EDIÇÃO 26 » COLUNA INTERNACIONAL

Algumas Mãos Chave

World Series of Poker


Todd Brunson

Em qualquer torneio, certas mãos chave vão aparecer na metade do caminho, quando os limites se tornam significativos, em direção ao final. Não importa quão bem você jogue, se você não ganhar uma parcela dessas mãos, não poderá vencer um torneio, ponto final. Eis algumas de minhas mãos durante a World Series of Poker 2009.

No início da WSOP, resolvi computar os grandes potes ou grandes mãos em que eu tive sorte. Comecei um tópico na seção de notas do meu iPhone. Ao final do torneio, adivinhe quantas notas eu tinha. Uma (risos). Mas foi uma boa, e eu tirei vantagem dela, pois estava me aproximando da mesa final do Campeonato Mundial de limit hold’em de $10.000 antes de passar a receber apenas cartas ruins.

Eu acabei em 14º quando Maria Ho me eliminou ao tribetar em um multipote com 8 4 quando eu tinha J 9. Duas cartas de copas vieram no flop e Maria ganhou um pote enorme com um par de oitos (e de alguma forma não fez a mesa final apesar de todas essas fichas). Independentemente disso, eis a mão que me levou tão longe.

Eu estava no big blind com 6-5 offsuit. O jogador under the gun aumentou e quase todos os jogadores, com exceção de um ou dois, pagaram. Eu paguei, naturalmente, e o flop veio K-8-4 com duas cartas de paus, o que me deu uma queda para a gaveta. Ambos os blinds deram check, assim como havia aumentado primeiro. O jogador que falou em seguida deu call, assim como o resto da mesa, incluindo eu. O primeiro a dar raise chegou ao máximo de apostas (cap), e todo mundo pagou.

O turn trouxe um 7 offsuit, o que me deu o nuts. Sabendo que o que aumentou a minha esquerda tinha uma grande mão, eu estava confiante de que poderia dar check-raise e pegar alguns aventureiros. Bem, minha armadilha funcionou: na verdade, eu mal acreditei no quanto ela deu certo. Quando dei check-raise, ele aumentou. Quando eu reaumentei, ele fez a colocou a aposta máxima.

Esse cara era definitivamente um herege, e eu tinha capturado mais alguns em minha armadilha. Um cara tinha um flush draw e o herege tinha uma trinca de oitos, então eu tinha que escapar não só de uma carta de paus, mas também de um bordo com par virado.

Bem, eu precisava evitar cerca de 40% do baralho, o que soa péssimo, mas 60% das cartas viriam em meu benefício. Quando você leva em consideração que eu era azarão em 10-1 no flop, o river parecia um passeio no parque. Eu escapei do desastre no final e ganhei esse pote enorme, que fez com que eu ficasse ITM.

Se eu tivesse conseguido um par ou completado meu flush contra Maria, eu teria entrado na mesa final (que teria sido minha segunda em pouco mais de uma semana).

Outra mão como essa ocorreu no torneio do torneio de Omaha eight-or-better de $1.500. Éramos apenas 80 jogadores e já estávamos ITM quando essa mão aconteceu:

Mais uma vez, havia uns 15 jogadores nesse pote, o que era pouco usual, pois havia apenas 10 jogadores na mesa. (Eu não preciso dizer que estou brincando, mas...) Eu tinha A-3-5-K com o A e outra carta de paus. Eu acho que o pote tinha sido tribetado pré-flop, então estava muito suculento.

O flop veio 9-7-2 com duas de paus! Eu tinha flopado o nut flush draw e o nut low draw com um backup (o 5 é um backup, caso um ás ou um 3 apareçam). Bem, cinco jogadores colocaram a aposta máxima aqui. O que esses gênios tinham eu não sei!

O turn trouxe um valete offsuit e agora eu tinha me tornado um caller, com dois caras apostando o máximo comigo em posição intermediária. Um jogador foi all-in na metade da ação no turn, deixando o resto de nós na disputa pelo river. E foi aqui que eu acho que cometi um erro.

O river trouxe o 3, prejudicando meu nut low, mas ainda me dando o segundo nut low. Os dois caras que tinham apostado o valor máximo no turn agora deram check, e cabia a mim apostar. Como um jogador estava all-in, havia apenas um oponente ativo depois de mim. Decidi dar check, e o último cara apostou.
Ambos os outros pagaram, assim como eu. O apostador mostrou o nut low, A-4, com duas outras cartas irrelevantes (ótima mão, senhor). Ele tinha chegado até ali com um draw que tinha como outs apenas os dois três remanescentes. O cara em all-in tinha A-3, assim como eu. O primeiro jogador tinha flopado uma trinca de noves (top set) e o outro mostrou três valetes. Eu não ganhei nada com meu flush perdido e meu segundo nut low.

Agora, meu erro: quando ambos os primeiros jogadores que apostaram o máximo no turn deram check no river quando o low apareceu, ficou óbvio que ambos tinham mãos high. O jogador depois de mim não poderia ter o nut low a não ser que antes tivesse o nut low draw (o que era muito improvável). Portanto, meu segundo nut low deveria ser bom o suficiente para levar metade do pote aqui. Caso ele tivesse mesmo o nut low (que ele tinha), não aumentaria, daria apenas call. Eu então perderia uma bet aqui.

Eu não posso passar e ter que pagar. Ele não vai apostar a não ser que me tenha derrotado, mas não vai dar raise. Ao final isso não importou, mas economizar e ganhar pequenas bets extras como essa é o que separa os grandes jogadores dos bons jogadores.




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