EDIÇÃO 27 » FIQUE POR DENTRO

Combate Mano a Mano: Brian ‘Stinger’ Hastings Perde Valor no River Contra Patrik Antonius


Craig Tapscott

Craig Tapscott: Que mesa fácil essa em que você se sentou...

Brian Hastings:
(Risos) Normalmente eu não jogaria three-handed com esses dois, pois eles são muito bem sucedidos, mas o jogo estava mais cheio e, quando ficou com apenas três, eu estava ganhando e me sentia confiante. Então eu decidi jogar mais. Essa mão foi contra Patrik, que eu acredito que seja um dos melhores jogadores de pot-limit Omaha do mundo.

CT: Há algum metagame acontecendo entre vocês?

BH:
O mais relevante em relação a Patrik é que eu já o tinha visto pagando apostas no river com cartas perigosas algumas vezes, e ele ganhou algumas delas. Mas essas mãos não foram contra mim.

Hastings aumenta para $1.800 do button com Q J 5 3. Tanto Antonius quanto Benyamine pagam.

CT: Esse é o raise padrão com essa mão contra esses oponentes?

BH:
Minha gama para abrir com um estoque efetivo de 200 big blinds é bastante ampla no button, e esse é um aumento bem padrão para mim. Mas eu poderia ter desistido caso estivéssemos jogando mais superficialmente e os blinds estivessem reaumentando com frequência.

Flop: K 6 4 (pote: $5.700)

Antonius e Benyamine dão check. Hastings aposta $4.800.

BH: Decidi apostar no flop quando pediram mesa, principalmente porque eu não espero tomar check-raise com muita frequência, tendo em vista o tamanho dos estoques.

CT: Como os estoques altos influenciam em sua decisão no flop?

BH: Com um estoque de 100 big blinds, eu daria check no flop, principalmente porque esperaria receber um check-raise com mais frequência de mãos como top pair mais flush draw com o rei, o nut flush draw e talvez dois pares, e eu não acho que poderia dar call lucrativamente num check-raise contra uma gama dessa natureza. Contudo, com 200 big blinds, eu espero tomar um check-raise de draws com bem menos frequência, a não ser que sejam muito fortes, como o nut flush draw e queda para as duas pontas. E as cartas na minha mão tornam essas mãos mais improváveis para meus oponentes. Executar check-raise com outros draws daria margem a muitas situações estranhas para meus oponentes com muito dinheiro ainda restando, então eu não esperava que isso ocorresse com muita frequência.

Antonius aumenta para $20.100.

CT: Ocorreu. Patrik parece nunca seguir o plano de um oponente.

BH: Sim. Eu tinha uma decisão muito difícil para tomar aqui.

CT: Em que mãos você o está colocando?

BH:
Eu esperava que ele desse check-raise principalmente com trincas, e com draws muito fortes como o nut-flush draw mais duas pontas, ou com dois pares e um flush draw. Eu preferia ter visto o K no bordo, pois ele eliminaria vários combos de flush draw que ele poderia ter, mas mesmo assim eu não esperava vê-los com muita frequência. E eu acho que, se ele tivesse a top set e o flush draw com o rei, ele em geral daria slowplay. Além disso, eu esperava ganhar muito caso acertasse as duas pontas. Eu resolvi usar minha posição e dar call. Foi um call meio agressivo, mas eu o achei bom.

Turn: A (pote: $45.900)
Antonius aposta $45.900.

CT: Call fácil aqui?

BH:
Como eu decidi dar call no flop, estou diante de um call no turn trivialmente fácil. O ás me dá mais alguns outs, pois um 10 agora me daria o nut straight.

River: 7 (pote: $137.700)
Antonius pede mesa.

CT: Nessa situação, você dá check depois dele ou empurra?

BH:
Bem, eu tenho cerca de uma aposta de meio pote em meu estoque.

Primeiro, vou dizer meu raciocínio com as razões para empurrar:

1. Eu melhorei minha mão para o quarto nut flush (e também tenho um blocker de straight e flush). Essa é uma mão bastante forte, embora eu não ache muito provável que ela seja tão diferente de um flush com um três como maior carta ou mesmo uma sequência aqui. Acredito que a gama de Patrik consiste em sua maioria de trincas, ocasionalmente grandes flushes e quase nunca flushes menores que o meu.
2. Se Patrik tivesse um flush melhor que o meu, ele em geral teria empurrado no river para tentar fazer com que eu pagasse com mãos (flushes pequenos e sequências) com as quais eu daria call com mais frequência do que apostaria eu mesmo. Portanto, embora seja possível que ele esteja fazendo slowplay aqui, eu acho improvável.
3. Patrik tem odds de 3-1 para dar call num shove, então, embora o bordo tenha fica perigoso, ele pode se sentir compelido a pagar uma aposta com uma trinca. Eu já o tinha visto dar calls similares algumas vezes antes.

CT: E para dar check?
BH:
1. Bem, a carta do river talvez seja a pior do baralho para uma trinca. Apesar das odds de Patrik para dar call num empurrão no river, parece extremamente improvável que uma trinca seja a melhor mão agora, então é provável que Patrik desse fold.

2. Patrik poderia estar armando contra mim com um flush maior. Embora eu considere isso pouco provável, é uma possibilidade. Para a aposta ter EV+ [valor esperado positivo], seria preciso que ele pagasse mais frequentemente com uma mão pior que a minha do que ele pagaria com uma mão melhor. Se ele fizesse slowplay com grandes flushes e desistisse com trincas suficientes diante de uma bet, apostar não tem VE+.

Hastings dá check. Antonius mostra K K 9 2. Hastings ganha o pote de $137.700 com um flush com valete.

CT: Você me disse que tinha uma ótima mão de pot-limit Omaha para esta coluna porque achava que seu jogo era discutível em vários pontos, e que, ao revisá-lo, você sentiu que não tinha jogado de forma ideal. O que deu errado?

BH:
Em retrospecto, acredito que dar check no river foi a jogada correta. O motivo principal foi essa 2ª “razão para dar shove”. Eu acho que fiquei meio paralisado na hora, mas depois de refletir sobre a mão, realmente acredito que ele teria empurrado se tivesse formado o nut flush no river ou o segundo nut flush. Ele sabe que eu tenho um draw e que jamais posso desistir com 3-1 contra um shove, dada a ação. Supondo que isso seja verdade, uma aposta no river realmente não acarreta nenhum risco, assim, mesmo que ele pague apenas 5% das vezes em que tiver uma trinca, eu estarei lucrando massivamente, e acho que ele provavelmente paga com mais frequência do que isso.

Brian Hastings, de 21 anos, está cursando o último ano de faculdade na Cornell University. Ele é um jogador frequente nas mesas de pot-limit Omaha high-stakes do Full Tilt, e de vez em quando também joga no-limit hold’em high-stakes, mixed games e torneios multi-table. Ele recentemente ficou em segundo lugar em um evento com buy-in de $2.500 do FTOPS, faturando $297.500. Ele também é instrutor do Cardrunners.com




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×