EDIÇÃO 28 » COLUNA NACIONAL

Torneios Cashout

Mais uma opção interessante


Raul Oliveira

Com o boom do poker mundial dos últimos anos, além do número enorme de novos adeptos, algumas outras mudanças ocorreram no jogo. Quer dizer, não exatamente no jogo, mas em relação a tudo que o envolve. Dentre as modificações mais interessantes está o grande número de novos tipos de torneio: deep stack, heads-up, turbo, super turbo, com rebuys etc.

Mas um dos tipos mais recentes me chamou a atenção, pois há muito eu já pensava em algo parecido. O novo torneio é o cashout que o Full Tilt acabou de pôr na sua grade. As regras não diferem muito do tradicional, apenas pelo fato de ele ser turbo: o que realmente muda aqui é a premiação.

A ideia principal do torneio é acabar com aquela sensação de “injustiça” que algumas vezes as divisões de prêmios geram. Injustiça talvez não seja a palavra mais adequada, descontentamento talvez soe melhor. Afirmo isso porque num torneio com, digamos, 2.000 pessoas, em termos de colocação, não faz tanta diferença você ficar em 9º ou em 1º, mas a disparidade é gritante com relação à premiação. Normalmente o 9º colocado ganha 5% do valor do prêmio do campeão. Fora isso, temos que concordar que a maior habilidade em um torneio acontece quando estamos bem deep, ou seja, do início até a primeira parte da reta final. Quando chega a hora da verdade no torneio, quase todos os jogadores já estão com poucos BB, e o M e o fator sorte entram em campo com mais força. E, numa mesa final, diversas vezes o torneio entra em all-in mode.

Diante disso, considero o torneio cashout bastante justo. Vamos analisar por quê.

Nesse novo formato de torneio, o prêmio é dividido em duas partes. Os primeiros 50% são distribuídos exatamente da mesma forma que ocorre em um torneio comum. Por exemplo, vamos imaginar um torneio de $100 com 100 jogadores, gerando um prize pool de 10k. Nesse caso, 5k seriam distribuídos normalmente, 25% para o 1º colocado, 15% para o 2º, etc. Já os outros 5k seriam "transformados" em fichas, as quais passariam a ter um valor monetário. Logo, cada jogador começa com $50 em fichas. Assim, se seu stack for de 1.000 fichas, por exemplo, cada ficha vale $0,05.

O torneio começa e o jogador pode, a partir do 2º nível, vender suas fichas ou parte delas. Vender, no caso, é fazer um cashout, hipótese em que você perde as fichas que vendeu e recebe em crédito o equivalente na sua conta. Portanto, usando o exemplo acima, se você chegar a ter 10k fichas nesse torneio, terá $500, podendo vender todas as suas fichas e sair do torneio ou vender parte delas, ou então não vender nada, o que é mais comum. Por que é mais comum? Essa a parte mais interessante da nova regra...

Quando os mesafinalistas do torneio forem definidos, eles receberão automaticamente o valor correspondente às suas fichas e jogarão pelos outros 50% normais da prize pool. Ainda tomando o exemplo acima, vamos supor que o chip leader chegue à mesa final com 40k fichas. Nesse caso, simplesmente por ter chegado à FT, ele receberá $2.000, mas dessa vez sem ter que vender seu stack. Em outras palavras, até a mesa final, se você quiser vender suas fichas, pode fazê-lo, mas, uma vez na final table, você é pago sem perdê-las. Assim, quase ninguém as vende durante o torneio.

Essa é a razão por que afirmo que esse tipo de torneio é um pouco mais "justo", uma vez que, quem fez o melhor trabalho durante a disputa ganha bem, independentemente de dar ou não azar na mesa final e acabar caindo em 7º lugar, por exemplo.

O único problema que vejo nesse formato é que a prize pool normal acaba sendo não tão atraente diante do valor do buy-in, já que ela é gerada apenas pela metade da prêmiação e, como normalmente estamos acostumados a ter um 1º prêmio gordo, você pode acabar vencendo o torneio sem receber tanto dinheiro. Mas, de qualquer forma, achei bem interessante e penso que a fórmula pode ser utilizada em eventos maiores.




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