EDIÇÃO 22 » FIQUE POR DENTRO

Combate Mano a Mano: Corwin ‘[vital]Myth’ Cole Reavalia um Raise que se Deu Mal no River


Craig Tapscott e Corwin Cole

Quer jogar mãos reais de poker com os jogadores de maior sucesso da Internet? Nesta série, a Card Player oferece análises de mãos com os maiores talentos do poker online.

Craig Tapscott: É o começo de um grande evento e a dinâmica na mesa inicial é muito importante. Explique-a para nós.

Corwin Cole: Estamos em 10, e os jogadores relevantes são:

Vilão1: É um completo fish, bastante loose e gastador, vomitando muitas fichas mas ganhando-as de volta com fases muito boas.

Vilão2: Está jogando quase igual ao Vilão1.

Eu: Estou jogando com relativa agressividade, mas não muito loose, pois quatro bons jogadores têm posição sobre mim. Tenho ganhado solidamente até agora, tendo mostrado recentemente um full house para levar um bom pote do Vilão1.

Jon “pokertrip” Friedberg: Eu não sei quem ele é ainda. Sei apenas que se trata de um competente jogador online. Tem jogado de modo bastante tight e honesto até aqui.

Vilão1 e Vilão2 entram de limp de UTG e UTG+1, respectivamente. Cole entra de limp com A2 de posição intermediária. Friedberg aumenta para 2.400. Vilão1 e Vilão2 pagam.

CT: Pelos seus vídeos da CardRunners, sei que você sempre tem um plano. Então...

CC: Eu achei que Friedberg provavelmente tivesse uma mão forte, como um par médio ou grande, um ás com outra carta alta ou duas cartas altas do mesmo naipe. Ele tem sido tight e honesto, e seria uma perda de tempo inchar o pote com uma mão fraca ou especulativa, pois ele não tinha possibilidade de ganhar sem ver o flop. Ambos os jogadores loose na frente devem ter uma ampla gama de mãos fracas.

CT: Que leitura adicional você tem da situação para ir além com ás e dois do mesmo naipe?

CC: Eu tive que examinar os tipos de bordos que poderiam me beneficiar, e o que eu iria fazer com minha mão quando isso ocorresse. Se nada além de um ás surgisse, achei que teria boas chances de superar Friedberg, com ele segurando algo como J-J. Mas ele também poderia ter ases maiores. Estimei que teria uma perda mínima contra Friedberg se acertasse um ás. De maneira similar, ambos os jogadores loose na minha frente estavam jogando efetivamente com suas cartas viradas para cima, deixando óbvio o que tinham.

Se eu flopasse algo grande, como dois pares ou coisa melhor, achei que com três outras pessoas no pote, uma delas provavelmente já teria uma grande mão, e com duas delas sendo loose e gastadoras, parecia uma boa oportunidade para ser bem pago. Eu estava otimista quanto a minha habilidade de ganhar um grande pote caso flopasse um monstro. Parte disso veio de minha posição relativa na esperada ação do flop.

Não importa o que vier no flop, seria muito difícil que os dois jogadores loose pedissem mesa, eu pediria mesa, Friedberg apostaria com sua mão forte, e nenhum ou ambos dos caras loose permaneceriam com uma mão ruim. Nesse momento, eu poderia aumentar para tornar mais fácil jogar um grande showdown e ganhar muitas fichas, caso eu tivesse o flop certo para o plano.

Finalmente, se eu não aproveitasse nada do flop, ainda poderia ganhar um bom pote. Se o bordo parecesse perigoso para uma mão como Q-Q, Friedberg provavelmente não aguentaria muita pressão.
Cole paga.
Flop: A 8 7 (pote: 10.200)

CC: Se Friedberg tiver um bom par menor que ases, ele provavelmente apostaria uma vez e pediria mesa duas. Se tiver um ás com um bom kicker, provavelmente apostaria duas vezes e pediria mesa uma.

Vilão1 e Vilão2 ambos pedem mesa. Cole pede mesa. Friedberg aposta 4.600. Vilão1 e Vilão2 desistem.
Cole paga 4.600.

CC: Caso eu me deparasse com uma aposta no turn, daria fold a não ser que tivesse um flush draw. Se o turn melhorasse minha mão, trazendo um ás ou um dois, começaria a apostar pelo valor, já que não posso esperar que Friedberg blefe caso eu peça mesa. Finalmente, se ambos pedirmos mesa no turn e o river provavelmente não tiver dado a Friedberg dois pares ou melhor, eu darei check-raise contra uma aposta pequena, pois concluí que ele largaria A-10 diante de A-K se eu representasse isso com força.
Turn: 5 (pote: 19.400)

CC: O 5 completou uma possível queda para sequência nas duas pontas com 9-6, que, aos olhos de Friedberg, eu poderia ter. Isso me encorajou a proceder conforme planejado e dar um check-raise blefando em vários rivers se ambos pedirmos mesa no turn.
Ambos os jogadores pedem mesa.
River: 9 (pote: 19.400)
Cole pede mesa. Friedberg aposta 7.100. Cole aumenta para 19.800.

CC: Colocando-o em uma mão como A-Q e achando que eu poderia facilmente representar uma variedade de mãos melhores, aumentei. Isso tornou a aposta relativamente barata para ele pagar, mas eu estava tentando fazer com que ele desistisse de mãos que devem parecer um lixo diante da ação ao longo da mão. Não achei que precisasse tornar caro, diante do tipo exato de mão que eu queria que ele descartasse. Depois de vários minutos de deliberação...
Friedberg paga.

CC: Eu imediatamente revelei A 2 como se fosse o nuts, pois é isso que eu sempre faço, mesmo quando sou pego blefando descaradamente. Friedberg revelou 9 8, dois pares.
Friedberg ganha o pote de 59.000.

CT: Quando o plano deu errado? Você pode reavaliar seu raciocínio para nós?

CC: Antes do flop, achei que Friedberg não poderia ter uma mão como 9-8 offsuit. Se ele tivesse mãos assim, também poderia ter mãos com um 6, o que significaria que eu estaria tentando blefar contra uma sequência no river às vezes, e também estaria tentando blefar contra dois pares mais frequentemente. Tudo isso torna meu plano horrível, antes do flop e ao longo do caminho. Hoje, eu ainda fico perplexo diante do aumento pré-flop dele e não concordo com isso, mas esse movimento fez com que eu cometesse um erro simples que me levou a uma bola de neve que me custou muitas fichas. Acho que minha jogada seria correta se e apenas se minha leitura tivesse sido correta.

Durante o intervalo para o jantar, discuti a mão com Jimmy “Gobboboy” Fricke. Ele comentou que achou essa uma das piores mãos que ele viu na vida, e ficou surpreso quando eu lhe disse que a tinha jogado. Expliquei meu raciocínio para ele, que apontou que eu tinha subestimado a propensão que jogadores da internet têm de fazer “calls heróicos”. Se eu realmente achasse que meu aumento no river para 19.800 faria Friedberg largar A-K, eu tinha pouca experiência em tentar fazer blefes substanciais em jogadores como ele, e em vez disso precisaria ter executado um blefe maior ou simplesmente não ter blefado.

Corwin Cole trabalha como coach e produtor de vídeos para a CardRunners. Ele ensina teoria e estratégia de no-limit hold’em tanto em torneios quanto em cash games, com uma variedade de abordagens. Ele enfatiza fundamentalmente a adaptabilidade, a criatividade e a manutenção da autoconfiança.




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