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Card Player Pro: O Poder da Indução ao Erro


Eduard “Eddi” Antonyan

Nas agressivas mesas online de hold’em de hoje em dia, ser capaz de induzir seu oponente a erro quanto à força de sua mão pode significar a diferença entre puxar um pote pequeno e um enorme. Nesta coluna, vou analisar o modo como diversificar seu jogo pode lhe ajudar a extrair um valor que você não obteria jogando de forma “previsível”.

Em um cash game online de no-limit hold’em de $2-$4 com buy-in de $400, a mesa rodou em fold até o button, que abriu $12. Eu defendi meu big blind com A Q.

Tendo em vista a natureza agressiva da maioria dos cash games online, dar reraise com meu A-Q pré-flop certamente teria sido uma boa jogada. Aliás, a maioria dos oponentes provavelmente esperaria que eu reaumentasse com A-Q nessa situação, tendo em vista a gama com que voltam reraise do button. Então, ao dar apenas call com A-Q, representei uma mão mais fraca do que a que eu tinha.

O flop veio A K 6. Eu dei check, e meu oponente apostou $16 em um pote de $26.

Dei check-raise para $52.

Eis onde nossa indução a erro pré-flop se torna útil. Em confrontos button vs. big blind, a maioria dos jogadores não espera que você dê apenas call com suas mãos premium pré-flop. A maioria deles vai supor que mãos como A-Q, A-K, K-K e A-A não estão em sua gama quando você faz isso, e vai descartá-las quase que completamente. Portanto, ao dar check-raise aqui, as únicas “mãos de valor” que eu represento para um oponente observador são A-6 suited e par de seis. Isso equivale a apenas cinco combinações de mãos! Bons jogadores vão perceber isso, e vão supor que sua gama de check-raise nesse bordo é composta em sua maioria por draws.

Assim, caso meu oponente tenha qualquer ás, qualquer draw e possivelmente até mesmo um rei, eu espero que ele pague meu check-raise, supondo que tem a melhor mão.

Meu oponente pagou o check-raise.

O turn trouxe o 2. Eu resolvi dar check.

Decidi pedir mesa aqui para continuar representando um draw. Contra um jogador inteligente, o 2 não é uma carta boa para dar continuidade a um blefe, pois ela não melhorou nenhum dos draws do flop. Portanto, ao dar check, eu realmente fiz com que minha mão parecesse um draw não formado que não quer apostar com uma carta “ruim” de blefe. Isso deve convidá-lo a apostar com qualquer ás mais fraco que ele tiver, e ele pode até mesmo dar um tiro com um draw.

Depois de alguns instantes, meu oponente deu check também.

O river trouxe o 5. Eu dei check novamente.

Como eu vinha representando um draw esse tempo todo e agora o draw estava perdido, dar check era claramente a melhor opção. Caso ele tenha um ás, é provável que aposte por valor. Caso ele mesmo tenha um draw perdido, é muito provável que aposte e tente fazer com que eu desista. A maioria dos jogadores no meu lugar apostaria no river com A-Q, na esperança de obter um call: porém, embora meu oponente talvez não dê fold com nenhum ás caso eu aposte, ele largará seus draws perdidos. Dando check, eu ganho dinheiro tanto contra seus draws perdidos quanto contra suas mãos de um par.

Meu oponente apostou $82 no pote de $130, e eu dei call instantaneamente. Ele mostrou 8 7, um flush draw perdido, e eu levei um ótimo pote.

Ao jogar contra oponentes inteligentes, é sempre bom diversificar seu jogo e mantê-los na dúvida quanto a que mão você possa ter. Assim, você poderá, assim induzi-los a blefar mais do que eles normalmente blefariam.




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