Agora eu estou me divertindo, pois Brad é hilário e um ótimo jogador de cartas.

CT: Seu estoque de fichas estava começando a crescer?
JA:
Eu estava subindo um pouco e caindo um pouco. Minha sorte começa a mudar e eu estou recebendo cartas e levando potes, principalmente pré-flop. As poucas mãos que eu jogo, empurro agressivamente e os oponentes dão fold.

Alexander dá raise de posição inicial para 1.200 com 10 10.

CT: Esse aumento parece ser um pouco grande.
JA:
Bem, eu não quero que especuladores deem call com ás e alguma coisa. E, se estiverem especulando, quero que seja caro para eles caso não acertem.

O vilão dá call do big blind.
Flop: J 7 2 (pote: 2.500)
O vilão dá check.

JA: O valete é a única carta que me derrota. Portanto, acho que quero fazer uma boa aposta, caso ele tenha uma única carta de ouros. Mas eu não vejo um flush para esse cara. Podem me chamar de louco.
Alexander aposta 3.000. O vilão dá volta all-in com 22.800.

JA: Talvez ele tenha o maldito flush, mas meu sentido aranha me diz que ele não tem. Talvez ele tenha acertado um par, e talvez seja até mesmo o valete, caso em que ele me derrota. Mas eu também acho que, se ele estiver jogando com o par de valetes, não está jogando pelo flush. E eu tenho o 10. Com o valete morto, apenas três outras cartas podem formar um flush mais alto que o meu. Além disso, talvez ele tenha acertado apenas um das cartas menores do flop e está tentando representar um flush para me assustar. O fato de ele estar me desafiando all-in não me deixou confuso. Eu tentei tomar minha decisão baseado na noção de que ele tem um flush, muito embora eu não ache que ele tenha.

CT: Qual é o seu raciocínio nesse momento?
JA:
Meu raciocínio final é que minha contagem de fichas é boa, mas não espetacular. Eu quero terminar o dia 1 com 60.000 ou ir logo embora. Eu tenho muito o que fazer no momento, e não preciso voltar para o dia 2 com poucas fichas. Se eu pagar e perder a mão, ficarei com cerca de 16.000 e 90 minutos de jogo. Caso isso aconteça, eu posso jogar de maneira ultra-agressiva. Posso reconstruir meu estoque ou, o que é mais provável, falhar e ser eliminado. Então...

Alexander dá call. O vilão apresenta 8 5.

JA: Droga, ele tinha o flush. É um flush pequeno, mas um flush. Embora eu não esteja muito feliz com meu sentido aranha defeituoso, ainda estou bastante otimista de que uma carta de ouros vai vir e me dar um flush maior. Portanto, ainda não estou acabado. Então o turn vem, e é um...
Turn: J (pote: 48.100)

JA: Eu não estou pensando no momento. Tudo que eu vejo é que eu só tenho uma carta para conseguir aquela de ouros, e eu não me sinto muito bem quanto a isso. Mas então...

River: J (pote: 48.100)
Alexander ganha o pote de 48.100 com um full house.

CT: Uau.
JA:
Eu não estava sequer pensando em algo além do flush, e de repente eu estava olhando para um full house. Antes mesmo que eu pudesse reagir, meu oponente xinga e vai embora. Todo mundo está gritando do meu lado, e eu não consigo acreditar.

CT: Bem, você confessou que estava baralhando. Você estava disposto a ganhar muito ou ir para casa.
JA:
Eu conversei com alguns profissionais, e nenhum deles disse que teria dado aquele call. Mas vários deles ficaram muito impressionados porque eu dei. A vantagem é que eu não estou visando ganhar: eu estou apenas querendo jogar. Eu joguei no limite, e compensou. Cheguei ao dia 2 com quase 90.000 em fichas depois de tudo, e estava pronto para dar mais calls malucos.

CT: Jason disse que nós poderíamos telefonar para um amigo e obter o ponto de vista de um profissional sobre essa mão. Nós então telefonamos para o Campeão da World Series of Poker 2004 Greg Raymer.
Primeiramente, Greg, o que você acha do tamanho do raise pré-flop de Jason?
Greg Raymer:
Eu prefiro aumentar sempre a mesma quantia ao longo de determinado nível. Para mim, essa quantia é de cerca de 2,5 vezes o big blind. Para muitos outros, é de 3 vezes o big blind. O número que você escolher não é tão importante quanto sempre aumentar a mesma quantia. Ao fazer isso, o valor do seu raise não entrega a força (ou fraqueza) de sua mão. Se você estiver em um pequeno torneio ou em um cash game com estranhos com os quais você não espera jogar muito ou ver de novo, evitar padrões não é muito importante, pois eles não vão jogar com você tempo suficiente para identificar os padrões. Mas em eventos maiores como esse, é provável que você jogue com algumas dessas mesmas pessoas durante todo o dia, e os melhores jogadores vão identificar seus padrões. Ao apostar sempre o mesmo valor, não há padrão de dimensionamento de apostas para eles identificarem.

CT: Ótimo conselho. Por favor, você poderia comentar sobre o call de Jason no flop, e o que podemos aprender com essa mão?
GR:
Quando Jason apostou 3.000 em um pote desse tamanho ou menos, e depois viu um raise all-in, obteve boas indicações de que estava derrotado. Das vezes em que ele não estiver atrás no flop aqui, eu suspeito que muitas delas seriam situações nas quais ele não seria estatisticamente favorito a ganhar. Ele também poderia se encontrar em uma situação em que estivesse contra Q J ou uma mão tal que faria com que o draw dele estivesse morto. Portanto, a não ser que Jason me dissesse que teve uma leitura muito boa e a estivesse seguindo, eu não gosto do call.

Quanto ao plano dele de ganhar muito ou ir para casa, tudo bem, desde que ele compreenda que está intencionalmente jogando menos que seu melhor de modo a dar muita variação a seus resultados. Mas, obviamente, essa não é uma estratégia ideal no longo prazo. Dito isso, se esse for o plano dele, ele provavelmente se daria melhor escolhendo uma oportunidade em que estivesse numa situação de coinflip, em vez de uma na qual ele está atrás, e às vezes quase morto. De qualquer maneira, fico feliz por Jason ter ganhado aqui e ido para a minha mesa no dia 2. Nós nos divertimos muito e não teria sido a mesma coisa sem ele.

Jason Alexander começou sua carreira de ator nos palcos de Nova York. Em 1989, ele ganhou o Tony Award de Melhor Ator de Musical por “Broadway”, de Jerome Robbins. Ele é mais conhecido como um dos personagens chave da aclamada sitcom Seinfeld, na qual ele interpretava George Costanza. Em 2006, venceu o campeonato Celebrity Poker Showdown do canal Bravo, em benefício das vítimas do Furacão Katrina.




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